Mercado de trabalho em crise: uma análise da resiliência do emprego formal do estado de Minas Gerais

• Ano de defesa: 2023
• Autor(a) principal: Marcelo Figueiredo Santos
• Orientador(a): Pedro Vasconcelos Maia do Amaral
• Banca de defesa: Mariangela Furlan Antigo, Simone Wajnman, Fernanda Faria Silva, Stélio Coêlho Lombardi Filho
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Economia
• Departamento: FACE - FACULDADE DE CIENCIAS ECONOMICAS
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Resiliência; Mercado de trabalho; Análise de sobrevivência; Desigualdade
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/55829

O objetivo desta tese é analisar o impacto da crise econômica nacional dos anos de 2015/2016 sobre o emprego formal do Estado de Minas Gerais. Considera-se o impacto ao nível do trabalhador, a partir do referencial teórico de resiliência econômica e do mercado de trabalho. As análises empíricas empregadas neste trabalho visam compreender como os choques adversos impactaram a dinâmica do emprego em Minas Gerais, Estado muitas vezes considerado como um resumo do país na literatura de economia regional. O primeiro capítulo apresenta conceitualmente a dinâmica entre resiliência econômica regional e do mercado de trabalho, indicado arcabouço teórico que permite analisar como os mercados de trabalho regionais se comportam em períodos de choque. No segundo capítulo estima-se os determinantes da vulnerabilidade do mercado de trabalho, cuja vulnerabilidade é mensurada a partir da probabilidade de perda do emprego pelos trabalhadores do mercado de trabalho formal de Minas Gerais nos anos de 2015 e 2016, a partir da modelagem Probit. Os resultados encontrados nesse capítulo evidenciam que os trabalhadores do sexo masculino, jovens, com baixa escolaridade e menos experientes, foram os mais vulneráveis ao choque estudado. Também é observado nesse capítulo que os trabalhadores que possuíam contratos temporários, que atuavam em microempresas optantes pelo simples nacional, nos setores da indústria de transformação e construção civil e que estavam nas regiões de maior dinamismo econômico do Estado foram mais vulneráveis aos impactos da crise estudada. No terceiro capítulo analisa-se a resiliência como o retorno do trabalhador demitido durante a crise ao emprego formal no período de 2015 a 2017, a partir do modelo econométrico de análise de sobrevivência. Os resultados encontrados evidenciam a dificuldade de retorno ao emprego no período estudado. Verifica-se que as mulheres, menos escolarizados e menos experientes tiveram maiores dificuldades de retorno ao emprego formal nos anos de 2015 a 2017. Também se pode observar que o grau de proximidade regional da ocupação e do setor de atividade econômica do emprego anterior dos trabalhadores com a estrutura produtiva local contribuíram para o retorno mais rápido ao mercado de trabalho no período analisado. A variável complexidade econômica foi significativa para explicar o retorno ao emprego e esteve associada à dinâmica da economia nacional no período estudado. Do ponto de vista regional, verificou-se que o trabalhador que perdeu emprego e se encontrava na mesorregião do Jequitinhonha, que está associada baixas taxas de desenvolvimento econômico no Estado de Minas Gerais, demorou mais tempo para retornar ao emprego formal no período. Portanto, esse trabalho ao estudar o emprego a partir de um nível individual, abre caminhos para compreensão da resiliência do mercado de trabalho brasileiro e complementa as análises agregadas existentes no Brasil. A utilização da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS-MPT), a partir da identificação dos indivíduos pelo CPF, possibilitou contabilizar o tempo em que o trabalhador ficou fora do setor formal nos anos analisados, permitiu aplicação do método econométrico de sobrevivência e criou alternativas para o estudo da resiliência no Brasil. Outro ponto destacado nesta tese, é a necessidade de mais estudos que abordem o impacto das crises sobre as desigualdades econômicas regionais mineiras. Além disso, pode-se verificar que as crises tendem a acentuar desigualdades marcantes do mercado de trabalho brasileiro, como é evidenciado no caso das desigualdades de gênero e regionais.