Configurações subjetivas de práticas policiais e estratégias de sobrevivência de jovens negros em uma cidade da Bahia
Ano de defesa: | 2019 |
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Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Psicologia
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31370 |
Resumo: | Este estudo foi desenvolvido a partir das minhas experiências pessoais, acadêmicas e profissionais com a temática do racismo e seus efeitos psicossociais, tendo como principal objetivo compreender as configurações subjetivas de jovens negros residentes em comunidades periféricas relacionadas às práticas policiais. À luz da Psicologia Histórico-Cultural, nos inspiramos na Epistemologia Qualitativa do teórico cubano Fernando Gonzalez Rey, na qual a pesquisa assume como principal finalidade o conhecimento da produção e organização dos sentidos subjetivos nos diferentes espaços sociais que constituem as subjetividades social e individual. Em termos teórico-metodológicos, conduzimos a produção das informações por meio do método construtivo-interpretativo do conhecimento, utilizando instrumentos grupais e individuais. A Oficina e a Roda de Conversa foram realizadas com homens e mulheres jovens, majoritariamente negros/as, com idade entre 18 a 29 anos, na sede de um Programa vinculado a secretaria de Justiça e Direitos Humanos em uma cidade da Bahia. No tocante aos estudos de casos, acompanhamos dois jovens negros (22 e 29 anos), também inscritos no referido Programa, entre os meses de maio e novembro de 2018. As informações produzidas foram analisadas com base na Teoria da Subjetividade em articulação com outras áreas do conhecimento, particularmente especializadas nas relações raciais. Elas indicam que as configurações subjetivas das/os jovens sobre a Polícia Militar e suas práticas são constituídas por sentidos subjetivos relacionados à compreensão dessa instituição como violenta, que pratica atos ilícitos por meio de procedimentos desrespeitosos, igualmente violentos e discriminatórios no território onde residem. Sendo que os policiais geralmente não são responsabilizados pelas instituições competentes, o que gera subjetivamente sensações de desconfiança, insegurança e medo. Assim sendo, o jovem negro que consegue sobreviver às expectativas de morte comumente aceita e esperada por alguns seguimentos sociais, tem de lidar com os estigmas que o enquadram como um marginal em potencial, forçando-o a criar estratégias de sobrevivência para evitar ou contornar a relação com a polícia, marcando suas experiências existenciais por tensões que envolvem o pertencimento a um grupo social racializado em contraposição a outro que se percebe apenas como humano (branco), assim como pela complexa operação subjetiva do encontro com pessoas negras (policiais) que reproduzem o racismo, reatualizando processos históricos que permanecem reverberando em suas subjetividades racializadas, fundadas na necropolítica e no racismo estrutural. Esperamos ter contribuído para aceitação de que é preciso desenvolver uma perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural sensível às produções de sentidos e configurações subjetivas racializadas, que não dizem respeito apenas aos processos subjetivos da população negra, mas da população em geral. |
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Silva, Tiago Ferreira daSilva, Tiago Ferreira daJesus, Mônica Lima dePaulo, Carlos Alberto Santos deSchucman, Lia Vainer2020-02-03T12:37:07Z2020-02-03T12:37:07Z2020-02-032019-11-01http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31370Este estudo foi desenvolvido a partir das minhas experiências pessoais, acadêmicas e profissionais com a temática do racismo e seus efeitos psicossociais, tendo como principal objetivo compreender as configurações subjetivas de jovens negros residentes em comunidades periféricas relacionadas às práticas policiais. À luz da Psicologia Histórico-Cultural, nos inspiramos na Epistemologia Qualitativa do teórico cubano Fernando Gonzalez Rey, na qual a pesquisa assume como principal finalidade o conhecimento da produção e organização dos sentidos subjetivos nos diferentes espaços sociais que constituem as subjetividades social e individual. Em termos teórico-metodológicos, conduzimos a produção das informações por meio do método construtivo-interpretativo do conhecimento, utilizando instrumentos grupais e individuais. A Oficina e a Roda de Conversa foram realizadas com homens e mulheres jovens, majoritariamente negros/as, com idade entre 18 a 29 anos, na sede de um Programa vinculado a secretaria de Justiça e Direitos Humanos em uma cidade da Bahia. No tocante aos estudos de casos, acompanhamos dois jovens negros (22 e 29 anos), também inscritos no referido Programa, entre os meses de maio e novembro de 2018. As informações produzidas foram analisadas com base na Teoria da Subjetividade em articulação com outras áreas do conhecimento, particularmente especializadas nas relações raciais. 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Assim sendo, o jovem negro que consegue sobreviver às expectativas de morte comumente aceita e esperada por alguns seguimentos sociais, tem de lidar com os estigmas que o enquadram como um marginal em potencial, forçando-o a criar estratégias de sobrevivência para evitar ou contornar a relação com a polícia, marcando suas experiências existenciais por tensões que envolvem o pertencimento a um grupo social racializado em contraposição a outro que se percebe apenas como humano (branco), assim como pela complexa operação subjetiva do encontro com pessoas negras (policiais) que reproduzem o racismo, reatualizando processos históricos que permanecem reverberando em suas subjetividades racializadas, fundadas na necropolítica e no racismo estrutural. Esperamos ter contribuído para aceitação de que é preciso desenvolver uma perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural sensível às produções de sentidos e configurações subjetivas racializadas, que não dizem respeito apenas aos processos subjetivos da população negra, mas da população em geral.The present study was developed based on my personal, academic and professional experiences as a social psychologist who directly deals with the theme of racism and its psychosocial effects on people of African descent in Brazil. Its main objective was to understand the subjective configurations related to police practices, expressed by black youth living in disenfranchised communities in a city of the state of Bahia. Departing from a cultural-historical approach to the concept of subjectivity, the research drew on the Qualitative Epistemology of Cuban theorist Fernando Gonzales Rey. According to Gonzales Rey, the main purpose of the study of subjectivity is to produce knowledge about the ways subjective meanings are produced and organized in the context of the social spaces in which social and individual subjectivities are mutually constructed and expressed. Our theoretical-methodological approach consisted on a constructive-interpretative method of information production based on the use of group and individual instruments. Initially, we conducted a workshop and a “conversational circle” with young adults (both male and female), mostly black, aged between 18 and 29. The activities took place at the headquarters of a social program linked to the Justice and Human Rights Secretariat of a city in the state of Bahia. We then selected two of the participants to take part in the case studies: two young black males aged 22 and 29. The case studies took place between May and November of 2018. The information produced was analyzed through the lenses of Gonzales Rey’s Subjectivity Theory in articulation to other areas of knowledge, particularly specialized in race relations. The information indicates that the subjective configurations of our subjects, in regards to the Military Police and their practices, are constituted by subjective meanings related to an understanding of this institution as a violent organization, racially biased, and whose actions often disrespect the basic rights of the members of the communities in which our subjects reside. The study also indicates subjective meanings related to feelings of distrust, insecurity and fear due to the fact that police officers are generally not held responsible by any institution for such behavior. Additionally, the young black men who can survive the high death expectations rates that constitutes the realities of those communities, have to deal with a social perception that regards them as potential criminals, thus being forced to create strategies to avoid or circumvent encounters with the police. Our study demonstrates that the living experiences of these black youth are marked by the tensions involved in the belonging to a social group to which a set of detrimental racial meanings are attached—in opposition to the normativity experienced by individuals that are socially perceived as white—, as well as by complex subjective processes produced by the conflict of being victims of racism at the hands of police officers who are also black, thus re-updating historical processes that continue to reverberate in their racialized subjectivities and which are based on the structural racism and necropolitical system through which Brazilian society has been structured. We hope to have contributed to the acceptance that it is necessary to develop a perspective of Historical-Cultural Psychology sensitive to the production of senses and racialized subjective configurations, which concern not only the subjective processes of the black population, but of the general population.Submitted by Tiago Silva (tiagoferreiradez@hotmail.com) on 2019-11-29T20:12:21Z No. of bitstreams: 1 Dissertação pós Banca PDF.pdf: 1559915 bytes, checksum: 901f3a7180197c0f35b082f959d510b7 (MD5)Approved for entry into archive by Ana Portela (anapoli@ufba.br) on 2020-02-03T12:37:07Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Dissertação pós Banca PDF.pdf: 1559915 bytes, checksum: 901f3a7180197c0f35b082f959d510b7 (MD5)Made available in DSpace on 2020-02-03T12:37:07Z (GMT). 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