O gênero esquete : argumentação, discurso e multimodalidade no humor digital

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Geisa Pelissari Silvério
• Orientador(a): Esther Gomes de Oliveira .
• Banca de defesa: Rosemeri Passos Baltazar Machado, Maria Isabel Borges, Miguel Luiz Contani, Givan José Ferreira dos Santos
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual de Londrina
• País: BR
• Link de acesso: http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000234030

O meio digital deu origem a novos gêneros discursivos e remodelou outros, que expõem opiniões e críticas por meio do humor e prendem a atenção devido aos recursos audiovisuais utilizados, visto que vivemos uma era imagética e com muitos ruídos. Esses “novos textos”, denominados multimodais, formam discursivamente os nossos alunos/leitores, sendo fundamental que eles entendam as informações transmitidas efetivamente. Na presente tese, expusemos uma série de elementos argumentativos os quais caracterizam o humor digital e os efeitos de sentido que deles emergem, considerando os aspectos linguísticos, sonoros e visuais que resultam dos gêneros multimodais. Com base nos pressupostos teóricos de Maingueneau (2005), Ducrot (1987), Bakhtin (2003) e Raskin (1985) e nas pesquisas desenvolvidas no Brasil destes campos da linguagem, discorremos sobre a importância de se compreender como a palavra é extremamente persuasiva e está permeada de ideologias, as quais são acionadas pelos elaboradores de um texto no momento da produção. Para isso, recorreremos ao gênero esquete, construído com recursos verbais e audiovisuais, exprimindo a importância de estudarmos gêneros que percorrem o nosso cotidiano social com estruturas organizacionais diferentes do habitual. Selecionamos, como corpus para a análise, três esquetes do canal Porta dos Fundos, o qual possui grande visibilidade nacional, destacando-se como o maior canal produtor de esquetes de humor do país. Como são muitas as possibilidades de análise e vídeos com conteúdo crítico e relevante para o panorama social e educacional, selecionamos três esquetes que abordam problemáticas sempre atuais, independentes da data de divulgação: a questão do negro, do pobre e da mulher. Neles, analisamos como os recursos argumentativos, imagéticos e sonoros, juntamente com o humor, argumentam para a construção dos sentidos depreendidos dos esquetes. Explicitamos como o humor é construído no gênero esquete pela crítica e denúncia a formações discursivas sociais vigentes e como os três esquetes escolhidos nos levam a uma mesma ideologia defendida por instituições e grupos dominantes. Logo, o entendimento dos textos escolhidos a partir das perspectivas teóricas adotadas mostra como o gênero esquete é um campo profícuo para o trabalho com a língua portuguesa como um todo em sala de aula, além da possibilidade de práticas interdisciplinares. Acreditamos que a compreensão dos recursos argumentativos, sonoros e imagéticos pelo leitor no gênero esquete leva-o ao desenvolvimento do senso crítico de maneira eficaz, à habilidade da leitura em múltiplos formatos e à compreensão das relações de poder vigentes na sociedade.