Crise, crédito e derivativos: ensaios de Economia Política

• Ano de defesa: 2023
• Autor(a) principal: Elton Rodrigo Rosa
• Orientador(a): Eduardo da Motta e Albuquerque
• Banca de defesa: Hugo Eduardo Araujo da Gama Cerqueira, João Antonio de Paula, Daniel do Val Cosentino, Thiago Fontelas Rosado Gambi
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Economia
• Departamento: FACE - FACULDADE DE CIENCIAS ECONOMICAS
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: crise; crédito; contratos derivativos; Crítica da Economia Política
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/49908

O objetivo deste trabalho é investigar como a esfera das finanças, em particular, o crédito e os contratos derivativos, podem ser condicionantes potenciais de formações de crise no modo de produção capitalista, a partir da perspectiva da Crítica da Economia Política. Isso não significa dizer que a simples presença de tais instrumentos garante que as crises irão eclodir, nem que a sua ausência as previna. Esses instrumentos, entretanto, modificam a forma do funcionamento do modo de produção, especialmente a sua esfera da circulação, e com isso, modificam as formas da crise. Não se trata de uma relação de causalidade, mas de condicionamento das possibilidades de crise. A tese se encontra dividida em quatro ensaios. No primeiro deles, tenta-se discutir o legado da Crítica da Economia Política para a análise das crises, diferenciando aspectos que tratam da crise em potencial e a crise efetiva. Os fatos que definem uma crise potencial não são suficientes para convertê-la em efetiva, entretanto, eles são peças essenciais porque eles condicionam formalmente como e por onde uma crise pode começar. Nesse ensaio, também aponta-se para as transformações pelas quais o modo de produção capitalista passa e que condicionam novas formas potenciais de crise. O segundo ensaio lida com a teoria do dinheiro e do crédito na elaboração de Marx. A intenção deste ensaio é demonstrar como as propriedades gerais do dinheiro, válidas para qualquer sociedade onde há produção de mercadorias em um regime de divisão do trabalho, devem ser subsumidas ao capital. Ao fazê-lo, é possível captar o seu funcionamento específico no modo de produção capitalista, cuja característica central é a absorção do sistema monetário pelo sistema de crédito. O terceiro ensaio contém uma discussão exploratória sobre os contratos derivativos em sua relação com a Crítica da Economia Política. Inicialmente, apresenta-se, descritivamente, as formas desses mercados e seus principais contratos. Em seguida, trata-se de destacar que o seu crescente uso se dá pelas metamorfoses do próprio capitalismo, que transforma a sua própria esfera de circulação, em interação com a produção, repondo os conflitos pela realização do valor em um novo nível. O quarto ensaio destaca como as potencialidades de crise se formaram para o caso da crise de 2008, dando atenção especial às transformações institucionais do sistema de crédito que era base do mercado de habitação nos Estados Unidos, através dos diferentes modelos de securitização. Os contratos derivativos também participam da formação das potencialidades de eclosão dessa crise porque tentou-se despejar o risco do mercado de crédito nesses instrumentos. Ao final, conclui-se que não se pode negligenciar os temas relativos à esfera da circulação ao analisar o modo de produção capitalista porque, embora a mais-valia seja originada na esfera da produção, nada garante que a unidade produtiva em que se originou irá realizá-la, e assim, a sua realização também é conflituosa.