Olhares inexplorados sobre a Amazônia no ensino de física: uma abordagem da história da ciência e da tecnologia na Amazônia com ênfase nos relatos dos naturalistas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Ribeiro, Adelino Antonio da Silva
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/4665849531314076
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/6986
Resumo: Este estudo se propõe a um diálogo interdisciplinar entre o Ensino de Física, Natureza e Cultura Amazônica tendo como ponto de partida o relato dos Naturalistas europeus que percorreram esta região na metade do século XIX em razão da sua territoriedade e rica biosociodiversidade. Busca-se extrair de suas obras o testemunho de um saber-fazer local (proto-física), enquanto fonte empírica de conhecimento ou de uma incipiente ciência, que após apoderado, foi soterrado pela ciência européia como algo inútil, erros de ignorância, senso comum. Redescobrir esse saber, para que seus pressupostos possam ser retrabalhados com um olhar mais atualizado e crítico. Demonstra-se, que este rico legado da proto-física envolve um espectro de questões cujo enquadramento constitui uma constelação epistêmica para que não se dissociem e irrompam em fragmentos autônomos e isolados. Impossível de ser subsumida numa única categoria, na tentativa de tornar visível e elucidar estas conexões utilizamos os referenciais teóricos de Kuhn, Toulmin e Bassala, além dos seguintes elementos metodológicos fortemente imbricados: abordagem multicausal, a formulação e a aplicação de conceitos em fluxo, de referenciais moventes, de deslocamento da fronteira e do zeitgeist. Atraves desses marcos, examinamos como a memória, a história, a ciência e a cultura se entrelaçam e se articulam para tecer um quadro epistemico coerente, sob o pano de fundo tecido por ideias vagas e imperfeitas, as chamadas impurezas extra-científicas. Pari passu abre novas e significativas perspectivas para os marcadores empregados pelo pensamento iluminista, que impactou a evolução do conhecimento cientifico, o aumento das especialidades, a fundação das Academias e Ciências, o crescimento da produção das publicações científicas e, principalmente, a prioridade dada a História Natural como linguagem consensual empregada pelos Naturalistas nas expedições científicas pela Amazônia, impulsionado pelos empreendimentos expansionistas e colonialistas durante a exploração econômica e comercial da região. Nesta correlação de forças, entre o centro e a periferia, imperialismo e subordinação de povos e culturas completamente distintas, a História Natural contribuiu para soterrar a proto-física da população local. Vetor difusor da Ciência Iluminista, as viagens científicas desenvolveram novo olhar do ambiente amazônico, cujo atrativo pelo maravilhoso foi alterado por outras questões polêmicas e controversas, como a debilidade do homem americano, o determinismo climático, o papel da biodiversidade para a evolução das espécies, etc. A chegada da família real portuguesa, introduz uma nova rota para o processo de transplantação da institucionalização das ciências no país, especialmente na Província do Amazonas, região periférica, distante das decisões políticas e fora do eixo em que se localizavam as instituições científicas do país. A seta do tempo vai desvelar a existência de Cursos Superiores anexo ao Museu Botânico do Amazonas (1884) que não se consolidaram, mas plantou as sementes que brotariam, no Clube da Guarda do Estado do Amazonas, a 1ª Universidade brasileira: a Escola Universitária Livre de Manáos (1909). Implantada numa época em que Manaus estava passando por grande período de prosperidade financeira, de acelerada urbanização, modernização dos serviços técnico-científicos decorrente do comércio internacional da exportação da borracha, sua principal fonte de renda. A partir de 1912, Manaus entra em crise sob os efeitos da queda dos preços da borracha e da 1ª Grande Guerra. Eventos que irão acelerar o processo de fragmentação e extinção das Faculdades da Universidade de Manáos. O processo de institucionalização das ciências em Manaus ultrapassa a mera implantantação da cadeira de Física, mas exprime a valorização da dinâmica do ensino como uma atividade social, econômica, política e cultural, elementos indispensáveis para consolidação e difusão dos conhecimentos científicos. Desnecessário afirmar, uma discussão contextualizada alicerçada na História Sócio-Cultural da Ciência.
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Busca-se extrair de suas obras o testemunho de um saber-fazer local (proto-física), enquanto fonte empírica de conhecimento ou de uma incipiente ciência, que após apoderado, foi soterrado pela ciência européia como algo inútil, erros de ignorância, senso comum. Redescobrir esse saber, para que seus pressupostos possam ser retrabalhados com um olhar mais atualizado e crítico. Demonstra-se, que este rico legado da proto-física envolve um espectro de questões cujo enquadramento constitui uma constelação epistêmica para que não se dissociem e irrompam em fragmentos autônomos e isolados. Impossível de ser subsumida numa única categoria, na tentativa de tornar visível e elucidar estas conexões utilizamos os referenciais teóricos de Kuhn, Toulmin e Bassala, além dos seguintes elementos metodológicos fortemente imbricados: abordagem multicausal, a formulação e a aplicação de conceitos em fluxo, de referenciais moventes, de deslocamento da fronteira e do zeitgeist. Atraves desses marcos, examinamos como a memória, a história, a ciência e a cultura se entrelaçam e se articulam para tecer um quadro epistemico coerente, sob o pano de fundo tecido por ideias vagas e imperfeitas, as chamadas impurezas extra-científicas. Pari passu abre novas e significativas perspectivas para os marcadores empregados pelo pensamento iluminista, que impactou a evolução do conhecimento cientifico, o aumento das especialidades, a fundação das Academias e Ciências, o crescimento da produção das publicações científicas e, principalmente, a prioridade dada a História Natural como linguagem consensual empregada pelos Naturalistas nas expedições científicas pela Amazônia, impulsionado pelos empreendimentos expansionistas e colonialistas durante a exploração econômica e comercial da região. Nesta correlação de forças, entre o centro e a periferia, imperialismo e subordinação de povos e culturas completamente distintas, a História Natural contribuiu para soterrar a proto-física da população local. Vetor difusor da Ciência Iluminista, as viagens científicas desenvolveram novo olhar do ambiente amazônico, cujo atrativo pelo maravilhoso foi alterado por outras questões polêmicas e controversas, como a debilidade do homem americano, o determinismo climático, o papel da biodiversidade para a evolução das espécies, etc. A chegada da família real portuguesa, introduz uma nova rota para o processo de transplantação da institucionalização das ciências no país, especialmente na Província do Amazonas, região periférica, distante das decisões políticas e fora do eixo em que se localizavam as instituições científicas do país. A seta do tempo vai desvelar a existência de Cursos Superiores anexo ao Museu Botânico do Amazonas (1884) que não se consolidaram, mas plantou as sementes que brotariam, no Clube da Guarda do Estado do Amazonas, a 1ª Universidade brasileira: a Escola Universitária Livre de Manáos (1909). Implantada numa época em que Manaus estava passando por grande período de prosperidade financeira, de acelerada urbanização, modernização dos serviços técnico-científicos decorrente do comércio internacional da exportação da borracha, sua principal fonte de renda. A partir de 1912, Manaus entra em crise sob os efeitos da queda dos preços da borracha e da 1ª Grande Guerra. Eventos que irão acelerar o processo de fragmentação e extinção das Faculdades da Universidade de Manáos. O processo de institucionalização das ciências em Manaus ultrapassa a mera implantantação da cadeira de Física, mas exprime a valorização da dinâmica do ensino como uma atividade social, econômica, política e cultural, elementos indispensáveis para consolidação e difusão dos conhecimentos científicos. Desnecessário afirmar, uma discussão contextualizada alicerçada na História Sócio-Cultural da Ciência.This study proposes an interdisciplinary dialogue between the Teaching of Physics, Nature and Amazonian Culture, starting with the account of the European Naturalists who traveled throughout the region in the middle of the nineteenth century because of their territory and rich biosociodiversity. It seeks to extract from his works the testimony of a local know-how (protophysics), as an empirical source of knowledge or an incipient science, that after being proclaimed, was buried by European science as something useless, mistakes of ignorance, common sense. Rediscover this knowledge so that its assumptions can be reworked with a more up-to-date and critical look. It is demonstrated that this rich legacy of proto-physics involves a spectrum of questions whose framing constitutes an epistemic constellation so that they do not dissociate and break into autonomous and isolated fragments. Impossible to be subsumed into a single category, in an attempt to make these connections visible and elucidate, we use the theoretical references of Kuhn, Toulmin and Bassala, as well as the following strongly interwoven methodological elements: multicausal approach, formulation and application of flow concepts, moving frames, border shifting and zeitgeist. Through these milestones, we examine how memory, history, science and culture intertwine and articulate to create a coherent epistemic picture, under the backdrop of vague and imperfect ideas, the so-called extra-scientific impurities. Pari passu opens new and significant perspectives for the markers used by Enlightenment thought, which has impacted the evolution of scientific knowledge, the increase of specialties, the founding of Academies and Sciences, the growth of the production of scientific publications and, above all, the priority given to Natural History as a consensual language used by the Naturalists in scientific expeditions in the Amazon, driven by expansionist and colonialist ventures during the economic and commercial exploration of the region. In this correlation of forces, between the center and the periphery, imperialism and subordination of completely different peoples and cultures, Natural History contributed to bury the proto-physics of the local population. A diffusing vector of the Illuminist Science, scientific journeys have developed a new look at the Amazonian environment, whose appeal for the marvelous has been altered by other controversial and controversial issues, such as the weakness of the American man, climatic determinism, the role of biodiversity for the evolution of species, etc. The arrival of the Portuguese royal family, introduces a new route to the process of transplantation of the institutionalization of science in the country, especially in the Amazon region, peripheral region, far from the political decisions and outside the axis in which the scientific institutions of the country were located. The arrow of time will reveal the existence of Upper Courses attached to the Botanical Museum of Amazonas (1884) that did not consolidate, but planted the seeds that would sprout in the Guarda Club of the State of Amazonas, the 1st Brazilian University: the Free University School of Manáos (1909). Implanted at a time when Manaus was experiencing a great period of financial prosperity, accelerated urbanization, modernization of technical-scientific services resulting from the international trade of rubber exports, its main source of income. From 1912, Manaus enters in crisis under the effects of the fall of the prices of the rubber and of the First World War. Events that will accelerate the process of fragmentation and extinction of the Faculties of the University of Manáos. The process of institutionalization of the sciences in Manaus goes beyond the mere implantation of the Physics course, but expresses the valorization of the teaching dynamics as a social, economic, political and cultural activity, indispensable elements for the consolidation and diffusion of scientific knowledge. Needless to say, a contextualized discussion based on the Socio-Cultural History of Science.Universidade Federal do AmazonasInstituto de Filosofia, Ciências Humanas e SociaisBrasilUFAMPrograma de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na AmazôniaFreitas, Marilene Corrêa da Silvahttp://lattes.cnpq.br/4187449641949679Rossini, Rosa Esterhttp://lattes.cnpq.br/9844025111996256Frota, Hidembergue Ordozgoith dahttp://lattes.cnpq.br/5700103079488064Ribeiro, Odenei de Souzahttp://lattes.cnpq.br/3632397138574065Ribeiro, Adelino Antonio da Silvahttp://lattes.cnpq.br/46658495313140762019-02-27T18:32:09Z2018-05-11info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfRIBEIRO, Adelino Antonio da Silva. Olhares inexplorados sobre a Amazônia no ensino de física: uma abordagem da história da ciência e da tecnologia na Amazônia com ênfase nos relatos dos naturalistas, 2018. 580 f. 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