Diversidade Genética e reconhecimento imune de proteínas de superfície de merozoítos de plasmodium falciparum (MSP-1 e MSP-2) em indivíduos expostos à malária no Brasil.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Kezia Katiani Gorza Scopel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/SAGF-769NME
Resumo: ResumoUma das características da maioria dos antígenos de estágios extracelulares dos plasmódios é a presença de regiões repetitivas contendo epitopos imunodominantes. As duas proteínas de superfície de merozoítos de Plasmodium falciparum candidatas à vacina, MSP-1 e MSP-2, representam exemplos desses antígenos. Em regiões de elevada endemicidade, a diversidade genética dessas proteínas tem sido descrita como fator limitante para a rápida aquisição de imunidade protetora, além de ter implicações no desenvolvimento e eficiência de vacinas. Entretanto, este tema tem sido pouco abordado em regiões de transmissão instável como as áreas endêmicas brasileiras. No presente estudo, avaliou-se a distribuição de subclasses de IgG anti-MSP-1 e anti-MSP-2 em indivíduos provenientes de duas regiões endêmicas na Amazônia brasileira, correlacionando-a à diversidade genética apresentada pelos isolados naturais de P. falciparum. Em indivíduos provenientes de um estudo seccional conduzido no Garimpo Satélite (Apiacás-MT), níveis similares de subclasses de IgG que reconhecem o bloco 17 conservado (PfMSP-119) e o bloco 2 polimórfico (famílias alélicas MAD20, K1 e RO33) da MSP-1 foram observados, independente da expressão clínica da doença (sintomáticas ou assintomáticas). A associação entre o perfil de anticorpos anti-MSP-1 (blocos 2 e 17) e o tempo de exposição em área endêmica não foi observada entre os grupos de indivíduos avaliados. Sete diferentes haplótipos relacionados ao bloco 2 foram detectados entre os isolados naturais de P. falciparum seqüenciados, sugerindo uma limitada diversidade genética entre as populações de parasito circulantes na região. O perfil da resposta de subclasses anti-MSP2 também foi investigado. É interessante observar que uma característica marcante da resposta humoral observada para antígenos que integram a porção polimórfica da MSP-2 (bloco 3/ famílias alélicas FC27 e 3D7) foi a polarização para IgG3, também observada para antígenos do bloco 2 da MSP-1. Essa polarização parece associar-se a características inerentes aos epitopos imunogênicos, sendo pouco influenciada pelo grau de exposição à malária (tempo de exposição em área endêmica), idade e presença de infecção patente por P. falciparum. Outra observação interessante diz respeito à ausência de associação entre a família alélica infectante e a resposta de subclasses específicas. Uma provável explicação para este fato é a ocorrência do fenômeno imunológico denominado clonal imprinting (ou impressão clonal) no qual espera-se que freqüentes reinfecções com populações geneticamente distintas de parasitos induzam um aumento nos níveis de anticorpos preexistentes, mas não a produção de anticorpos com novas especificidades. Essa hipótese foi testada em um estudo longitudinal conduzido entre 35 indivíduos residentes em uma comunidade rural do estado do Acre (Ramal do Granada-Acrelândia) por um período de 15 meses. A detecção dos níveis de anticorpos anti-MSP-2 antes, durante e/ou após a exposição de cada indivíduo aos parasitos locais foi avaliada durante o seguimento. No ponto inicial do estudo, 16 indivíduos não infectados mas, reportando episódios passados de malária, falharam em reconhecer três diferentes variantes antigênicas que integram a família alélica 3D7. Entretanto, durante a infecção com parasitos 3D7, seis indivíduos passaram a apresentar anticorpos família-específicos, o que contraria a idéia de ocorrência de impressão clonal. Além disso, antígenos que representam a família alélica FC27 foram predominantemente reconhecidos na linha de base do estudo (n=356), havendo expressiva reatividade cruzada de anticorpos variante-específicos que integram essa família. Ao contrário do observado para a família 3D7, os anticorpos anti-FC27 permaneceram estáveis durante o seguimento, sugerindo uma produção dependente de células T e, portanto, com indução de memória imunológica. Entretanto, esses anticorpos específicos não protegeram os indivíduos de uma nova infecção por parasitos homólogos. Nossos estudos apontam para a real necessidade de se pesquisar a reposta imune contra antígenos polimórficos candidatos à vacina antimalárica em diferentes realidades epidemiológicas.
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No presente estudo, avaliou-se a distribuição de subclasses de IgG anti-MSP-1 e anti-MSP-2 em indivíduos provenientes de duas regiões endêmicas na Amazônia brasileira, correlacionando-a à diversidade genética apresentada pelos isolados naturais de P. falciparum. Em indivíduos provenientes de um estudo seccional conduzido no Garimpo Satélite (Apiacás-MT), níveis similares de subclasses de IgG que reconhecem o bloco 17 conservado (PfMSP-119) e o bloco 2 polimórfico (famílias alélicas MAD20, K1 e RO33) da MSP-1 foram observados, independente da expressão clínica da doença (sintomáticas ou assintomáticas). A associação entre o perfil de anticorpos anti-MSP-1 (blocos 2 e 17) e o tempo de exposição em área endêmica não foi observada entre os grupos de indivíduos avaliados. Sete diferentes haplótipos relacionados ao bloco 2 foram detectados entre os isolados naturais de P. falciparum seqüenciados, sugerindo uma limitada diversidade genética entre as populações de parasito circulantes na região. O perfil da resposta de subclasses anti-MSP2 também foi investigado. É interessante observar que uma característica marcante da resposta humoral observada para antígenos que integram a porção polimórfica da MSP-2 (bloco 3/ famílias alélicas FC27 e 3D7) foi a polarização para IgG3, também observada para antígenos do bloco 2 da MSP-1. Essa polarização parece associar-se a características inerentes aos epitopos imunogênicos, sendo pouco influenciada pelo grau de exposição à malária (tempo de exposição em área endêmica), idade e presença de infecção patente por P. falciparum. Outra observação interessante diz respeito à ausência de associação entre a família alélica infectante e a resposta de subclasses específicas. Uma provável explicação para este fato é a ocorrência do fenômeno imunológico denominado clonal imprinting (ou impressão clonal) no qual espera-se que freqüentes reinfecções com populações geneticamente distintas de parasitos induzam um aumento nos níveis de anticorpos preexistentes, mas não a produção de anticorpos com novas especificidades. Essa hipótese foi testada em um estudo longitudinal conduzido entre 35 indivíduos residentes em uma comunidade rural do estado do Acre (Ramal do Granada-Acrelândia) por um período de 15 meses. A detecção dos níveis de anticorpos anti-MSP-2 antes, durante e/ou após a exposição de cada indivíduo aos parasitos locais foi avaliada durante o seguimento. No ponto inicial do estudo, 16 indivíduos não infectados mas, reportando episódios passados de malária, falharam em reconhecer três diferentes variantes antigênicas que integram a família alélica 3D7. Entretanto, durante a infecção com parasitos 3D7, seis indivíduos passaram a apresentar anticorpos família-específicos, o que contraria a idéia de ocorrência de impressão clonal. Além disso, antígenos que representam a família alélica FC27 foram predominantemente reconhecidos na linha de base do estudo (n=356), havendo expressiva reatividade cruzada de anticorpos variante-específicos que integram essa família. Ao contrário do observado para a família 3D7, os anticorpos anti-FC27 permaneceram estáveis durante o seguimento, sugerindo uma produção dependente de células T e, portanto, com indução de memória imunológica. Entretanto, esses anticorpos específicos não protegeram os indivíduos de uma nova infecção por parasitos homólogos. Nossos estudos apontam para a real necessidade de se pesquisar a reposta imune contra antígenos polimórficos candidatos à vacina antimalárica em diferentes realidades epidemiológicas.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGErika Martins BragaMarcelo Urbano FerreiraMaria Regina D Imperio LimaMauricio Martins RodriguesLuzia Helena CarvalhoRodrigo Correa de OliveiraKezia Katiani Gorza Scopel2019-08-14T18:22:37Z2019-08-14T18:22:37Z2007-05-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/1843/SAGF-769NMEinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMG2019-11-14T18:50:41Zoai:repositorio.ufmg.br:1843/SAGF-769NMERepositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oairepositorio@ufmg.bropendoar:2019-11-14T18:50:41Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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