A escrita demiúrgica de Clarice Lispector

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Linné, Vinícius lattes
Orientador(a): Becker, Paulo lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Estudos Linguísticos e Estudos Literários
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://10.0.217.128:8080/jspui/handle/tede/971
Resumo: A escrita sempre foi motivo de especulação por parte de alguns escritores, preocupados em compreender as motivações e os efeitos de seu próprio trabalho com as palavras. Mesmo entre esses autores, poucos se aprofundaram tanto nos arcanos da criação literária quanto Clarice Lispector. Embora esse aspecto sonde a maior parte de seus romances, é em seu livro final, Um sopro de vida (pulsações), publicado postumamente, que Lispector consegue tratar especificamente dele. Em uma obra sem enredo, tempo ou espaço, que se aproxima do que Rosenfeld (1968) chamou de ¿romance moderno¿, somente as reflexões acerca da criação interessam à autora. O livro foi escolhido como corpus dessa dissertação para explorar a hipótese de que Lispector coloca-se na posição de Deus diante de seus personagens. Isso é feito através da comparação entre essa narrativa e a história da criação contida em Gênesis, primeiro livro da Bíblia. Percebe-se que dentro do plano ficcional, Lispector conseguiu ser ao mesmo tempo o criador e a criatura, transmutando-se em um personagem anônimo, citado apenas como Autor (um simulacro de Deus) e ficcionalizando a si mesma em Ângela Pralini, a criação desse autor. Para esta análise, invoca-se através de Cassirer (1925) as relações históricas entre a mitologia da criação demiúrgica e a palavra, essa última figurando sempre como instrumento para o surgimento do universo e da vida. Da mesma forma que Deus, percebe-se que o autor, ao utilizar as palavras, não descreve ou afirma algo já existente, mas cria. Tal acepção conduz ainda aos conceitos de Austin (1962) a respeito das sentenças performáticas, que não equivalem a qualquer constatação, mas sim a uma ação. O mesmo conceito destinado aos atos de fala pode ser igualmente aplicado à escrita literária, uma vez que o autor, ao escrever, promove uma criação e uma modificação dentro do seu universo ficcional. Por fim, são analisadas as características das quais o escritor se reveste no momento de sua composição, análogas às características comumente atribuídas a Deus: onisciência, onipresença, onipotência e imortalidade
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