Poder, autoridade e constituição : fundação e conservação do corpo político no pensamento de Hannah Arendt

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Bárbara Gonçalves de Araújo Braga lattes
Orientador(a): Helton Machado Adverse lattes
Banca de defesa: Nádia Souki, Newton Bignotto de Souza
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Departamento: FAF - DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/46969
Resumo: O presente estudo analisa a diferenciação e a interdependência entre poder e autoridade no pensamento de Hannah Arendt, tendo em vista demonstrar de que modo tais conceitos políticos fundamentais não manifestam um mero antagonismo entre dimensões apartadas em compartimentos estanques, mas sim um indissociável vínculo diferencial, pois se distinguem somente na mesma medida em que se mantêm relacionados. Se, por um lado, o poder está associado ao caráter agonístico, performático e pré-institucional da ação e sua ilimitada capacidade de estabelecer relações entre os homens, dando início a novos processos sobre a preexistente teia de relações humanas, por outro lado, a autoridade exprime a capacidade dos homens de fundar e preservar um mundo comum que, sem necessidade de coerção e persuasão, mantenha continuidade com suas fundações e suas instituições, manifestando relativa permanência e reconhecimento em face dos sempre cambiantes, frágeis e inconstantes negócios humanos. Portanto, ainda que poder e autoridade manifestem aspectos aparentemente opostos, Arendt reconhece que é a convivência entre tais noções que possibilita a própria existência do espaço público, pois é no jogo, muitas vezes tenso, entre as formas instituídas e a força instituinte do mundo comum que se realiza a esfera do político. Contudo, segundo o diagnóstico arendtiano, com o advento do secularismo, a autoridade, tomada em sua expressão romana e compreendida à luz da filosofia política inspirada na tradição grega e na sua apropriação cristã, não possuiria mais realidade fenomênica. A autoridade, como até então se concebia, teria se perdido juntamente com a crença em um mundo transcendente, não podendo ser restabelecida ou restaurada. Isso, porém, não significa que a era moderna anulou qualquer possibilidade de conferir estabilidade para um ordenamento legal consentido e continuidade para as instituições de um corpo político. Refletindo sobre as revoluções modernas, Arendt não somente exaltou o modo como tais eventos concederam plena visibilidade ao poder e à liberdade, mas também a forma como neles emergiu um novo fator estabilizador capaz de assegurar, sem o recurso à transcendência, a durabilidade do corpo político. A autora enxergou na fundação americana não apenas a possibilidade da ação política, mas também o momento em que se trouxe à existência a Constituição que, por sua vez, retirou dessa ocorrência primitiva o consentimento que sustentará a manutenção futura das instituições e das leis. Todavia, a Constituição, como moderna expressão da autoridade, não pode anular a capacidade instituinte do poder mediante ação conjunta de cidadãos livres e ativos, aptos a efetuar uma descontinuidade com as instituições e leis vigentes. Assim, a durabilidade do espaço público deve ser capaz de abrigar o dissenso participativo e deliberativo, pois Arendt busca pensar a conservação de um corpo político que não suprima os espaços de resistência, expressão, discussão e ação coletiva, como nas contestações civis, de tal modo que a autoridade só teria razão de ser em sua coexistência com o poder, testando a própria legitimidade da ordem jurídico-institucional e estabelecendo a tensão entre a representação política e a participação política, como no sistema de conselhos
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Se, por um lado, o poder está associado ao caráter agonístico, performático e pré-institucional da ação e sua ilimitada capacidade de estabelecer relações entre os homens, dando início a novos processos sobre a preexistente teia de relações humanas, por outro lado, a autoridade exprime a capacidade dos homens de fundar e preservar um mundo comum que, sem necessidade de coerção e persuasão, mantenha continuidade com suas fundações e suas instituições, manifestando relativa permanência e reconhecimento em face dos sempre cambiantes, frágeis e inconstantes negócios humanos. Portanto, ainda que poder e autoridade manifestem aspectos aparentemente opostos, Arendt reconhece que é a convivência entre tais noções que possibilita a própria existência do espaço público, pois é no jogo, muitas vezes tenso, entre as formas instituídas e a força instituinte do mundo comum que se realiza a esfera do político. Contudo, segundo o diagnóstico arendtiano, com o advento do secularismo, a autoridade, tomada em sua expressão romana e compreendida à luz da filosofia política inspirada na tradição grega e na sua apropriação cristã, não possuiria mais realidade fenomênica. A autoridade, como até então se concebia, teria se perdido juntamente com a crença em um mundo transcendente, não podendo ser restabelecida ou restaurada. Isso, porém, não significa que a era moderna anulou qualquer possibilidade de conferir estabilidade para um ordenamento legal consentido e continuidade para as instituições de um corpo político. Refletindo sobre as revoluções modernas, Arendt não somente exaltou o modo como tais eventos concederam plena visibilidade ao poder e à liberdade, mas também a forma como neles emergiu um novo fator estabilizador capaz de assegurar, sem o recurso à transcendência, a durabilidade do corpo político. A autora enxergou na fundação americana não apenas a possibilidade da ação política, mas também o momento em que se trouxe à existência a Constituição que, por sua vez, retirou dessa ocorrência primitiva o consentimento que sustentará a manutenção futura das instituições e das leis. Todavia, a Constituição, como moderna expressão da autoridade, não pode anular a capacidade instituinte do poder mediante ação conjunta de cidadãos livres e ativos, aptos a efetuar uma descontinuidade com as instituições e leis vigentes. Assim, a durabilidade do espaço público deve ser capaz de abrigar o dissenso participativo e deliberativo, pois Arendt busca pensar a conservação de um corpo político que não suprima os espaços de resistência, expressão, discussão e ação coletiva, como nas contestações civis, de tal modo que a autoridade só teria razão de ser em sua coexistência com o poder, testando a própria legitimidade da ordem jurídico-institucional e estabelecendo a tensão entre a representação política e a participação política, como no sistema de conselhosThe present study analyzes the differentiation and the interdependence between power and authority according to Hannah Arendt's thought, aiming at showing how such fundamental political concepts represent not only a mere antagonism between dimensions separated into isolated compartments, but also an inseparable differential link, as they are differed from one another as long as they are kept related. If, on one hand, power is related to the agonistic, performative and pre-institutional character of the action and its endless capability to establish relations between men, giving birth to new processes over the preexisting human relations, on the other hand, authority expresses men's capability to found and preserve an ordinary world which, without any need of coercion or persuasion, keeps the continuity of their foundations and institutions, expressing a relative permanence and recognition before the ever-changing, fragile and inconstant human affairs. Therefore, even if power and authority express seemingly paradoxical aspects, Arendt recognizes that the coexistence between such notions is that enables existence of the public space itself, as it is in the game, which is tense many times, between the organized forms and the organizing force that the political sphere takes place. However, according to the arendtian diagnosis, with the advent of the secularism, authority, taken in its Roman expression and understood in light of the political philosophy built upon the Greek tradition and its Christian appropriation, would no longer have phenomenic reality. Authority, as it was understood until then, would have gotten lost along with the belief in a transcendent world, could not be recovered or restored. This, however, does not mean that the modern age has obliterated any possibility of providing stability for a granted legal organization or the continuity for the institutions of a political body. Thinking over the modern revolutions, Arendt not only exalted the way such events granted full visibility to power and liberty, but also the way a new stabilizing factor derived from them, which is able to guarantee, without the transcendence resource, the endurance of the political body. The author saw in the American Foundation not only the possibility of the political action, but also the moment in which the Constitution was given birth, which, in turn, took from this primitive occurrence the consent that will support the future continuity of the institutions and laws. However, the Constitution, as a modern expression of the authority, cannot annul the capability that institutes the power before the free and active citizens' collective actions, who are apt to instigate a radical discontinuity with the institutions and the current laws. Thus, the public space stability must be able to hold the participative and deliberative dissent, as Arendt attempts to think of the preservation of a political body that does not subdue the spaces for resistance, expression, discussion and collective action, such as in civil demonstrations, so that authority would only have a reason to exist in its coexistence with power, trying its own juridical-institutional order legitimacy and establishing the tension between the political representation and the political participation, like in the council government systems.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em FilosofiaUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE FILOSOFIAFilosofia - TesesArendt, Hannah, 1906-1975Poder (Filosofia) - TesesAutoridade - TesesCiência política - Filosofia - TesesHannah ArendtPoderAutoridadeFundaçãoConstituiçãoPoder, autoridade e constituição : fundação e conservação do corpo político no pensamento de Hannah Arendtinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALDissertação_Bárbara_Gonçalves_de_Araújo_Braga.pdfDissertação_Bárbara_Gonçalves_de_Araújo_Braga.pdfapplication/pdf1022476https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/46969/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o_B%c3%a1rbara_Gon%c3%a7alves_de_Ara%c3%bajo_Braga.pdf790c82d9b4e2cb2677180bbacc0113a3MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/46969/2/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD521843/469692022-11-07 11:09:06.204oai:repositorio.ufmg.br:1843/46969TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2022-11-07T14:09:06Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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