Acesso aos serviços de saúde bucal no Brasil: desigualdades na utilização e fatores associados à oferta de atenção secundária

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Galvão, Maria Helena Rodrigues
Orientador(a): Oliveira, Angelo Giuseppe Roncalli da Costa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27686
Resumo: O objetivo do presente estudo foi avaliar a influência dos determinantes socioeconômicos no acesso aos serviços odontológicos no Brasil, sob a perspectiva da utilização e disponibilidade, considerando duas estratégias analíticas: (a) a desigualdade na utilização dos serviços odontológicos relacionada à renda na população brasileira a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) e a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) no ano de 2013 (b) a associação entre os indicadores sociais e de organização dos serviços de saúde dos municípios e a disponibilidade de serviços nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), a partir dos dados do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ-CEO). A primeira abordagem consiste em um estudo de painéis repetidos, com análise de dados secundários provenientes de estudos seccionais de base domiciliar. Foram selecionados os dados das PNAD 1998, 2003 e 2008, e os dados da PNS 2013. As variáveis dependentes foram “Já teve acesso à consulta odontológica alguma vez na vida” e “Última consulta odontológica realizada a 3 anos ou mais”. A variável independente selecionada foi “Rendimento per capita domiciliar em salários mínimos”. Com a finalidade de avaliar a desigualdade em saúde para os desfechos avaliados, foram utilizados índices complexos de avaliação de desigualdade em saúde baseados em regressão, o Coeficiente Angular de Desigualdade (CAD) e o Coeficiente Relativo de Desigualdade (CRD). A segunda abordagem trata-se de um estudo ecológico, com amostra de 776 municípios brasileiros que participaram do 1° ciclo do PMAQ-CEO realizado no ano de 2014. As variáveis dependentes do estudo consistiram no número de profissionais e carga horária semanal de cirurgiões-dentistas atuando nas especialidades mínimas por 10.000 habitantes. Realizou-se uma análise de componentes principais para a criação de um escore para mensurar o desempenho dos municípios quanto à disponibilidade de serviços odontológicos especializados. A fim de avaliar os fatores associados ao desempenho dos municípios, utilizou-se o teste do Qui-quadrado de Pearson, tendo como variáveis independentes os seguintes indicadores municipais categorizados em tercis: renda per capita, Índice de Desenvolvimento Humano, índice de Gini, população residente, despesa total com saúde por habitante e Equipes de Saúde Bucal por 10.000 habitantes. Como principais resultados, observou-se uma redução na diferença absoluta no percentual de ausência de acesso entre os indivíduos com maior e menor renda. A diferença absoluta para a ausência de acesso dentre os grupos passou de 10,92% em 1998 para 7,61% em 2013. Para a ausência de acesso nos últimos 3 anos, os valores reduziram de 48,19% em 1998 para 26,98% em 2013. Também se observou uma redução da desigualdade relativa quanto à renda para ambos os desfechos. Com relação à segunda abordagem, o desempenho ótimo quanto à disponibilidade de serviços especializados em saúde bucal foi observado em municípios com menor porte populacional (67,3%), com menor IDHM (41,9%) e com menor renda per capita (41,2), maior média de equipes de saúde bucal por 10.000 habitantes (50,6%), maior média de cadeiras do CEO por 10.000 habitantes (66,3%). Conclui-se que houve uma redução das desigualdades quanto à renda no acesso a consulta odontológica com o passar dos anos analisados, embora se mantenha em níveis preocupantes. Os municípios com piores indicadores socioeconômicos e com melhor organização dos serviços de saúde bucal obtiveram melhor desempenho quanto à disponibilidade de serviços odontológicos especializados. Os resultados demonstram o avanço obtido a partir da Política Nacional de Saúde Bucal, entretanto existem desafios a serem superados para a efetivação dos pressupostos desta política, particularmente no que diz respeito à desigualdade.
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spelling Galvão, Maria Helena RodriguesForte, Franklin Delano SoaresCeleste, Roger KellerOliveira, Angelo Giuseppe Roncalli da Costa2019-09-09T20:46:24Z2019-09-09T20:46:24Z2019-06-27GALVÃO, Maria Helena Rodrigues. Acesso aos serviços de saúde bucal no Brasil: desigualdades na utilização e fatores associados à oferta de atenção secundária. 2019. 55f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27686O objetivo do presente estudo foi avaliar a influência dos determinantes socioeconômicos no acesso aos serviços odontológicos no Brasil, sob a perspectiva da utilização e disponibilidade, considerando duas estratégias analíticas: (a) a desigualdade na utilização dos serviços odontológicos relacionada à renda na população brasileira a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) e a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) no ano de 2013 (b) a associação entre os indicadores sociais e de organização dos serviços de saúde dos municípios e a disponibilidade de serviços nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), a partir dos dados do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ-CEO). A primeira abordagem consiste em um estudo de painéis repetidos, com análise de dados secundários provenientes de estudos seccionais de base domiciliar. Foram selecionados os dados das PNAD 1998, 2003 e 2008, e os dados da PNS 2013. As variáveis dependentes foram “Já teve acesso à consulta odontológica alguma vez na vida” e “Última consulta odontológica realizada a 3 anos ou mais”. A variável independente selecionada foi “Rendimento per capita domiciliar em salários mínimos”. Com a finalidade de avaliar a desigualdade em saúde para os desfechos avaliados, foram utilizados índices complexos de avaliação de desigualdade em saúde baseados em regressão, o Coeficiente Angular de Desigualdade (CAD) e o Coeficiente Relativo de Desigualdade (CRD). A segunda abordagem trata-se de um estudo ecológico, com amostra de 776 municípios brasileiros que participaram do 1° ciclo do PMAQ-CEO realizado no ano de 2014. As variáveis dependentes do estudo consistiram no número de profissionais e carga horária semanal de cirurgiões-dentistas atuando nas especialidades mínimas por 10.000 habitantes. Realizou-se uma análise de componentes principais para a criação de um escore para mensurar o desempenho dos municípios quanto à disponibilidade de serviços odontológicos especializados. A fim de avaliar os fatores associados ao desempenho dos municípios, utilizou-se o teste do Qui-quadrado de Pearson, tendo como variáveis independentes os seguintes indicadores municipais categorizados em tercis: renda per capita, Índice de Desenvolvimento Humano, índice de Gini, população residente, despesa total com saúde por habitante e Equipes de Saúde Bucal por 10.000 habitantes. Como principais resultados, observou-se uma redução na diferença absoluta no percentual de ausência de acesso entre os indivíduos com maior e menor renda. A diferença absoluta para a ausência de acesso dentre os grupos passou de 10,92% em 1998 para 7,61% em 2013. Para a ausência de acesso nos últimos 3 anos, os valores reduziram de 48,19% em 1998 para 26,98% em 2013. Também se observou uma redução da desigualdade relativa quanto à renda para ambos os desfechos. Com relação à segunda abordagem, o desempenho ótimo quanto à disponibilidade de serviços especializados em saúde bucal foi observado em municípios com menor porte populacional (67,3%), com menor IDHM (41,9%) e com menor renda per capita (41,2), maior média de equipes de saúde bucal por 10.000 habitantes (50,6%), maior média de cadeiras do CEO por 10.000 habitantes (66,3%). Conclui-se que houve uma redução das desigualdades quanto à renda no acesso a consulta odontológica com o passar dos anos analisados, embora se mantenha em níveis preocupantes. Os municípios com piores indicadores socioeconômicos e com melhor organização dos serviços de saúde bucal obtiveram melhor desempenho quanto à disponibilidade de serviços odontológicos especializados. Os resultados demonstram o avanço obtido a partir da Política Nacional de Saúde Bucal, entretanto existem desafios a serem superados para a efetivação dos pressupostos desta política, particularmente no que diz respeito à desigualdade.The aim of this study was to evaluate the influence of socioeconomic determinants on access to dental services in Brazil, from a perspective of use and availability, considering two analytical strategies: (a) inequality in the use of dental services related to income in the Brazilian population based on data from the National Household Sample Survey (PNAD from the Portuguese acronym) for the years 1998, 2003 and 2008 and the National Health Survey (PNS from the Portuguese acronym) in the year 2013 (b) the association between the social indicators and the organization of the health services of the municipalities and the availability of services in the Specialized Dental Facilities (CEO from the Portuguese acronym), based on data from the Nacional Program for Access and Quality Improvement (PMAQ-CEO from the Portuguese acronym). The first approach consists of a study of repeated panels, with analysis of secondary data from home-based sectional studies. Data from the 1998, 2003 and 2008 PNADs and the data from the PNS 2013 were selected. The dependent variables were: "Already had access to dental consultation ever in life" and "Last dental consultation performed 3 years or more". The independent variable selected was "Household per capita income in minimum wages". In order to evaluate the health inequality for the evaluated outcomes, were used complex indices of evaluation of health inequality based on regression, the Slope Index of Inequality and the Relative Index of Inequality. The second approach is an ecological study, with a sample of 776 Brazilian municipalities that participated in the first cycle of the PMAQCEO in 2014. The dependent variables of the study consisted of the number of professionals and the weekly workload of surgeons- dentists working in the minimum specialties per 10,000 inhabitants. An analysis of the main components was carried out to create a score to measure the performance of municipalities regarding the availability of specialized dental services. In order to evaluate the factors associated to the performance of the municipalities, the Pearson Chi-square test was used, with the following municipal variables categorized as tertiles: per capita income, Human Development Index, Gini index, population resident, total health expenditure per inhabitant, Oral Health Teams per 10,000 inhabitants, and number of CEO chairs per 10,000 inhabitants. As main results, there was a reduction in the absolute difference in the percentage of the absence of access among individuals with higher and lower income. The absolute difference for the absence of access from the groups spend from 10.92% in 1998 to 7.61% in 2013. For the absence of access in the last 3 years, the values decreased from 48.19% in 1998 to 26, 98% in 2013. There was also a reduction in relative inequality in terms of income for both outcomes. Regarding the second approach, the better performance regarding the availability of specialized oral health services was observed in municipalities with a lower population size (67.3%), with lower HDI (41.9%) and lower per capita income (41,2%), the highest average of oral health teams per 10,000 inhabitants (50.6%), the highest average of CEO chairs per 10,000 inhabitants (66.3%). It was concluded that there was a reduction in the inequalities in access to dental consultation over the years, although it remains at levels of concern. The municipalities with the worst socioeconomic indicators and better organization of the oral health services obtained better performance regarding the availability of specialized dental services. The results demonstrate the progress obtained from the National Policy on Oral Health, however, there are challenges to be overcome of the effectiveness of the assumptions of this policy, particularly with regard to inequality.CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVAServiços de sáude bucalAcesso aos serviços de saúdeAvaliação do acesso e da qualidade da assistência à saúdeAcesso aos serviços de saúde bucal no Brasil: desigualdades na utilização e fatores associados à oferta de atenção secundáriainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVAUFRNBrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALAcessoserviçossaúde_Galvão_2019.pdfapplication/pdf1497345https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/27686/1/Acessoservi%c3%a7ossa%c3%bade_Galv%c3%a3o_2019.pdf58a82c2ace4a41407ac40a7e96099d6bMD51TEXTAcessoserviçossaúde_Galvão_2019.pdf.txtAcessoserviçossaúde_Galvão_2019.pdf.txtExtracted texttext/plain123861https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/27686/2/Acessoservi%c3%a7ossa%c3%bade_Galv%c3%a3o_2019.pdf.txt81dd72c2880bff65a99a7940433c550dMD52THUMBNAILAcessoserviçossaúde_Galvão_2019.pdf.jpgAcessoserviçossaúde_Galvão_2019.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1211https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/27686/3/Acessoservi%c3%a7ossa%c3%bade_Galv%c3%a3o_2019.pdf.jpgaf0b815a14489dd91963075e9ea4bd2aMD53123456789/276862019-09-15 02:23:34.427oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/27686Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2019-09-15T05:23:34Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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description O objetivo do presente estudo foi avaliar a influência dos determinantes socioeconômicos no acesso aos serviços odontológicos no Brasil, sob a perspectiva da utilização e disponibilidade, considerando duas estratégias analíticas: (a) a desigualdade na utilização dos serviços odontológicos relacionada à renda na população brasileira a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) e a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) no ano de 2013 (b) a associação entre os indicadores sociais e de organização dos serviços de saúde dos municípios e a disponibilidade de serviços nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), a partir dos dados do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ-CEO). A primeira abordagem consiste em um estudo de painéis repetidos, com análise de dados secundários provenientes de estudos seccionais de base domiciliar. Foram selecionados os dados das PNAD 1998, 2003 e 2008, e os dados da PNS 2013. As variáveis dependentes foram “Já teve acesso à consulta odontológica alguma vez na vida” e “Última consulta odontológica realizada a 3 anos ou mais”. A variável independente selecionada foi “Rendimento per capita domiciliar em salários mínimos”. Com a finalidade de avaliar a desigualdade em saúde para os desfechos avaliados, foram utilizados índices complexos de avaliação de desigualdade em saúde baseados em regressão, o Coeficiente Angular de Desigualdade (CAD) e o Coeficiente Relativo de Desigualdade (CRD). A segunda abordagem trata-se de um estudo ecológico, com amostra de 776 municípios brasileiros que participaram do 1° ciclo do PMAQ-CEO realizado no ano de 2014. As variáveis dependentes do estudo consistiram no número de profissionais e carga horária semanal de cirurgiões-dentistas atuando nas especialidades mínimas por 10.000 habitantes. Realizou-se uma análise de componentes principais para a criação de um escore para mensurar o desempenho dos municípios quanto à disponibilidade de serviços odontológicos especializados. A fim de avaliar os fatores associados ao desempenho dos municípios, utilizou-se o teste do Qui-quadrado de Pearson, tendo como variáveis independentes os seguintes indicadores municipais categorizados em tercis: renda per capita, Índice de Desenvolvimento Humano, índice de Gini, população residente, despesa total com saúde por habitante e Equipes de Saúde Bucal por 10.000 habitantes. Como principais resultados, observou-se uma redução na diferença absoluta no percentual de ausência de acesso entre os indivíduos com maior e menor renda. A diferença absoluta para a ausência de acesso dentre os grupos passou de 10,92% em 1998 para 7,61% em 2013. Para a ausência de acesso nos últimos 3 anos, os valores reduziram de 48,19% em 1998 para 26,98% em 2013. Também se observou uma redução da desigualdade relativa quanto à renda para ambos os desfechos. Com relação à segunda abordagem, o desempenho ótimo quanto à disponibilidade de serviços especializados em saúde bucal foi observado em municípios com menor porte populacional (67,3%), com menor IDHM (41,9%) e com menor renda per capita (41,2), maior média de equipes de saúde bucal por 10.000 habitantes (50,6%), maior média de cadeiras do CEO por 10.000 habitantes (66,3%). Conclui-se que houve uma redução das desigualdades quanto à renda no acesso a consulta odontológica com o passar dos anos analisados, embora se mantenha em níveis preocupantes. Os municípios com piores indicadores socioeconômicos e com melhor organização dos serviços de saúde bucal obtiveram melhor desempenho quanto à disponibilidade de serviços odontológicos especializados. Os resultados demonstram o avanço obtido a partir da Política Nacional de Saúde Bucal, entretanto existem desafios a serem superados para a efetivação dos pressupostos desta política, particularmente no que diz respeito à desigualdade.
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