Configuração política e relações de poder no trabalho infantil doméstico: tensões nos discursos dos media e de trabalhadoras
Ano de defesa: | 2014 |
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Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Minas Gerais
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
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País: |
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9URFS2 |
Resumo: | O objetivo desta tese é compreender as relações de poder que atravessam o Trabalho Infantil Doméstico (TID) e analisar como elas atuam na configuração política dessa questão. De acordo com a literatura sobre o TID, trata-se uma da forma de grave de dominação. Assim, o lugar atribuído aos sujeitos afetados é marcado pela subordinação e subalternidade. Frente a perspectivas que subjugam a capacidade crítica dos indivíduos acerca da situação em que vivem, recorremos à conceituação de Honneth (2007; 2012a) sobre o reconhecimento ideológico, que nos permite discutir a respeito das motivações racionais baseadas num sistema de crenças que fazem com que as pessoas acedam a lógicas e práticas que podem colocá-las em situação de dominação. Pressupomos que entre o reconhecimento ideológico e a luta política haveria um espaço de disputas, resistências e construção de solidariedade e situamos nossa pesquisa na discussão acerca desse lugar e das relações de poder o constroem. No caso do trabalho infantil doméstico, a luta pelo enfrentamento desse problema foi empreendida por organizações de advocacy, que, como representantes auto-autorizados, falaram em nome dos sujeitos atingidos pelo TID. Nosso problema de pesquisa consiste, então, em analisar como relações de poder atuam na configuração política do trabalho infantil doméstico tanto a partir do ponto de vista das próprias envolvidas quanto no âmbito de visibilidade ampliada dos media, num contexto social em que grupos de advocacy constroem uma luta pública contra esse tipo de trabalho infantil e contam com apoio dos media. Como referencial teórico sobre o conceito de político, dialogamos essencialmente com três autores: Habermas (2003), Mansbridge (1999; 2009) e Honneth (2003). Para orientar a discussão sobre poder, partimos da proposta de Allen (1998; 2000) que destacou três aspectos analiticamente distinguíveis desse conceito: power over, power to e power with. Focamos nossa análise do estado do Pará, onde existiu de 2000 a 2010 o Programa de Enfrentamento ao Trabalho Infantil Doméstico (Petid), executado pelo Cedeca-Emáus, em parceira com entidades locais e internacionais. A pesquisa foi organizada a partir de dois eixos: (1) tematização pública do trabalho infantil doméstico nos media, por ser um espaço privilegiado para observar a construção e mobilização de significados partilhados a respeito do trabalho infantil doméstico; (2) discursos de trabalhadoras e ex-trabalhadoras infantis domésticas a respeito dessa prática apreendidos por meio de grupos focais. No total, foram investigadas 136 matérias publicadas nos principais jornais locais (O Liberal e Diário do Pará) entre 2000 e 2009 e realizados sete grupos focais com meninas e mulheres diretamente afetadas pelo TID. Como esquema metodológico geral, inspiramo-nos na proposta de Allen (2000) e examinamos o modo pelo qual as relações de poder participaram da constituição de (1) lugares e posicionamentos para os sujeitos, (2) de significados culturais, e, (3) de práticas sociais (sobretudo políticas). Os resultados foram apresentados de modo comparativo entre o que diziam os media e as afetadas e divididos em três temáticas: Definições acerca do TID; Vivências no TID; e Projeções de Futuro e Responsabilidades. As conclusões apontam que, dependendo do tema em questão, o jogo entre relações de poder pode repercutir em práticas políticas de aceitação, resistência ou demonstração de injustiças. |
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Rousiley Celi Moreira MaiaAngela Cristina Salgueiro MarquesSimone Maria RochaFlávia Millena Biroli TokarskiKelly Cristina de Souza PrudencioDanila Gentil Rodriguez Cal2019-08-11T01:44:30Z2019-08-11T01:44:30Z2014-05-13http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9URFS2O objetivo desta tese é compreender as relações de poder que atravessam o Trabalho Infantil Doméstico (TID) e analisar como elas atuam na configuração política dessa questão. De acordo com a literatura sobre o TID, trata-se uma da forma de grave de dominação. Assim, o lugar atribuído aos sujeitos afetados é marcado pela subordinação e subalternidade. Frente a perspectivas que subjugam a capacidade crítica dos indivíduos acerca da situação em que vivem, recorremos à conceituação de Honneth (2007; 2012a) sobre o reconhecimento ideológico, que nos permite discutir a respeito das motivações racionais baseadas num sistema de crenças que fazem com que as pessoas acedam a lógicas e práticas que podem colocá-las em situação de dominação. Pressupomos que entre o reconhecimento ideológico e a luta política haveria um espaço de disputas, resistências e construção de solidariedade e situamos nossa pesquisa na discussão acerca desse lugar e das relações de poder o constroem. No caso do trabalho infantil doméstico, a luta pelo enfrentamento desse problema foi empreendida por organizações de advocacy, que, como representantes auto-autorizados, falaram em nome dos sujeitos atingidos pelo TID. Nosso problema de pesquisa consiste, então, em analisar como relações de poder atuam na configuração política do trabalho infantil doméstico tanto a partir do ponto de vista das próprias envolvidas quanto no âmbito de visibilidade ampliada dos media, num contexto social em que grupos de advocacy constroem uma luta pública contra esse tipo de trabalho infantil e contam com apoio dos media. Como referencial teórico sobre o conceito de político, dialogamos essencialmente com três autores: Habermas (2003), Mansbridge (1999; 2009) e Honneth (2003). Para orientar a discussão sobre poder, partimos da proposta de Allen (1998; 2000) que destacou três aspectos analiticamente distinguíveis desse conceito: power over, power to e power with. Focamos nossa análise do estado do Pará, onde existiu de 2000 a 2010 o Programa de Enfrentamento ao Trabalho Infantil Doméstico (Petid), executado pelo Cedeca-Emáus, em parceira com entidades locais e internacionais. A pesquisa foi organizada a partir de dois eixos: (1) tematização pública do trabalho infantil doméstico nos media, por ser um espaço privilegiado para observar a construção e mobilização de significados partilhados a respeito do trabalho infantil doméstico; (2) discursos de trabalhadoras e ex-trabalhadoras infantis domésticas a respeito dessa prática apreendidos por meio de grupos focais. No total, foram investigadas 136 matérias publicadas nos principais jornais locais (O Liberal e Diário do Pará) entre 2000 e 2009 e realizados sete grupos focais com meninas e mulheres diretamente afetadas pelo TID. Como esquema metodológico geral, inspiramo-nos na proposta de Allen (2000) e examinamos o modo pelo qual as relações de poder participaram da constituição de (1) lugares e posicionamentos para os sujeitos, (2) de significados culturais, e, (3) de práticas sociais (sobretudo políticas). Os resultados foram apresentados de modo comparativo entre o que diziam os media e as afetadas e divididos em três temáticas: Definições acerca do TID; Vivências no TID; e Projeções de Futuro e Responsabilidades. As conclusões apontam que, dependendo do tema em questão, o jogo entre relações de poder pode repercutir em práticas políticas de aceitação, resistência ou demonstração de injustiças.The objective of this thesis is to understand the power relations that traverse the Child Domestic Labor (CDL) and analyze their effect on the political configuration of this issue. According to the literature on the CDL, it is a severe form of domination. As a result, the place given to the affected subject is marked by the subordination and inferiority. Confronting perspectives that subjugate the critical ability of individuals to interpret the situation in which they live, we resorted to the Honneths (2007; 2012a) conceptualization of ideological recognition, which allows us to discuss about the rational motivations, based on a system of beliefs, that make with people accessing the logics and practices that may put them in a position of domination. We assume that between ideological recognition and political struggle would be an area of disputes, resistance and solidarity and we placed our research in the discussion about this place and about the power relations that build it. In the case of child domestic labor, the struggle for tackling this problem was undertaken by advocacy organizations, which, as self-authorized representatives, spoke on behalf of the individuals affected by the CDL. Our research problem, then, is to analyze how power relations acts in the political configuration of child domestic labor both from the point of view of the affected people and from the media, in a social context in which advocacy groups publically fight against this type of child labor and have the support of the media. About the theoretical framework on the concept of "political", we dialogue essentially with three authors: Habermas (2003), Mansbridge (1999; 2009) and Honneth (2003). To guide the discussion about power, we set out from Allen's (1998; 2000) perspective that highlighted three analytically distinguishable aspects of this concept: power over, power to and power with. We focus our analysis of the state of Pará, where existed from 2000 to 2010 the Programme to Combat Domestic Child Labour (Petid), by Cedeca-Emaús, in partnership with local and international entities. The research was organized from two axes: (1) public thematization of child domestic labor in the media, as a privileged space to observe the construction and deployment of shared meanings about child domestic labor; (2) discourses of workers and former child domestic workers about this practice seized through focus groups. In total, we investigated 136 articles published in major local newspapers (O Liberal and Diário do Pará) between 2000 and 2009 and conducted seven focus groups with girls and women directly affected by CDL. As a general methodological scheme, Allens (2000) suggestions inspired us to examine the way in which power relations participated in the formation of: (1) subject-positions; (2) cultural meanings; and (3) social practices (especially political). The results were presented comparatively between what the media and the affected people said and were divided into three themes: definitions of the CDL; Experiences in CDL; and Future Projections and Responsibilities. The findings indicate that, depending on the issue at hand, the interplay between power relations could impact in political practices of acceptance, resistance or demonstration of injustice.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGGrupos focais (Técnica de entrevista)Poder (Ciências sociais)ComunicaçãoMenores EmpregoConfiguração PolíticaGrupo focalRelações de poderTrabalho Infantil DomésticoMediaConfiguração política e relações de poder no trabalho infantil doméstico: tensões nos discursos dos media e de trabalhadorasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_danila_cal___ufmg_2014.pdfapplication/pdf2560823https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9URFS2/1/tese_danila_cal___ufmg_2014.pdf1df2af604caac856d8fc168bf618af17MD51TEXTtese_danila_cal___ufmg_2014.pdf.txttese_danila_cal___ufmg_2014.pdf.txtExtracted texttext/plain848588https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9URFS2/2/tese_danila_cal___ufmg_2014.pdf.txt1865ea2469a3a2e333373209b2036268MD521843/BUOS-9URFS22019-11-14 08:04:12.162oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-9URFS2Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T11:04:12Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
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