Loucura e gênero: uma análise da escrita autobiográfica de Maura Lopes Cançado

• Ano de defesa: 2014
• Autor(a) principal: Leisa Ferreira Amaral Gomes
• Orientador(a): Maria Stella Brandao Goulart
• Banca de defesa: Maria Ignez Costa Moreira, Marilia Novais da Mata Machado
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Palavras-chave em Português: Loucura; Maura Lopes Cançado; Reforma Psiquiátrica; Gênero; Psicologia Social; Identidade
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-AF3J6V

A presente dissertação analisa a escrita autobiográfica da autora mineira Maura Lopes Cançado (1929-1993), a partir do livro Hospício é Deus, que foi primeiramente publicado em 1965. Constitui um misto de gêneros literários, como diário, memórias e autobiografia, escrito entre 1959 e 1960, quando a autora se encontrava internada no Hospital Gustavo Riedel do Centro Psiquiátrico Nacional, localizado no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro - RJ. Esta pesquisa insere-se no campo da psicologia social crítica e utiliza como referencial teórico-metodológico a análise de discurso inspirada na descrição arqueológica de Michel Foucault. Investiga o discurso da loucura presente na escrita autobiográfica de Maura Lopes Cançado, articulando texto e contexto social, marcado por importantes questões de gênero. Para essa discussão, adota, sobretudo, os referenciais teóricos de Joan Scott e Judith Butler, dentre outras teóricas dos estudos de gênero. No que concerne ao tema da loucura, apoia-se em Michel Foucault e em teóricos da reforma psiquiátrica brasileira. O livro-denúncia Hospício é Deus antecede a reforma psiquiátrica brasileira. Maura Lopes Cançado se vê às voltas com questões identitárias relacionadas à condição de ser louca. Descreve as mulheres também internadas, as relações com médicos, enfermeiras e funcionários, os tratamentos e também os maus-tratos. A loucura desafia a compreensão da autora e sua visão romantizada do hospício como um lugar fora do mundo não encontra ressonância em um cotidiano institucional opressivo.