A violência oculta: um estudo sobre polifarmácia e uso de medicamentos potencialmente inapropriados entre idosos residentes em instituições de longa permanência em Belo Horizonte

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Ana Cristina de Azevedo Issa
• Orientador(a): Edgar Nunes de Moraes
• Banca de defesa: Elza Machado de Melo, Fausto Aloísio Pedrosa Pimenta, Flávia Lanna de Moraes
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Promoção de Saúde e Prevenção da Violência
• Departamento: MED - DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA SOCIAL
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Envelhecimento; Polifarmácia; Prescrição potencialmente inapropriada; Instituições de longa permanência de idosos; Polypharmacy; Pottentialy inappropriate medication; Nursing homes; Elderly
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/57461

Introdução: O envelhecimento populacional está associado a novas demandas ao sistema de saúde, particularmente aquelas relacionadas aos cuidados de longa duração. Torna-se necessária a capacitação dos profissionais de saúde para um olhar adequado às particularidades dos idosos, principalmente dos frágeis, muitos dos quais residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI). Residir em uma ILPI está entre os principais fatores de risco de polifarmácia e prescrições potencialmente inapropriadas, o que faz com que esses idosos, mais vulneráveis estejam expostos a desfechos adversos de saúde e consequentemente a internação e óbito. Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar a presença de polifarmácia e uso de medicamentos potencialmente inapropriados entre a população idosa residente em ILPIs em Belo Horizonte, bem como os agravos de saúde relacionados a seu uso. Material e Métodos: Foi realizado um estudo observacional seccional que analisou uma amostra de 1769 idosos residentes em 96 ILPI particulares e públicas de Belo Horizonte. Foram consideradas para análise, a presença de polifarmácia, e a presença de medicações inapropriadas segundo os critérios explícitos (PIE) e implícitos (PII). Cada uma dessas três condições foi avaliada separadamente considerando variáveis que contemplassem o perfil sócio familiar e o perfil clínico funcional de cada idoso, obtidas a partir da avaliação global de saúde, que continha a lista de medicamentos em uso e o índice de vulnerabilidade clínico-funcional (IVCF-20) de cada idoso, preenchidos pelos funcionários das instituições. Resultados/Discussão: A grande maioria de nossa amostra (96.2%) era composta por idosos frágeis, do sexo feminino (69.3%), com elevada prevalência de polifarmácia (58.6%) e prescrições inapropriadas segundo critérios explícitos (43.2%) e implícitos (61%). A presença de polifarmácia estava positivamente associada a auto percepção de saúde como regular/ruim, residir em ILPI filantrópica e com maior número de residentes, sendo que sua prevalência foi maior que 50% nos idosos em risco de fragilização e frágeis. Polifarmácia estava associada ao comprometimento da cognição e da mobilidade. (p<0.005). Houve associação positiva entre PIE e ter menos de 80 anos, residir em ILPI particulares e com menos de 20 idosos, bem com possuir de plano de saúde. O uso de PIE também estava associada a internação nos últimos 6 meses(p=0.037). A presença de PII estava positivamente associada a sexo feminino, idade mais avançada, percepção ruim da saúde e fragilidade, (p<0.001) com uma prevalência de quase 80% em idosos muito frágeis. Houve associação de PII com vários desfechos negativos de saúde, como comprometimento da cognição, do humor, da mobilidade e internações recentes. (p<0.05). Chama a atenção a alta prevalência de medicamentos anticolinérgicos e de efeito sedativo e no comportamento, principalmente de antipsicóticos. Polifarmácia, prescrições inapropriadas segundo critérios explícitos e implícitos foram condições que se mostraram fortemente associadas. (p<0.05). A partir desses achados, concluímos que o desconhecimento da complexidade do envelhecimento e suas particularidades, sem levar em conta seus diferentes graus de dependência e necessidades, expõe a população idosa, principalmente os mais frágeis, a situações de risco diversas, sendo importante causa de iatrogenia, e por conseguinte, de violência contra o idoso.