Afroempreendedorismo: trajetórias de vida e negócios de pessoas negras no Brasil

• Ano de defesa: 2023
• Autor(a) principal: Jesus, Daiane Batista de
• Orientador(a): Santos, Maria Elisabete Pereira dos
• Banca de defesa: Santos, Maria Elisabete Pereira dos , Santos, Hélio de Souza , Tude, João Martins , Tavares, Rosalina Semedo de Andrade , Cunha, Sílvio Humberto dos Passos
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
• Programa de Pós-Graduação: Núcleo de Pós-Graduação em Administração (NPGA)
• Departamento: Escola de Administração
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Afroempreendedorismo; Pertencimento étnico-racial; Trajetórias de vida
• Área do conhecimento CNPq: CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS
• Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38666

Nosso tema central é o Afroempreendedorismo. Buscamos compreender como a noção de pertencimento a identidade negra influi na trajetória de vida e empreendedora de pessoas negras. O afroempreendedorismo pode ser compreendido de duas formas, primeiro como o ato das pessoas negras que empreendem no Brasil, independente da sua relação com as questões de autoafirmação identitária, e, segundo, como um movimento político-econômico das pessoas negras, que, para além da subsistência econômica e relação com o mercado, utilizam a sua ação empreendedora como ativismo para a reafirmação da sua identidade, resistência das mazelas sociais enfrentadas pela população negra e estratégia de combate ao racismo. Esta tese dialoga com o segundo conceito. Nos nossos caminhos teóricos apresentamos o afroempreendedorismo como um movimento que intersecciona aspectos econômicos, identitários, políticos, sociais, religiosos e éticos fazendo deste, um movimento de dimensões simbólicas no campo das lutas por ampliação dos direitos econômicos para a população negra. Ao dar ênfase ao empreendedorismo e à sua dimensão simbólica estamos inserindo no centro do debate arranjos diversos que possibilitam interpretações para além das relações dos mercados econômicos. A pesquisa é de caráter qualitativa, e o método biográfico escolhido foi o das trajetórias de vida. Nosso caminho metodológico considerou o sistema de valores e as formas de interpretação da sua própria história, considerando as categorias: pertencimento étnico-racial, relação com os estudos, influência dos pais, relação com o mercado de trabalho, histórico empreendedor, motivos para empreender, perfil e condições dos negócios e percepção e relação com os ecossistemas empreendedores. Os resultados demonstraram que, se entender enquanto pessoa negra é definitivo para o posicionamento dos empreendedores no mundo. Isso vai estabelecer o seu lugar de relacionamento consigo mesmo, com o outro, com o entorno, com o negócio e consequentemente, com o seu público consumidor, fornecedor, seus funcionários e com o próprio ecossistema empreendedor. Os afroempreendedores da nossa pesquisa, para além da dimensão econômica de materialidade e sobrevivência, dão uma série de outros sentidos à sua ação empreendedora associando-a a propósito de vida, reafirmação da sua identidade, combate ao racismo, projeto de ascensão da população negra, missão espiritual, conexão ancestral, além de dimensões de ressignificação das identidades negras, como superação, resistência, triunfo e auto realização. Os seus negócios são meios para concretizar os seus valores no mundo. Eles se articulam em um mercado de bens simbólicos (black money), fomentando a mobilidade social de pessoas negras através de redes de solidariedades em formato de ecossistemas afroempreendedores. Eles buscam predestinadamente, contribuir para uma sociedade mais representativa, pautados por uma ética em torno do pertencimento étnico racial. Desta forma, em suas trajetórias de vida os afroempreendedores ressignificam a relação entre identidade e negócio, a partir da concepção de um compromisso étnico de justiça social, um mercado próprio e singular, e a atuação em redes de apoio mútuo, referenciadas na ideia de quilombos contemporâneos, fazendo das suas experiências espaços simbólicos de interconexão entre o mundo material e substantivo.