Temperamentos afetivos: aspectos genéticos, familiaridade e aplicação na clínica dos transtornos de humor

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Alexandre de Aguiar Ferreira
Orientador(a): Humberto Correa da Silva Filho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9EFH39
Resumo: A identificação de características do temperamento afetivo tem sido considerada uma questão importante nas manifestações psicopatológicas do humor. O questionário TEMPS-Rio de Janeiro é um instrumento que permite esta identificação nos seguintes tipos: depressivo, ciclotímico, irritado, hipertímico, ansioso e preocupado. O primeiro objetivo do presente estudo foi caracterizar o temperamento afetivo em uma amostra de pacientes com Transtornos de Humor em comparação aos seus familiares e a um grupo controle. Outros objetivos foram avaliar se o temperamento afetivo influencia a resposta ao antidepressivo nos pacientes e se há associação entre o temperamento afetivo e variáveis genéticas do BDNF e da COMT. A amostra total foi constituída por 446 participantes. Foram avaliados 178 pacientes, sendo 90 com diagnóstico de Transtorno Bipolar (TB) e 88 com diagnóstico de Transtorno Depressivo Maior (TDM) (critérios DSM-IV), com relato de uso de antidepressivo por pelo menos oito semanas consecutivas. Os perfis do temperamento afetivo também foram avaliados em 132 familiares de primeiro grau desses pacientes e em 136 voluntários controles saudáveis. Constatou-se que as médias dos escores para todos os tipos de temperamento, exceto para o tipo hipertímico, foram maiores na população clínica em relação aos familiares, que, por sua vez, tiveram médias superiores aos controles. Na comparação da população clínica, os tipos de temperamento ciclotímico e hipertímico foram mais associados ao TB enquanto que o tipo ansioso foi mais associado ao TDM. Na comparação de familiares dos pacientes com TB e familiares de pacientes com TDM entre si e em relação aos controles, o temperamento ciclotímico foi mais comum nos familiares de bipolares. Em relação à questão da terapêutica antidepressiva, a ausência de resposta foi associada aos temperamentos depressivo e ansioso. Na população de bipolares, houve associação de mania induzida pelo antidepressivo com maiores escores dos tipos hipertímico e ciclotímico. Outro achado relevante foi a associação do temperamento hipertímico com melhor resposta ao antidepressivo nos quadros de TDM. Na análise genética efetuada na população clínica, encontrou-se tendência (P=0.054) à associação do temperamento depressivo com a presença do alelo Met do polimorfismo BDNF Val66Met. Portanto, os resultados indicam que o temperamento afetivo tem agregação familiar, o que demanda pesquisas no sentido de identificar fatores genéticos e neurobiológicos associados à sua constituição. O estudo também aponta para a ideia da avaliação do temperamento afetivo como um instrumento clínico útil para a caracterização das formas de manifestações psicopatológicas, do prognóstico e da conduta terapêutica dos transtornos do humor.
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Em relação à questão da terapêutica antidepressiva, a ausência de resposta foi associada aos temperamentos depressivo e ansioso. Na população de bipolares, houve associação de mania induzida pelo antidepressivo com maiores escores dos tipos hipertímico e ciclotímico. Outro achado relevante foi a associação do temperamento hipertímico com melhor resposta ao antidepressivo nos quadros de TDM. Na análise genética efetuada na população clínica, encontrou-se tendência (P=0.054) à associação do temperamento depressivo com a presença do alelo Met do polimorfismo BDNF Val66Met. Portanto, os resultados indicam que o temperamento afetivo tem agregação familiar, o que demanda pesquisas no sentido de identificar fatores genéticos e neurobiológicos associados à sua constituição. O estudo também aponta para a ideia da avaliação do temperamento afetivo como um instrumento clínico útil para a caracterização das formas de manifestações psicopatológicas, do prognóstico e da conduta terapêutica dos transtornos do humor.The affective temperament profiles have been proposed as an important issue in the psychopathology of mood disorders. The brief Brazilian version of TEMPS-A -TEMPS-Rio de Janeiro identifies the affective temperament profiles in six types: depressive, cyclothymic, irritable, hyperthymic, anxious and worrying temperaments. The first aim of this study was evaluate the affective temperaments among mood disorder patients, their relatives and normal controls and perform a comparison between these groups. The influence of affective temperament in antidepressant response and the association between affective temperament profiles and BDNF, and COMT genetic polymorphisms were other aims of this study. The global sample was composed by 446 participants. 178 patients [90 diagnosed as bipolar (BD) and 88 as major depressive disorder (MDD) patients] were evaluated. All patients have taken antidepressant by at least eight weeks. The affective temperament profiles of 132 first degree relatives of these patients (HRP group) and 136 normal controls (NC) were too evaluated. The clinical group showed higher temperament scores than HRP and NC, except for hyperthymic scores. BD patients showed higher cyclothymic, hyperthymic and lower anxious scores than MDD patients. In the comparison between relatives of bipolar patients and the relatives of MDD patients and NC group, higher cyclothymic scores were found in bipolar relatives. About the antidepressant response issue, the absence of response was associated with depressive and anxious temperament. Among bipolar patients, antidepressant-induced mania was associated with higher scores in hyperthymic and cyclothymic subscales. Another finding was the association between hyperthymic temperament type and better antidepressant response in MDD patients. In the genetic analysis performed in the clinical population, we found a trend (P = 0.054) association of depressive temperament with presence of the Met allele of the BDNF Val66Met polymorphism. Therefore, the affective temperaments traits have familial aspects, thus lending further support to future research to identify genetic and neurobiological factors which could be associated to its constitution. Our data support that affective temperaments might become an useful tool for clinical characterization and therapeutic response evaluation in mood disorders.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGSintomas afetivosNeurociênciasTranstornos do humorQuestionáriosEstresse psicológicoFamíliaPsicoterapiaBDNFTranstornos do humorResposta ao antidepressivoTEMPS-Rio de JaneiroTemperamentos afetivosTemperamentos afetivos: aspectos genéticos, familiaridade e aplicação na clínica dos transtornos de humorinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtexto___tese_alexandre_aguiar.pdfapplication/pdf672125https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9EFH39/1/texto___tese_alexandre_aguiar.pdf739675050ae46302a2f3053012d64eedMD51TEXTtexto___tese_alexandre_aguiar.pdf.txttexto___tese_alexandre_aguiar.pdf.txtExtracted texttext/plain143692https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9EFH39/2/texto___tese_alexandre_aguiar.pdf.txt72f536fd3b3a4abee5a614bc002e66caMD521843/BUBD-9EFH392019-11-14 11:17:37.512oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-9EFH39Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T14:17:37Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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