Construção de identidades, vivências de racismo e repercussões psicossociais: experiências de crianças negras em Salvador – BA.
Ano de defesa: | 2018 |
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Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Saúde Coletiva
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduação em Saúde Coletiva
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29014 |
Resumo: | O universo infanto-juvenil no Brasil é marcado por persistentes desigualdades sociorraciais, determinadas pelo racismo brasileiro. Os episódios de discriminação racial e preconceito vividos desde a infância podem acarretar consequências para a formação de crianças e jovens negros, interferindo em sua saúde mental, autoestima e identidade. Estudos apontam dificuldades de algumas famílias negras em oferecer apoio às crianças no enfrentamento às situações de racismo. O debate racial no setor saúde vem sendo marcado por desafios e contradições acerca das propostas teórico-metodológicas utilizadas nas pesquisas e debates científicos e, para tanto, reconhece-se a necessidade de incorporar a perspectiva das ciências sociais e humanas numa tentativa de expansão do olhar sobre tais problemas. As análises sobre racismo e as respectivas experiências dos sujeitos que sofrem com preconceito e discriminação racial destacam que o grau de vulnerabilidade e o sentimento de pertencimento étnicorracial variam conforme as condições de vida e processos de socialização. Destaca-se, assim, a identidade como um construto social e essencial para compreensão dos aspectos microssociais sobre os quais os fenômenos do racismo e da discriminação atuam. Esta tese analisa os processos de socialização e construção de identidade, além das experiências de discriminação e preconceito vivenciadas por crianças e suas famílias em Salvador - Bahia, destacando-se elementos da socialização racial, características socioculturais, formas de enfrentamento às situações de discriminação e o modo como interferem em seus contextos de vida e construção de identidades. A pesquisa de campo foi realizada entre os anos 2012 e 2014, articulando-se dois contextos: núcleos familiares de classe média identificados segundo método ‘bola de neve’; imersão em um bairro popular para acesso a famílias e crianças de classe baixa. Utilizou-se de observação participante, diário de campo, entrevistas semiestruturadas e questionários sociodemográficos, além de leitura de livros infantis, desenhos, passeios e brincadeiras. Foram selecionadas nove famílias, caracterizadas segundo aspectos culturais, políticos, econômicos e raciais, e 17 crianças que compuseram uma amostra heterogênea segundo: configuração familiar, condições socioeconômicas, capital racial e atuação política. Observou-se grande heterogeneidade no modo como as famílias lidam com a questão racial. Distintas formas de proteção e enfrentamento foram observadas: alguns pais não sabiam dos episódios de discriminação sofridos por seus filhos; enquanto outras famílias se mobilizaram em atitudes de reparação. Mães pardas se identificaram como negras, em detrimento do “morena” observado em outras pesquisas. As famílias com maior nível político-educacional exerceram formas mais diretas de enfrentamento, porém, os núcleos familiares de baixo engajamento político-cultural, apesar de não reconhecerem episódios de discriminação, e mesmo com poucas ferramentas, agiram no sentido da proteção de suas crianças. Além disso, os resultados apontaram para uma construção de identidade étnicorracial em termos de valorização da cor da pele e do cabelo negros, advinda de mudanças ainda tímidas em espaços de socialização e do efeito de algumas políticas afirmativas nacionais e ativismo sociocultural de grupos de mulheres e jovens pelo empoderamento negro. O bullying surgiu como um importante e controverso elemento de significação do racismo, ora nomeando episódios de violência racial, ora se apresentando como brincadeira que encobre (ou refere) um mecanismo de defesa da criança. A compreensão sobre o racismo e as formas de enfrentamento das crianças destacam uma geração mais atenta à temática racial, muito embora o sofrimento vivenciado seja persistente e ainda devastador para suas biografias. |
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O debate racial no setor saúde vem sendo marcado por desafios e contradições acerca das propostas teórico-metodológicas utilizadas nas pesquisas e debates científicos e, para tanto, reconhece-se a necessidade de incorporar a perspectiva das ciências sociais e humanas numa tentativa de expansão do olhar sobre tais problemas. As análises sobre racismo e as respectivas experiências dos sujeitos que sofrem com preconceito e discriminação racial destacam que o grau de vulnerabilidade e o sentimento de pertencimento étnicorracial variam conforme as condições de vida e processos de socialização. Destaca-se, assim, a identidade como um construto social e essencial para compreensão dos aspectos microssociais sobre os quais os fenômenos do racismo e da discriminação atuam. Esta tese analisa os processos de socialização e construção de identidade, além das experiências de discriminação e preconceito vivenciadas por crianças e suas famílias em Salvador - Bahia, destacando-se elementos da socialização racial, características socioculturais, formas de enfrentamento às situações de discriminação e o modo como interferem em seus contextos de vida e construção de identidades. A pesquisa de campo foi realizada entre os anos 2012 e 2014, articulando-se dois contextos: núcleos familiares de classe média identificados segundo método ‘bola de neve’; imersão em um bairro popular para acesso a famílias e crianças de classe baixa. Utilizou-se de observação participante, diário de campo, entrevistas semiestruturadas e questionários sociodemográficos, além de leitura de livros infantis, desenhos, passeios e brincadeiras. Foram selecionadas nove famílias, caracterizadas segundo aspectos culturais, políticos, econômicos e raciais, e 17 crianças que compuseram uma amostra heterogênea segundo: configuração familiar, condições socioeconômicas, capital racial e atuação política. Observou-se grande heterogeneidade no modo como as famílias lidam com a questão racial. Distintas formas de proteção e enfrentamento foram observadas: alguns pais não sabiam dos episódios de discriminação sofridos por seus filhos; enquanto outras famílias se mobilizaram em atitudes de reparação. Mães pardas se identificaram como negras, em detrimento do “morena” observado em outras pesquisas. As famílias com maior nível político-educacional exerceram formas mais diretas de enfrentamento, porém, os núcleos familiares de baixo engajamento político-cultural, apesar de não reconhecerem episódios de discriminação, e mesmo com poucas ferramentas, agiram no sentido da proteção de suas crianças. Além disso, os resultados apontaram para uma construção de identidade étnicorracial em termos de valorização da cor da pele e do cabelo negros, advinda de mudanças ainda tímidas em espaços de socialização e do efeito de algumas políticas afirmativas nacionais e ativismo sociocultural de grupos de mulheres e jovens pelo empoderamento negro. O bullying surgiu como um importante e controverso elemento de significação do racismo, ora nomeando episódios de violência racial, ora se apresentando como brincadeira que encobre (ou refere) um mecanismo de defesa da criança. 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