A noção de crise no campo da saúde mental: saberes e práticas em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Aline Gomes Martins
Orientador(a): Izabel Christina Friche Passos
Banca de defesa: Walter Melo Junior, Cassandra Pereira Franca
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-984J8V
Resumo: O presente trabalho é um estudo de caso em uma perspectiva qualitativa. Objetiva problematizar a noção de crise, que dá sustentação aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) enquanto serviços de atenção a crises e urgências em saúde mental. Para tanto, foram realizadas observações participantes, entrevistas com profissionais especialistas, conversas com os profissionais não especialistas e usuários de um CAPS de uma cidade do interior de Minas Gerais. Para uma melhor compreensão sobre o tema, foi efetuado um levantamento bibliográfico exploratório a fim de investigar as noções de crise no transcorrer da história da saúde mental, desde as ideias defendidas pela psiquiatria clássica até os saberes difundidos pela reforma psiquiátrica. As entrevistas realizadas com os profissionais foram gravadas e transcritas na íntegra, e analisadas a partir das contribuições da análise de conteúdo. A análise das entrevistas permitiu levantar quatro hipóteses. Essas hipóteses compreendem temas centrais presentes nas falas dos entrevistados e se configuraram em categorias de análise. Foram elas: Hierarquização do saber; Medicalização; Supervalorização do protocolo; Concepções de crise. Cada categoria expõe um tema conflituoso, os quais se entrelaçam e compõem os resultados dessa pesquisa. As entrevistas mostram que a maioria dos profissionais se encontram perdidos dentro do serviço, sem saber o que fazer e como agir. Tal situação pode ser explicada pela hegemonia do saber médico, que deixa pouco espaço para as demais áreas do conhecimento atuarem. Por mais que exista uma multiplicidade de saberes e de noções convivendo entre si, fica claro que predomina no CAPS uma noção de crise aos moldes da clínica médica. Como a crise é percebida, pela maioria dos profissionais, como um estado de agudez dos sintomas psiquiátricos, e o sujeito é avaliado a partir do seu comportamento, não se abre possibilidades para outros tratamentos que levem em consideração a subjetividade e toda a complexidade de relações sociais que a constitui e mantém. Para que um tratamento efetivo se construa, precisamos romper com a hegemonia de saberes e abrir as portas para múltiplas possibilidades de perceber e lidar com a crise, a depender da demanda do paciente. O que há de primordial no cuidado com a crise é a dimensão subjetiva. O trato com a mesma se constrói a partir da relação com o sujeito, com a sua história de vida, familiar, profissional e emocional.
id UFMG_66b267ca9b4b82a83cfe9c281884060c
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-984J8V
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Izabel Christina Friche PassosWalter Melo JuniorCassandra Pereira FrancaAline Gomes Martins2019-08-09T16:07:27Z2019-08-09T16:07:27Z2013-03-28http://hdl.handle.net/1843/BUOS-984J8VO presente trabalho é um estudo de caso em uma perspectiva qualitativa. Objetiva problematizar a noção de crise, que dá sustentação aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) enquanto serviços de atenção a crises e urgências em saúde mental. Para tanto, foram realizadas observações participantes, entrevistas com profissionais especialistas, conversas com os profissionais não especialistas e usuários de um CAPS de uma cidade do interior de Minas Gerais. Para uma melhor compreensão sobre o tema, foi efetuado um levantamento bibliográfico exploratório a fim de investigar as noções de crise no transcorrer da história da saúde mental, desde as ideias defendidas pela psiquiatria clássica até os saberes difundidos pela reforma psiquiátrica. As entrevistas realizadas com os profissionais foram gravadas e transcritas na íntegra, e analisadas a partir das contribuições da análise de conteúdo. A análise das entrevistas permitiu levantar quatro hipóteses. Essas hipóteses compreendem temas centrais presentes nas falas dos entrevistados e se configuraram em categorias de análise. Foram elas: Hierarquização do saber; Medicalização; Supervalorização do protocolo; Concepções de crise. Cada categoria expõe um tema conflituoso, os quais se entrelaçam e compõem os resultados dessa pesquisa. As entrevistas mostram que a maioria dos profissionais se encontram perdidos dentro do serviço, sem saber o que fazer e como agir. Tal situação pode ser explicada pela hegemonia do saber médico, que deixa pouco espaço para as demais áreas do conhecimento atuarem. Por mais que exista uma multiplicidade de saberes e de noções convivendo entre si, fica claro que predomina no CAPS uma noção de crise aos moldes da clínica médica. Como a crise é percebida, pela maioria dos profissionais, como um estado de agudez dos sintomas psiquiátricos, e o sujeito é avaliado a partir do seu comportamento, não se abre possibilidades para outros tratamentos que levem em consideração a subjetividade e toda a complexidade de relações sociais que a constitui e mantém. Para que um tratamento efetivo se construa, precisamos romper com a hegemonia de saberes e abrir as portas para múltiplas possibilidades de perceber e lidar com a crise, a depender da demanda do paciente. O que há de primordial no cuidado com a crise é a dimensão subjetiva. O trato com a mesma se constrói a partir da relação com o sujeito, com a sua história de vida, familiar, profissional e emocional.The present paper is a qualitative case study. It aims at discussing the crisis notion supporting Psychosocial Attention Centers (CAPS) which offer services of attention to mental health crisis and urgencies. Therefore it were conducted participants observations, interviews to specialized professionals, talks to non specialized professionals and to CAPS users in a Minas Gerais state countryside town. In order to best comprehend the argument, an exploratory bibliographic survey was conducted to investigate the notion of crisis throughout mental health history; from the ideas sustained by classic psychiatry up to the knowledge transmitted by the psychiatric reform. The interviews to the professionals were recorded and transcribed integrally, and analyzed according to the contributions of the content analysis. The interviews analysis allowed the raising of four hypotheses. These hypotheses approach central topics in the respondents speech and were configured in categories of analysis as follows: knowledge ranking, medicalization, protocol overvaluation and crisis conceptions. Each category displays a conflictive issue which intertwines and composes the result for this research. The interviews have shown that most of the professionals feel lost in his duties without knowing what to do or how to act. Such situation can be explained by the hegemony on the medical service which barely leaves room for other fields. Despite the existence of multiple coexisting skills and definitions, it is clear the predominance in the CAPS context of a crisis notion molded by the medical clinic. As the crisis is taken by most of the professionals as a state of intensification of psychiatric symptoms and the patient is evaluated for his behavior, no opportunities are given to other treatments which take in consideration the subjectivity and the complexity of social relations which constitute and keep the crisis. In order to build an effective treatment, it is necessary to break with the hegemony of knowledges and give chances to multiple possibilities of realizing and dealing with the crisis according to the patient demands. It must be primordial the subjective dimension in dealing with the crisis. This treating is built from the relation with the subject, his personal, familiar, professional and emotional records.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGReforma psiquiátricaSaúde mentalPsicologiaReforma psiquiátricaCriseClínica ampliadaConflito epistemológicoCentro de Atenção Psicossocial (CAPS)A noção de crise no campo da saúde mental: saberes e práticas em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdissertacao_aline_para_a_biblioteca.pdfapplication/pdf923135https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-984J8V/1/dissertacao_aline_para_a_biblioteca.pdf026472237cac5ca8bf4b800f5a7dc131MD51TEXTdissertacao_aline_para_a_biblioteca.pdf.txtdissertacao_aline_para_a_biblioteca.pdf.txtExtracted texttext/plain202783https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-984J8V/2/dissertacao_aline_para_a_biblioteca.pdf.txt9c2f3e19ce5ff52bab3c6fbe683cbe6fMD521843/BUOS-984J8V2019-11-14 06:45:31.995oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-984J8VRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T09:45:31Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv A noção de crise no campo da saúde mental: saberes e práticas em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
title A noção de crise no campo da saúde mental: saberes e práticas em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
spellingShingle A noção de crise no campo da saúde mental: saberes e práticas em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
Aline Gomes Martins
Reforma psiquiátrica
Crise
Clínica ampliada
Conflito epistemológico
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
Reforma psiquiátrica
Saúde mental
Psicologia
title_short A noção de crise no campo da saúde mental: saberes e práticas em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
title_full A noção de crise no campo da saúde mental: saberes e práticas em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
title_fullStr A noção de crise no campo da saúde mental: saberes e práticas em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
title_full_unstemmed A noção de crise no campo da saúde mental: saberes e práticas em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
title_sort A noção de crise no campo da saúde mental: saberes e práticas em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
author Aline Gomes Martins
author_facet Aline Gomes Martins
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Izabel Christina Friche Passos
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Walter Melo Junior
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Cassandra Pereira Franca
dc.contributor.author.fl_str_mv Aline Gomes Martins
contributor_str_mv Izabel Christina Friche Passos
Walter Melo Junior
Cassandra Pereira Franca
dc.subject.por.fl_str_mv Reforma psiquiátrica
Crise
Clínica ampliada
Conflito epistemológico
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
topic Reforma psiquiátrica
Crise
Clínica ampliada
Conflito epistemológico
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
Reforma psiquiátrica
Saúde mental
Psicologia
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Reforma psiquiátrica
Saúde mental
Psicologia
description O presente trabalho é um estudo de caso em uma perspectiva qualitativa. Objetiva problematizar a noção de crise, que dá sustentação aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) enquanto serviços de atenção a crises e urgências em saúde mental. Para tanto, foram realizadas observações participantes, entrevistas com profissionais especialistas, conversas com os profissionais não especialistas e usuários de um CAPS de uma cidade do interior de Minas Gerais. Para uma melhor compreensão sobre o tema, foi efetuado um levantamento bibliográfico exploratório a fim de investigar as noções de crise no transcorrer da história da saúde mental, desde as ideias defendidas pela psiquiatria clássica até os saberes difundidos pela reforma psiquiátrica. As entrevistas realizadas com os profissionais foram gravadas e transcritas na íntegra, e analisadas a partir das contribuições da análise de conteúdo. A análise das entrevistas permitiu levantar quatro hipóteses. Essas hipóteses compreendem temas centrais presentes nas falas dos entrevistados e se configuraram em categorias de análise. Foram elas: Hierarquização do saber; Medicalização; Supervalorização do protocolo; Concepções de crise. Cada categoria expõe um tema conflituoso, os quais se entrelaçam e compõem os resultados dessa pesquisa. As entrevistas mostram que a maioria dos profissionais se encontram perdidos dentro do serviço, sem saber o que fazer e como agir. Tal situação pode ser explicada pela hegemonia do saber médico, que deixa pouco espaço para as demais áreas do conhecimento atuarem. Por mais que exista uma multiplicidade de saberes e de noções convivendo entre si, fica claro que predomina no CAPS uma noção de crise aos moldes da clínica médica. Como a crise é percebida, pela maioria dos profissionais, como um estado de agudez dos sintomas psiquiátricos, e o sujeito é avaliado a partir do seu comportamento, não se abre possibilidades para outros tratamentos que levem em consideração a subjetividade e toda a complexidade de relações sociais que a constitui e mantém. Para que um tratamento efetivo se construa, precisamos romper com a hegemonia de saberes e abrir as portas para múltiplas possibilidades de perceber e lidar com a crise, a depender da demanda do paciente. O que há de primordial no cuidado com a crise é a dimensão subjetiva. O trato com a mesma se constrói a partir da relação com o sujeito, com a sua história de vida, familiar, profissional e emocional.
publishDate 2013
dc.date.issued.fl_str_mv 2013-03-28
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-09T16:07:27Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-09T16:07:27Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/BUOS-984J8V
url http://hdl.handle.net/1843/BUOS-984J8V
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-984J8V/1/dissertacao_aline_para_a_biblioteca.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-984J8V/2/dissertacao_aline_para_a_biblioteca.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 026472237cac5ca8bf4b800f5a7dc131
9c2f3e19ce5ff52bab3c6fbe683cbe6f
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1793890957420134400