Determinantes socioambientais em saúde e bem-estar em grupo da população de pescadores artesanais de Itaipu - Niterói, RJ: avaliação do histórico de impactos na pesca causados por atividades de origem antrópica e consequências na qualidade de vida

• Ano de defesa: 2011
• Autor(a) principal: Moura, Rafaela Carneiro
• Orientador(a): Freitas, Carlos Machado de
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34355
• topic: Saúde Ambiental; Determinantes Sociais em Saúde; Discurso do Sujeito Coletivo; Pescadores; Environmental Health; Social Determinants of Health; Discourse of the Collective Subject; Fishermen; Saúde Ambiental; Condições Sociais; Fatores Socioeconômicos; Pesqueiros; Trabalhadores; Promoção da Saúde; Qualidade de Vida; Impacto Ambiental

O presente trabalho teve como objetivo conhecer como a população de pescadores artesanais de Itaipu – Niterói /RJ percebe a saúde e seus determinantes, bem como as mudanças ambientais que vêm interferindo na relação trabalho-vida-saúde, levando-se propostas de melhorias destas condições à luz dos determinantes socioambientais. Neste sentido, foram realizadas entrevistas com 15 pescadores artesanais no período de 24 de agosto a 14 de setembro de 2010. Dos entrevistados, a maioria – 14 pescadores - era do sexo masculino e apenas 1 pescadora, com faixa etária variando de 28 a 74 anos, onde 9 dos 15 possuem apenas o Ensino Fundamental Incompleto. O estudo, de natureza qualitativa, utilizou a técnica de análise do Discurso do Sujeito Coletivo para que houvesse resgate coletivo das representações sociais – verbalização (opinião ou posicionamento). Dentre os discursos analisados, houve a representação de que a saúde é determinada pela atividade da pesca, tanto pela atividade física como na identidade dos pescadores com seu trabalho/vida. O estado de saúde é considerado “bom” quando estes indivíduos estão exercendo tal atividade, mesmo com os agravamentos de saúde relacionados ao esforço de pesca como doenças ocupacionais. Mudanças relatadas pelos pescadores estão voltadas principalmente àquelas ambientais que diretamente afetaram suas vidas e, com isso, a atividade da pesca. A poluição, a pesca predatória e a especulação imobiliária trouxeram mudanças concretas nas condições de “bem viver” da população em geral, reduzindo a qualidade e a quantidade da pesca, aumento na jornada de trabalho e no esforço de pesca, queda na renda familiar e, como consequência, o abandono da atividade por muitos pescadores da comunidade, levandoos à procura de outras atividades mais rentáveis ou pelo menos mais regulares. Demandas e preocupações futuras apontadas são intervenções/ações governamentais na comunidade, reestabelecendo a atividade da pesca, como o pagamento do Seguro Defeso pela Secretaria de Aquicultura e Pesca, montagem de frigorífico/cooperativa, fiscalização dos barcos de grande porte que utilizam a arte de pesca de arrasto, cerco ou com auxílio de ecossondas (alto grau de impacto sobre os ecossistemas - principalmente o bentônico- e baixa seletividade sobre as espécies e os espécimes capturados). Quanto a essas preocupações futuras, o Projeto Orla foi um tema levantado repetidas vezes pelos entrevistados, pela falta de informação e a possível especulação (e pressão) imobiliária sobre a comunidade são apontadas como riscos à prática da pesca artesanal por tais pescadores. A atenção de órgãos de Saúde e Ambiente também é uma das reivindicações dos pescadores.