Aspectos econômicos e sociais da migração rural - o caso de Ingá-PB.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1984
Autor(a) principal: PORTO, Angela Maria Mota de Figueiredo.
Orientador(a): CASTRO, Ramón Pena. lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação: PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA RURAL E REGIONAL
Departamento: Centro de Humanidades - CH
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/4453
Resumo: A partir da análise anterior sobre as relações causais entre estrutura fundiária, sistemas de produção e de emprego, de um lado, e movimentos populacionais e migração estagnada na periferia rural, de outro, podem-se tirar algumas conclusões globalizantes, sugestivas para aprofundamentos e discussões futuras. Em primeiro lugar, na fase de acumulação monopolista com alta densidade de capital verifica-se que o mercado de trabalho regional e nacional não e capaz de absorver em larga escala a mão-de-obra liberada pela agricultura. Mais ainda, a dimensão do mercado de trabalho reduz-se cada vez mais com relação a crescente demanda de postos de trabalho apresentada pela expansão demográfica e pelos processos de proletarização dos camponeses. A queda absoluta da oferta de postos de trabalho por parte do capital em funções não se explica exclusivamente pela conjuntura de crise, mas sobretudo por uma tendência profunda que acompanha o movimento cíclico do capital: a do aumento da estrutura orgânica (c/v) pari passu ao progresso tecnológico que a concorrência capitalista impulsiona. Na fase de construção industrial brasileira, a queda dos investimentos produtivos e a sub-utilização das capacidades produtivas instaladas, aprofunda brutalmente os desequilíbrios e as rupturas do mercado de trabalho, em especial, nas áreas menos desenvolvidas como a Paraíba. Em segundo lugar, do estudo do caso Ingá infere-se que existe uma relação interativa entre a estrutura fundiária concentradora e o seu sistema de produção, de um lado, e o processo de expulsão de mão-de-obra rural. A medida que se reduz a área de lavouras (pela expansão da pecuária e pela crescente vulnerabilidade das pequenas explorações, que não podem suportar os danos causados pela seca e pela praga do bicudo do algodoeiro), intensifica-se a expulsão de trabalhadores rurais e, com isso, aumenta dramaticamente o desemprego e a miséria da periferia local. Em terceiro lugar, os fatos considerados tornam difícil falar de uma reserva de mão-de-obra rural, no sentido de exército de reserva do capital. Como a experiência empírica vem demonstrando ao longo das ultimas décadas, os reservatórios de população rural "supérflua" não são mobilizados realmente pelo capital nem sequer nas suas fases de alta conjuntura econômica. Estaria-se, portanto, ante um processo de decomposição/destruição de grandes contingentes de população situadas no fundo amplo do desemprego (vide gráfico 1 e 2). A determinação do custo da força de trabalho (sob a forma de salário) não se faz - em tais condições - aos pregos reais dos bens indispensáveis a sobrevivência, mas a níveis inferiores as exigências mínimas de reprodução biológica, o que leva a uma destruição rápida de recursos humanos, comparável com os desastres ecológicos causados por uma industrialização selvagem de tipo colonial. Em quarto lugar, embora de forma indireta, torna-se evidente a relação entre a capitalização do latifúndio, através da expansão da pecuária ( isto é, do aumento do capital em pastagens e gado) e as alterações da estrutura social, caracterizada, em primeira instância, pela estagnação da população rural e pela falsa urbanização do município. Verifica-se que não e o aumento da produtividade do trabalho rural e da fertilidade das terras, nem a sobrecarga homens/terra, a verdadeira causa das crescentes dificuldades de acesso a terra e aos outros meios de produção para as camadas inferiores (em termos fundiários). É a possibilidade de obter financiamento subsidiado, privilégio dos grandes proprietários, o que impulsiona a concentração de capital-terra e capital-gado e altera, concomitantemente, o sistema tradicional de produção (pecuária/algodão/culturas alimentares de subsistência). Em quinto lugar, os dados analisados levam a conclusão de que os condicionamentos econômico-sociais da migração rural estão diretamente relacionadas com os sistemas de produção e com as correspondentes formas de trabalho. Em sexto lugar, a única alternativa que parece compatível com o contexto de um capitalismo menos selvagem seria uma reprodução dirigida e participativa da força de trabalho, implicando redirecionamento dos movimentos populacionais. Para tal seria precisa uma combinação de forças sociais distinta da atual, capaz de gerar uma vontade política de mudança, implementando políticas de desenvolvimento menos desequilibrador e menos injusto para melhorar a distribuição social e geográfica dos benefícios do crescimento econômico. Não e incompatível a prioridade para a criação de empregos e a produção de alimentos básicos com a preocupação da renda das exportações. 0 problema e de ordem e grau das prioridades sociais. Para finalizar este trabalho, falta mencionar as limitações fundamentais de ordem prática. Alem das restrições metodológicas salientadas na Introdução e no Capítulo I ao se tratar - em parte a conceitualização da "reserva" de mão de obra rural da periferia - há outras de ordem operacional que devem ser enfatizadas. Dizem a respeito da pobreza estatística. 0 grau de veracidade e de detalhamento das estátisticas demográficas, do emprego e do assalariamento, esta muito aquém do desejável, de existirem informações exatas e completas os resultados teriam sido mais precisos e incisivos. Apesar disso, como se pode verificar ao longo dos estudos, as informações reunidas resultam relevantes. A nossa esperança e poder contribuir, ainda que no piano puramente intelectual, para um melhor conhecimento das causas sócio-econômicas da migração interna e, com isso, para a formulação de soluções mais efetivas de redução dos graves desequilíbrios sociais da região.
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A queda absoluta da oferta de postos de trabalho por parte do capital em funções não se explica exclusivamente pela conjuntura de crise, mas sobretudo por uma tendência profunda que acompanha o movimento cíclico do capital: a do aumento da estrutura orgânica (c/v) pari passu ao progresso tecnológico que a concorrência capitalista impulsiona. Na fase de construção industrial brasileira, a queda dos investimentos produtivos e a sub-utilização das capacidades produtivas instaladas, aprofunda brutalmente os desequilíbrios e as rupturas do mercado de trabalho, em especial, nas áreas menos desenvolvidas como a Paraíba. Em segundo lugar, do estudo do caso Ingá infere-se que existe uma relação interativa entre a estrutura fundiária concentradora e o seu sistema de produção, de um lado, e o processo de expulsão de mão-de-obra rural. 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A determinação do custo da força de trabalho (sob a forma de salário) não se faz - em tais condições - aos pregos reais dos bens indispensáveis a sobrevivência, mas a níveis inferiores as exigências mínimas de reprodução biológica, o que leva a uma destruição rápida de recursos humanos, comparável com os desastres ecológicos causados por uma industrialização selvagem de tipo colonial. Em quarto lugar, embora de forma indireta, torna-se evidente a relação entre a capitalização do latifúndio, através da expansão da pecuária ( isto é, do aumento do capital em pastagens e gado) e as alterações da estrutura social, caracterizada, em primeira instância, pela estagnação da população rural e pela falsa urbanização do município. Verifica-se que não e o aumento da produtividade do trabalho rural e da fertilidade das terras, nem a sobrecarga homens/terra, a verdadeira causa das crescentes dificuldades de acesso a terra e aos outros meios de produção para as camadas inferiores (em termos fundiários). É a possibilidade de obter financiamento subsidiado, privilégio dos grandes proprietários, o que impulsiona a concentração de capital-terra e capital-gado e altera, concomitantemente, o sistema tradicional de produção (pecuária/algodão/culturas alimentares de subsistência). Em quinto lugar, os dados analisados levam a conclusão de que os condicionamentos econômico-sociais da migração rural estão diretamente relacionadas com os sistemas de produção e com as correspondentes formas de trabalho. Em sexto lugar, a única alternativa que parece compatível com o contexto de um capitalismo menos selvagem seria uma reprodução dirigida e participativa da força de trabalho, implicando redirecionamento dos movimentos populacionais. Para tal seria precisa uma combinação de forças sociais distinta da atual, capaz de gerar uma vontade política de mudança, implementando políticas de desenvolvimento menos desequilibrador e menos injusto para melhorar a distribuição social e geográfica dos benefícios do crescimento econômico. Não e incompatível a prioridade para a criação de empregos e a produção de alimentos básicos com a preocupação da renda das exportações. 0 problema e de ordem e grau das prioridades sociais. Para finalizar este trabalho, falta mencionar as limitações fundamentais de ordem prática. Alem das restrições metodológicas salientadas na Introdução e no Capítulo I ao se tratar - em parte a conceitualização da "reserva" de mão de obra rural da periferia - há outras de ordem operacional que devem ser enfatizadas. Dizem a respeito da pobreza estatística. 0 grau de veracidade e de detalhamento das estátisticas demográficas, do emprego e do assalariamento, esta muito aquém do desejável, de existirem informações exatas e completas os resultados teriam sido mais precisos e incisivos. Apesar disso, como se pode verificar ao longo dos estudos, as informações reunidas resultam relevantes. A nossa esperança e poder contribuir, ainda que no piano puramente intelectual, para um melhor conhecimento das causas sócio-econômicas da migração interna e, com isso, para a formulação de soluções mais efetivas de redução dos graves desequilíbrios sociais da região.From the previous analysis on the causal relationships between land structure, production and employment systems, on the one hand, and population movements and stagnant migration on the rural periphery, on the other hand, one can draw some globalizing conclusions, suggestive of deepening and discussion future. Firstly, in the phase of monopoly accumulation with high capital density, the regional and national labor market is not capable of absorbing on a large scale the labor force released by agriculture. Moreover, the size of the labor market is increasingly being reduced in relation to the growing demand for jobs as a result of demographic expansion and the proletarianization of peasants. The absolute fall in the supply of jobs by working capital can not be explained exclusively by the crisis situation, but especially by a deep tendency that accompanies the cyclical movement of capital: that of the increase of the organic structure (c / v) pari to the technological progress that capitalist competition drives. In the Brazilian industrial construction phase, the fall in productive investments and the underutilization of installed productive capacities, brutally deepen the imbalances and ruptures of the labor market, especially in less developed areas such as Paraíba. Second, from the study of the Ingá case it is inferred that there is an interactive relationship between the concentrating land structure and its production system, on the one hand, and the process of expulsion of rural labor. As the area of ​​crops is reduced (by the expansion of livestock farming and by the increasing vulnerability of small farms, which can not withstand the damage caused by the drought and plague of the cotton boll weevil), the expulsion of rural workers is intensified and, thereby dramatically increasing the unemployment and misery of the local periphery. Third, the facts considered make it difficult to speak of a reserve of rural labor, in the sense of capital reserve army. As empirical experience has shown over the last decades, the reservoirs of "superfluous" rural population are not really mobilized by capital or even in its phases of high economic conjuncture. It would therefore be a process of decomposition / destruction of large numbers of people within the broader background of unemployment (see graphs 1 and 2). The determination of the cost of the labor force (in the form of salary) is not - under such conditions - real nails of goods indispensable for survival, but at levels below the minimum requirements of biological reproduction, which leads to rapid destruction of human resources, comparable to ecological disasters caused by savage colonial industrialization. Fourth, although indirectly, the relationship between the capitalization of the latifundia, through the expansion of cattle ranching (that is, the increase of pasture and livestock capital) and changes in the social structure, is characterized in the first place. by the stagnation of the rural population and by the false urbanization of the municipality. It is not the increase in the productivity of rural labor and the fertility of the land, nor the overload of men / land, the real cause of the increasing difficulties of access to land and other means of production for the lower strata (in terms of land ). It is the possibility of obtaining subsidized financing, the privilege of large landowners, which drives the concentration of capital-land and livestock capital and, at the same time, alters the traditional production system (livestock / cotton / subsistence food crops). Fifth, the data analyzed lead to the conclusion that the socio-economic conditions of rural migration are directly related to the production systems and the corresponding forms of work. Sixth, the only alternative that seems compatible with the context of less savage capitalism would be a directed and participatory reproduction of the labor force, implying a redirection of population movements. This would require a combination of social forces distinct from the current one, capable of generating a political will to change, implementing less unbalancing and less unfair development policies to improve the social and geographical distribution of the benefits of economic growth. It is not incompatible the priority for the creation of jobs and the production of staple foods with the concern of the income of the exports. The problem and order and degree of social priorities. To finalize this work, it is necessary to mention the fundamental limitations of a practical order. In addition to the methodological constraints highlighted in the Introduction and Chapter I in dealing with - in part the conceptualization of the rural labor "reserve" of the periphery - there are other operational ones that should be emphasized.They say about statistical poverty. The degree of veracity and detail of demographic, employment and wage statistics is far from desirable, if accurate and complete information were available the results would have been more accurate and incisive. Nevertheless, as can be seen throughout the studies, the information gathered is relevant. Our hope is that we can contribute, even in the purely intellectual world, to a better understanding of the socio-economic causes of internal migration and, therefore, to the formulation of more effective solutions to reduce the serious social imbalances in the region.Submitted by Ruth Quaresma de Freitas (ruth_quaresma@hotmail.com) on 2019-06-19T18:14:23Z No. of bitstreams: 1 ANGELA MARIA MOTA DE FIGUEIREDO PORTO - DISSERTAÇÃO PPGERR 1984..pdf: 14904518 bytes, checksum: 7d8b2faedafc13d71866ff2f7357d042 (MD5)Made available in DSpace on 2019-06-19T18:14:23Z (GMT). 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Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/4453info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisMigração RuralÊxodo RuralEconomia PolíticaRural MigrationRural ExodusPolitical Economyporinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCGinstname:Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)instacron:UFCGORIGINALANGELA MARIA MOTA DE FIGUEIREDO PORTO - DISSERTAÇÃO PPGERR 1984.pdfANGELA MARIA MOTA DE FIGUEIREDO PORTO - DISSERTAÇÃO PPGERR 1984.pdfapplication/pdf15890102http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/xmlui/bitstream/riufcg/4453/3/ANGELA+MARIA+MOTA+DE+FIGUEIREDO+PORTO+-+DISSERTA%C3%87%C3%83O+PPGERR+1984.pdf343d0c23b7fdb256af897a25625a4e88MD53LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/xmlui/bitstream/riufcg/4453/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52riufcg/44532022-10-03 18:53:36.372oai:localhost:riufcg/4453Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://bdtd.ufcg.edu.br/PUBhttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/oai/requestbdtd@setor.ufcg.edu.br || bdtd@setor.ufcg.edu.bropendoar:48512022-10-03T21:53:36Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG - Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)false
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A determinação do custo da força de trabalho (sob a forma de salário) não se faz - em tais condições - aos pregos reais dos bens indispensáveis a sobrevivência, mas a níveis inferiores as exigências mínimas de reprodução biológica, o que leva a uma destruição rápida de recursos humanos, comparável com os desastres ecológicos causados por uma industrialização selvagem de tipo colonial. Em quarto lugar, embora de forma indireta, torna-se evidente a relação entre a capitalização do latifúndio, através da expansão da pecuária ( isto é, do aumento do capital em pastagens e gado) e as alterações da estrutura social, caracterizada, em primeira instância, pela estagnação da população rural e pela falsa urbanização do município. Verifica-se que não e o aumento da produtividade do trabalho rural e da fertilidade das terras, nem a sobrecarga homens/terra, a verdadeira causa das crescentes dificuldades de acesso a terra e aos outros meios de produção para as camadas inferiores (em termos fundiários). É a possibilidade de obter financiamento subsidiado, privilégio dos grandes proprietários, o que impulsiona a concentração de capital-terra e capital-gado e altera, concomitantemente, o sistema tradicional de produção (pecuária/algodão/culturas alimentares de subsistência). Em quinto lugar, os dados analisados levam a conclusão de que os condicionamentos econômico-sociais da migração rural estão diretamente relacionadas com os sistemas de produção e com as correspondentes formas de trabalho. Em sexto lugar, a única alternativa que parece compatível com o contexto de um capitalismo menos selvagem seria uma reprodução dirigida e participativa da força de trabalho, implicando redirecionamento dos movimentos populacionais. Para tal seria precisa uma combinação de forças sociais distinta da atual, capaz de gerar uma vontade política de mudança, implementando políticas de desenvolvimento menos desequilibrador e menos injusto para melhorar a distribuição social e geográfica dos benefícios do crescimento econômico. Não e incompatível a prioridade para a criação de empregos e a produção de alimentos básicos com a preocupação da renda das exportações. 0 problema e de ordem e grau das prioridades sociais. Para finalizar este trabalho, falta mencionar as limitações fundamentais de ordem prática. Alem das restrições metodológicas salientadas na Introdução e no Capítulo I ao se tratar - em parte a conceitualização da "reserva" de mão de obra rural da periferia - há outras de ordem operacional que devem ser enfatizadas. Dizem a respeito da pobreza estatística. 0 grau de veracidade e de detalhamento das estátisticas demográficas, do emprego e do assalariamento, esta muito aquém do desejável, de existirem informações exatas e completas os resultados teriam sido mais precisos e incisivos. Apesar disso, como se pode verificar ao longo dos estudos, as informações reunidas resultam relevantes. A nossa esperança e poder contribuir, ainda que no piano puramente intelectual, para um melhor conhecimento das causas sócio-econômicas da migração interna e, com isso, para a formulação de soluções mais efetivas de redução dos graves desequilíbrios sociais da região.
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