Os jovens e as perspectivas educativas no Brasil: retratos do desamparo e do desalento em um pré-vestibular comunitário

• Ano de defesa: 2023
• Autor(a) principal: Macedo, Maria Manuela Dias Ramos de
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: ENEM; Adolescência; Psicanálise; Grupo; Pesquisa-intervenção; Exame Nacional do Ensino Médio (Brasil); Adolescence; Psychoanalysis; Group; Intervention-research
• Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/30459

Ainda que no Brasil as últimas décadas tenham sido marcadas pela expansão das políticas públicas de acesso e permanência às universidades, o ensino médio, por sua vez, é palco de grande disputa política traduzida pela Reforma do Ensino Médio. Paralelamente, em âmbito global, observa-se na contemporaneidade o crescimento de uma narrativa falaciosa que atribui ao empenho de cada sujeito o seu sucesso ou o seu fracasso, o que acaba por incidir fortemente na trajetória escolar dos jovens, sobretudo no que diz respeito à passagem da escola para a universidade. Provocado pelo cenário exposto, este trabalho tem como objetivo buscar compreender como os jovens brasileiros oriundos de escola pública vivenciam o momento entre a conclusão da educação básica e a realização da prova do ENEM, exame esse que possibilita o ingresso no ensino superior. Para uma melhor compreensão sobre o tema, a pesquisa contou com uma atividade de campo realizada em um cursinho pré-vestibular comunitário da cidade do Rio de Janeiro, na qual foi ofertado um espaço de escuta analítica aos alunos regularmente matriculados. Visando se opor à excessiva individualização da atualidade, a pesquisa-intervenção, realizada através do dispositivo das “Rodas de Conversa”, intencionou promover um local de escuta e troca de experiências em que os adolescentes pudessem se conhecer e se reconhecer nos discursos uns dos outros. Vale mencionar que para a teoria psicanalítica, a adolescência se refere a um processo de transição extremamente relevante, pois é o adolescer que instaura a inscrição do sujeito na sociedade com o apoio nas referências simbólicas da cultura e nas relações com os seus pares, o que é bastante propiciado pela experiência escolar. No decorrer dos encontros, notou-se que através do compartilhamento de suas angústias, anseios e desejos, o trabalho grupal possibilitou o fortalecimento do vínculo entre eles e a possibilidade de mapeamento da singularidade da condição adolescente no contexto atual de grandes entraves à vida universitária.