Identidade, trabalho e construção social da aposentadoria para ex-executivos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Adriana Ventola Marra
Orientador(a): Antonio Luiz Marques
Banca de defesa: Marlene Catarina de Oliveira Lopes Melo, Alexandre de Padua Carrieri, Darcy Mitiko Mori Hanashiro, Fernando Coutinho Garcia, Maria Elizabeth Rezende Fernandes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-98MFT3
Resumo: Esta tess analisou o modo como ex-executivos aposentados estão reconfigurando suas identidades a partir de seus processos de identificação e de suas construções de sentido para a aposentadoria, o envelhecimento e o trabalho. O posicionamento epistemológico adotado foi o do construcionismo social, que considera que a realidade não pode ser conhecida em si e afirma a existência de múltiplas realidades construídas nas interações entre os indivíduos. Segundo Gergen (1985, p. 266), a pesquisa em construcionismo social "concentra-se" principalmente em explicar os processos pelos quais as pessoas descrevem, explicam ou interpretam o mundo em que vivem (incluindo eles próprios)". A opção teórico metodológica foi a análise de discurso. Os enunciados referenciados provieram de um corpus formado por vinte e três entrevistas e o diário de campo. Os percursos semânticos evidenciados no corpus foram: as construções sociais sobre a aposentadoria, o trabalho e suas significações, a velhice e a identificação com o discurso institucional. A partir destes percursos, foram analisadas as construções de sentido nos enunciados dos participantes, tomando como referência as estratégias discursivas manifestas: a criação de personagens, a relação entre temas explícitos e implícitos, o silenciamento, as metáforas e a seleção lexical, bem como o interdiscurso e o intradiscurso. Ao longo de suas vidas, os executivos priorizaram suas atividades profissionais e deixaram em segundo plano sua vida pessoal. A superidentificação dos executivos com o discurso institucional da organização estava vinculada à total centralidade no mundo do trabalho, o que fez com que toda sua vida ficasse centrada em sua identidade profissional. Assim, os resultados apontaram que os executivos, em geral, não queriam e não estavam preparados psicologicamente para a aposentadoria. Para lidar com essa nova fase da vida, os executivos aposentados continuarama se manter ocupados, desenvolvendo atividades, sejam profissionais, voluntários ou de lazer, na tentativa de reconfigurarem suas identidades, pautados em atributos voltados ára a manutenção da vida e da juventude. O medo da debilidade da velhice conjugado com a aposentadoria se mostrou presente ne maioria das construções discursivas dos entrevistados. A reconfiguração das identidades dos ex-executivos foi se dando por meio da construção discursiva de oposições, do antes e do depois de suas aposentadorias felizes e bem resolvidas e das histórias de aposentadorias infelizes dos outros. Essas oposições ora reforçam, ora enfraquecem as fornteiras identitárias entre o que foram e o que são, tornando-as bem definidas em algns momentos e opacas em outros. O uso das estratégias discursivas de oposição auxilia na tomada de consciência da própria condição. É somente ao perceber o outro como diferente que nasce no aposentado a consciência de sua própria identidade. Na dualidade das identificações objetivas atribuídas pelos outros e nas identificações subjetivas reivindicadas por si é que buscam o reconhecimento dos outros. Os ex-executivos aposentados estão recpnfigurando sua própria identidade num equilíbrio constante entre ser aposentado e estar afastado de tudo aquilo que lhes trazia poder, status e reconhecimento e o que os outros esperam que eles sejam: ativos, dinâmicos e bem resolvidos.
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Segundo Gergen (1985, p. 266), a pesquisa em construcionismo social "concentra-se" principalmente em explicar os processos pelos quais as pessoas descrevem, explicam ou interpretam o mundo em que vivem (incluindo eles próprios)". A opção teórico metodológica foi a análise de discurso. Os enunciados referenciados provieram de um corpus formado por vinte e três entrevistas e o diário de campo. Os percursos semânticos evidenciados no corpus foram: as construções sociais sobre a aposentadoria, o trabalho e suas significações, a velhice e a identificação com o discurso institucional. A partir destes percursos, foram analisadas as construções de sentido nos enunciados dos participantes, tomando como referência as estratégias discursivas manifestas: a criação de personagens, a relação entre temas explícitos e implícitos, o silenciamento, as metáforas e a seleção lexical, bem como o interdiscurso e o intradiscurso. Ao longo de suas vidas, os executivos priorizaram suas atividades profissionais e deixaram em segundo plano sua vida pessoal. A superidentificação dos executivos com o discurso institucional da organização estava vinculada à total centralidade no mundo do trabalho, o que fez com que toda sua vida ficasse centrada em sua identidade profissional. Assim, os resultados apontaram que os executivos, em geral, não queriam e não estavam preparados psicologicamente para a aposentadoria. Para lidar com essa nova fase da vida, os executivos aposentados continuarama se manter ocupados, desenvolvendo atividades, sejam profissionais, voluntários ou de lazer, na tentativa de reconfigurarem suas identidades, pautados em atributos voltados ára a manutenção da vida e da juventude. O medo da debilidade da velhice conjugado com a aposentadoria se mostrou presente ne maioria das construções discursivas dos entrevistados. A reconfiguração das identidades dos ex-executivos foi se dando por meio da construção discursiva de oposições, do antes e do depois de suas aposentadorias felizes e bem resolvidas e das histórias de aposentadorias infelizes dos outros. Essas oposições ora reforçam, ora enfraquecem as fornteiras identitárias entre o que foram e o que são, tornando-as bem definidas em algns momentos e opacas em outros. O uso das estratégias discursivas de oposição auxilia na tomada de consciência da própria condição. É somente ao perceber o outro como diferente que nasce no aposentado a consciência de sua própria identidade. Na dualidade das identificações objetivas atribuídas pelos outros e nas identificações subjetivas reivindicadas por si é que buscam o reconhecimento dos outros. Os ex-executivos aposentados estão recpnfigurando sua própria identidade num equilíbrio constante entre ser aposentado e estar afastado de tudo aquilo que lhes trazia poder, status e reconhecimento e o que os outros esperam que eles sejam: ativos, dinâmicos e bem resolvidos.This thesis analyzed how former executives retired are reeonfiguring their identities from their identification processes and their meaning constructions for retirement, aging and work. The epistemological position adopted was that of social constructionism, which considers thatreality cannot be known in itself and asserts the existence of multiple realities constructed in the interactions between individuals. According to Gergen (1985, p. 266), research in social constructionism "focuses primarily on explaining the processes by which people describe, explain or interpret the world in which they live (including themselves)." The theoretical methodological option was discourse analysis. The statements referenced came from a corpus composed of twenty-three interviews and field journal. Patterns semantic evidenced in the Acorpus were: social constructions about retirement, work and its meanings, old age and identification with the institutional discourse. lirom these pathways, the constructions of meaning in the statements of the participants were analyzed with reference to the discursive strategies manifest: the creation of characters, the relationship between implicit and explicit themes, silencing, metaphors, lexical selection, interdiscourse and intradiscoursc. Throughout their lives, executives had prioritized their professional activities and left in the background their personal life. The overidentiiication of the executives with the organization institutionaldiscourse was linked to the overall centrality in the world of work, which made that their whole life stayed focus on their professional identity. Thus, the results indicated that executives generally didnt want and werent psychologically prepared for retirement. To deal with this new life phase, retired executives continued to keep busy, developing activities,whether prof`essional, voluntary or leisure, trying to reconfigure their identities, guided by attributes geared to maintaining the activity and youth. The fear of the weakness of old age combined with the retirement proved to be present in most discursive constructions of respondents. The reconfiguration of the identities of former executives was getting through the discursive construction of oppositions, about before and about after, their happy and well resolved retirements and the others unhappy retirements. These oppositions, prays reinforce and sometimes weaken, the identity borders between what they have been and what they are making them well-defined in a few moments and opaque in others. The use of the opposition discursive strategies helps in awareness of the condition itself. It is only when the retiree perceives the other as different that he becomes aware of his own identity. On duality objective identifications assigned by others and subjective identifications claimed by itself that they seek the recognition of others. The former executives retirees are reconliguring their own identity in a constant balance between being a retired and being away from everything that brought them power, status and recognition and what others expect them to be: active, dynamic and well resolved.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGAposentadoria Aspectos psicologicosExecutivosEnvelhecimentoSignificado de trabalhoConstrução socialAposentadoriaIdentidadeEnvelhecimentoIdentidade, trabalho e construção social da aposentadoria para ex-executivosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALadriana_ventola_marra.pdfapplication/pdf23970012https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-98MFT3/1/adriana_ventola_marra.pdfb203034d344a229d10334c36536395d5MD51TEXTadriana_ventola_marra.pdf.txtadriana_ventola_marra.pdf.txtExtracted texttext/plain217https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-98MFT3/2/adriana_ventola_marra.pdf.txt1b079d2a3ee042bf6f82a3936d696866MD521843/BUOS-98MFT32019-11-14 16:02:49.887oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-98MFT3Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T19:02:49Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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