As representações do camponês e do latifundiário brasileiros: trabalhadores rurais e coronéis na cultura política comunista (1922-1964)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Paula Elise Ferreira Soares
Orientador(a): Jorge Luiz Ferreira
Banca de defesa: Maria Eliza Linhares Borges
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/VGRO-8M6R79
Resumo: O presente trabalho pretende recuperar o imaginário construído por militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB) sobre o meio rural, tentando evidenciar algumas das representações acerca dos camponeses e dos que eram entendidos como seus principais opositores, os latifundiários. Buscou-se apreender os valores, as imagens e as idéias que os comunistas elaboraram sobre o campesinato e os coronéis, como forma não apenas de significar o comportamento político dos primeiros atores a se voltarem de modo sistemático para o trabalho com os homens do campo, como também, de ampliar o conhecimento sobre a cultura política comunista desenvolvida no Brasil pelo PCB. Entender o meio rural, suas relações políticas e sociais significava, para os militantes do PCB, conhecer o Brasil, já que naquele momento o país era majoritariamente agrícola, além de ser a forma de viabilizar a eclosão da revolução brasileira. Por isso, os pecebistas desprenderam um enorme esforço para entenderem quem era e como viviam os camponeses e os latifundiários. Apenas em fins da década de 1940 seriam enviados militantes para atuarem no meio rural, mas, antes mesmo de chegarem aos sertões, os comunistas se dedicaram a pensar e analisar a vida dos trabalhadores rurais. Teóricos, literatos e artistas se voltaram para a temática rural, colaborando com o esforço de formular um programa de ações e diretrizes do partido em relação aos camponeses. Se nos primeiros anos de sua existência o PCB compreendeu o campo como o lugar do atraso, do apego à propriedade, do conformismo, dos resquícios medievais e da superstição, já nos anos 1940 esta visão começa a se alterar e os camponeses passam a serem encarados como homens passíveis de revolta, de ação e, sobretudo, como homens capazes de se unirem ao proletariado na luta pela instauração do socialismo. Classe dúbia, o campesinato poderia se tornar progressista, caso fosse bem conduzido. Ao mesmo tempo, se fosse deixado sem direção ou passassem por um processo de enriquecimento, tornavam-se apegados a terra, deixavam de serem homens humildes e se tornavam exploradores do trabalho alheio, tal como os latifundiários. De fato, os latifundiários seriam compreendidos como camponeses que haviam passado por uma deformação em seu caráter devido à riqueza acumulada e em função do exercício da exploração. Seriam homens corpulentos, preguiçosos e os principais inimigos da nação, já que eram o vínculo do país com o imperialismo. 9 Ao percorremos os periódicos, as obras teóricas, as obras literárias e as obras de arte elaboradas pelos pecebistas entre 1922-1964, nos deparamos com a formulação do primeiro programa agrário da esquerda do país e entramos em contato com a visão de mundo que durante muitos anos marcaria a compreensão brasileira acerca dos camponeses e latifundiários. Sendo assim, esse trabalho nos conduz ao encontro do esforço e do sonho dos comunistas em compreenderem sua nação e em elaborarem estratégias que permitiriam a libertação dos brasileiros de uma trajetória de atraso e de miséria.
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Entender o meio rural, suas relações políticas e sociais significava, para os militantes do PCB, conhecer o Brasil, já que naquele momento o país era majoritariamente agrícola, além de ser a forma de viabilizar a eclosão da revolução brasileira. Por isso, os pecebistas desprenderam um enorme esforço para entenderem quem era e como viviam os camponeses e os latifundiários. Apenas em fins da década de 1940 seriam enviados militantes para atuarem no meio rural, mas, antes mesmo de chegarem aos sertões, os comunistas se dedicaram a pensar e analisar a vida dos trabalhadores rurais. Teóricos, literatos e artistas se voltaram para a temática rural, colaborando com o esforço de formular um programa de ações e diretrizes do partido em relação aos camponeses. Se nos primeiros anos de sua existência o PCB compreendeu o campo como o lugar do atraso, do apego à propriedade, do conformismo, dos resquícios medievais e da superstição, já nos anos 1940 esta visão começa a se alterar e os camponeses passam a serem encarados como homens passíveis de revolta, de ação e, sobretudo, como homens capazes de se unirem ao proletariado na luta pela instauração do socialismo. Classe dúbia, o campesinato poderia se tornar progressista, caso fosse bem conduzido. Ao mesmo tempo, se fosse deixado sem direção ou passassem por um processo de enriquecimento, tornavam-se apegados a terra, deixavam de serem homens humildes e se tornavam exploradores do trabalho alheio, tal como os latifundiários. De fato, os latifundiários seriam compreendidos como camponeses que haviam passado por uma deformação em seu caráter devido à riqueza acumulada e em função do exercício da exploração. Seriam homens corpulentos, preguiçosos e os principais inimigos da nação, já que eram o vínculo do país com o imperialismo. 9 Ao percorremos os periódicos, as obras teóricas, as obras literárias e as obras de arte elaboradas pelos pecebistas entre 1922-1964, nos deparamos com a formulação do primeiro programa agrário da esquerda do país e entramos em contato com a visão de mundo que durante muitos anos marcaria a compreensão brasileira acerca dos camponeses e latifundiários. Sendo assim, esse trabalho nos conduz ao encontro do esforço e do sonho dos comunistas em compreenderem sua nação e em elaborarem estratégias que permitiriam a libertação dos brasileiros de uma trajetória de atraso e de miséria.This work aims to recover the imaginary built by militants of the Brazilian Communist Party (PCB) on rural workers and landowners from 1922 to 1964. The PCB was the first Brazilian organization to deal with rural workers and its political culture influenced several left-oriented organizations in the country. Thus, theorists, writers and artists strove to formulate an original program of the party concerning rural workers. The rural was seen as a place of stagnation in the early years of the existence of the party. However, in the 1940s, this idea begins to change and rural workers were seen as revolutionaries, as well as the working class. The rural workers could then have two options: to become progressive if well conducted, or to become exploiter of alien labor, if enriched. Landowners belonged to the latter group. They were seen as lazy fat men and the main enemies of the nation, the country's ties with imperialism. We find the first formulation of an agrarian left-oriented program in Brazil through the journals, theoretical, literary and art works produced by the PCB between 1922 and 1964. We discover also the ideas that marked the comprehension of Brazilian rural workers and landowners for many years to come.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGPartido Comunista BrasileiroLatifundio BrasilCamponesesHistóriaBrasil HistoriaCamponêsLatifundiárioPartido comunista brasileiroImaginárioRepresentaçãoAs representações do camponês e do latifundiário brasileiros: trabalhadores rurais e coronéis na cultura política comunista (1922-1964)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALpaula_elise_ferreira_soares_disserta__o.pdfapplication/pdf11462367https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VGRO-8M6R79/1/paula_elise_ferreira_soares_disserta__o.pdf4ad77e04cce48aaf539ba64efd939e93MD51TEXTpaula_elise_ferreira_soares_disserta__o.pdf.txtpaula_elise_ferreira_soares_disserta__o.pdf.txtExtracted texttext/plain629610https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VGRO-8M6R79/2/paula_elise_ferreira_soares_disserta__o.pdf.txtd0d9b4589fd2e96b1b144913f6ee7b12MD521843/VGRO-8M6R792019-11-14 10:00:09.365oai:repositorio.ufmg.br:1843/VGRO-8M6R79Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T13:00:09Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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