A contemporaneidade de Helena Antipoff na fala dos meninos e meninas do sertão

• Ano de defesa: 2002
• Autor(a) principal: Maria Cleonice Mendes de Souza
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais; UFMG
• Palavras-chave em Português: Ensino Fundamental de escolas públicas e particulares situadas em Montes Claros; Fala; Infancia Aspectos sociais; Memória; Educação
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/FAEC-85CHCZ

Esta investigação tem como objetivo conhecer e compreender os ideais e interesses de crianças que, no ano letivo de 2001, estavam matriculadas na 4ª série do Ensino Fundamental de escolas públicas e particulares situadas em Montes Claros, município ao norte do Estado de Minas Gerais. Pesquisas pioneiras, buscando identificar os ideais e interesses de crianças residentes na cidade de Belo Horizonte foram realizadas por Helena Antipoff, no período compreendido entre 1929 e 1944, e por Regina Helena de Freitas Campos, em 1993 e 1998, de onde deriva a formulação metodológica do presente trabalho. Estudos de Edouard Claparède e de Helena Antipoff dão suporte ao viés teórico que busca, nesta pesquisa, compreender a questão subjetiva da motivação da criança, numa realidade de espaço e de tempo que abrange as modificações sociais, econômicas, políticas, culturais e urbanas que ocorrem no Brasil, ao longo de 60 anos, e que são detectadas a partir do que falam as crianças de Belo Horizonte e de Montes Claros. Fundamentalmente o estudo busca comparar os ideais e interesses das crianças pesquisadas no município de Montes Claros no ano letivo de 2001 com as crianças de Belo Horizonte, pesquisadas entre 1929 e 1934, e nos anos de 1990, detectando semelhanças e diferenças. Nesta pesquisa, que é comparativa, utilizou- se a mesma metodologia aplicada por Antipoff e Campos, sendo aplicados questionários a crianças das 4ª s séries fundamentais de três escolas públicas e duas particulares sediadas na cidade de Montes Claros. Foram preservadas neste trabalho, as mesmas questões utilizadas nos estudos anteriores. Os dados obtidos foram organizados de acordo com as mesmas categorias de análise utilizadas previamente nas pesquisas realizadas em Belo Horizonte. Visando permitir a comparação local e observar o processo de construção social do imaginário infantil, este trabalho traz, ainda, seis entrevistas feitas junto a adultos residentes em Montes Claros que, nas décadas de 1930/40, cursavam a 4ª série primária. Utilizando a memória e a evocação do seu tempo de criança, os adultos responderam através de entrevistas, as mesmas questões aplicadas às crianças, de forma a se conhecer os ideais e interesses de crianças montesclarenses nas décadas de 1930 e 1940 do século passado. Dentre as percepções que esta pesquisa permitiu observar, confirmou-se a existência indistinta de valores, interesses e ideais que permeiam o lúdico e o imaginário da infância, a grande interferência dos meios de comunicação nos sonhos e desejos de meninos e meninas, as similaridades entre ideais e interesses masculinos e femininos, como também a significativa identificação que têm as crianças com modelos globais, distanciados da família. No cômputo geral, os ideais e interesses das crianças neste início de século XXI estão ligados ao que determina a mídia. A televisão tem comandado os sonhos e desejos das crianças, tanto de meninos quanto de meninas. Os resultados desta pesquisa, suas generalidades, especificidades, aproximações e diferenças sinalizam também e, fundamentalmente, para a percepção de que a Pedagogia e a Psicologia são instrumentos acadêmicos que podem mediar a construção de novos conhecimentos a respeito da criança de Minas Gerais num aspecto genérico, mas, especialmente, tornando nítidos os desejos e os interesses das crianças dos municípios de Belo Horizonte e de Montes Claros.