A reprodução interpretativa do obsceno infantil na cultura de pares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Cibele Noronha de Carvalho
Orientador(a): Maria Cristina Soares de Gouvea
Banca de defesa: Antonio Augusto Gomes Batista, Manuel José Jacinto Sarmento Pereira, Ana Lydia Bezerra Santiago
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-99JJRF
Resumo: Esta dissertação pretende investigar o compartilhamento entre crianças de músicas, parlendas, anedotas e brincadeiras tradicionais com informações interditas pelos adultos, sobretudo no que concerne à sexualidade. Trata-se de saber como e por que as crianças reproduzem, criam, interpretam e transmitem, no interior de uma cultura de pares, um conjunto de saberes oriundos de uma reserva simbólica adulta. O trabalho se situa no campo dos estudos da criança e opera com os conceitos de administração simbólica da infância, de Manuel Sarmento; reprodução interpretativa, de Willian Corsaro; e folclore obsceno das crianças, de Claude Gaignebet. Como recursos metodológicos, optou-se pela análise do cotidiano escolar de crianças, acrescida de quatro entrevistas com memórias obscenas infantis deadultos. A observação foi realizada em uma escola que atende famílias provenientes de frações intelectualizadas das classes médias, em geral críticas da educação tradicional, e que comumente se autodenominam alternativas, politizadas ou democráticas. Os entrevistados foram escolhidos entre os membros desse mesmo grupo. Observou-se que tal compartilhamento possui diversas motivações: serve a uma curiosidade sexual infantil, conforme constata Freud, é fonte de prazer ou de alívio do desprazer e assume a forma de uma interação social integrativa ou de instrumento de afirmação da virilidade. Por fim,percebeu-se que os modos e as razões desse compartilhamento atendem relações estruturais entre a infância e a sociedade de forma mais ampla. Ou seja, concluiu-se que o obsceno infantil pode ser compreendido como uma resposta adaptativa das crianças às proibições e prescrições de uma administração simbólica da infância socio-historicamente variável, podendo assumir a forma tradicional e anônima de um folclore, como demonstram as entrevistas ou de uma investigação coletiva entre pares bastante escolarizada, como fez ver aobservação. Por se tratar de um estudo de caso, credor das especificidades do grupo em questão, tais conclusões não poderão ser universalizadas, tampouco esgotam as possibilidades de existência de outros modos e outras razões.
id UFMG_766d0892b34bfb618c9aef0d0abe8f5a
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-99JJRF
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Maria Cristina Soares de GouveaAntonio Augusto Gomes BatistaAntonio Augusto Gomes BatistaManuel José Jacinto Sarmento PereiraAna Lydia Bezerra SantiagoCibele Noronha de Carvalho2019-08-14T06:35:25Z2019-08-14T06:35:25Z2013-05-02http://hdl.handle.net/1843/BUOS-99JJRFEsta dissertação pretende investigar o compartilhamento entre crianças de músicas, parlendas, anedotas e brincadeiras tradicionais com informações interditas pelos adultos, sobretudo no que concerne à sexualidade. Trata-se de saber como e por que as crianças reproduzem, criam, interpretam e transmitem, no interior de uma cultura de pares, um conjunto de saberes oriundos de uma reserva simbólica adulta. O trabalho se situa no campo dos estudos da criança e opera com os conceitos de administração simbólica da infância, de Manuel Sarmento; reprodução interpretativa, de Willian Corsaro; e folclore obsceno das crianças, de Claude Gaignebet. Como recursos metodológicos, optou-se pela análise do cotidiano escolar de crianças, acrescida de quatro entrevistas com memórias obscenas infantis deadultos. A observação foi realizada em uma escola que atende famílias provenientes de frações intelectualizadas das classes médias, em geral críticas da educação tradicional, e que comumente se autodenominam alternativas, politizadas ou democráticas. Os entrevistados foram escolhidos entre os membros desse mesmo grupo. Observou-se que tal compartilhamento possui diversas motivações: serve a uma curiosidade sexual infantil, conforme constata Freud, é fonte de prazer ou de alívio do desprazer e assume a forma de uma interação social integrativa ou de instrumento de afirmação da virilidade. Por fim,percebeu-se que os modos e as razões desse compartilhamento atendem relações estruturais entre a infância e a sociedade de forma mais ampla. Ou seja, concluiu-se que o obsceno infantil pode ser compreendido como uma resposta adaptativa das crianças às proibições e prescrições de uma administração simbólica da infância socio-historicamente variável, podendo assumir a forma tradicional e anônima de um folclore, como demonstram as entrevistas ou de uma investigação coletiva entre pares bastante escolarizada, como fez ver aobservação. Por se tratar de um estudo de caso, credor das especificidades do grupo em questão, tais conclusões não poderão ser universalizadas, tampouco esgotam as possibilidades de existência de outros modos e outras razões.This dissertation aims to investigate the sharing by children of traditional games, songs, recitative elements, rhymes, anecdotes and jokes containing information interdicted by adults, particularly concerning sexuality. The research focuses on how and why children reproduce,create, interpret and convey within a peer culture knowledge stemming from an Adult Symbolic Reserve. This paper is grounded in the field of Childhood Studies and works with Manuel Sarmentos concept of Symbolic Management of Childhood, Willian Corsaros concept of Interpretative Reproduction, and Claude Gaignebets concept of Obscene Folklore of Children. The methodological resources used are the observation and analysis of childrens daily life at school, as well as four interviews with adults on their obscene childhood memories. The school where observation of the children was carried out catersmostly to middle class, intellectual families, who are generally critical of traditional education and commonly identify themselves as alternative, politicized, or democratic. The adults interviewed were selected from this same group of people. The study showed that the sharing of games, songs, recitative elements, rhymes, anecdotes and jokes containing information interdicted by adults fulfills several types of motivations: it is an attempt to satisfy childrens curiosity about sex (as demonstrated by Freud), a source of pleasure or relief of displeasure, takes the form of integrative social interaction, or is an instrument for affirmation ofmanhood. The investigation also showed that the ways and reasons of this sharing fit broader structural relationships between childhood and society. In other words, the research concluded that childhood obscene can be understood as an adaptive response by children to the proscription and prohibitions of a socially and historically variable Symbolic Management of Childhood, which may take the traditional and anonymous form of folklore, as shown by the interviews, or alternatively the form of a quite scholarly collective investigation among peers, as shown by the observation of children in their school environment. Because the investigation constituted a case study, and due to the specific characteristics of the group in question, these conclusions cannot be deemed universal and do not exhaust the possibility thatother ways and reasons may exist.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGCrianças  Aspectos sociais FolcloreEducaçãoSexo  Aspectos sociais Culturas da infânciaFolcloreSexualidadeA reprodução interpretativa do obsceno infantil na cultura de paresinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_vers_o_p_s_defesa.pdfapplication/pdf980369https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-99JJRF/1/disserta__o_vers_o_p_s_defesa.pdf7ed4e32dfed798ea4cccaf60fcb8bd88MD51TEXTdisserta__o_vers_o_p_s_defesa.pdf.txtdisserta__o_vers_o_p_s_defesa.pdf.txtExtracted texttext/plain296046https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-99JJRF/2/disserta__o_vers_o_p_s_defesa.pdf.txt348d979b114d9211094bad2f1ba5358aMD521843/BUOS-99JJRF2019-11-14 06:40:38.918oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-99JJRFRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T09:40:38Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv A reprodução interpretativa do obsceno infantil na cultura de pares
title A reprodução interpretativa do obsceno infantil na cultura de pares
spellingShingle A reprodução interpretativa do obsceno infantil na cultura de pares
Cibele Noronha de Carvalho
Culturas da infância
Folclore
Sexualidade
Crianças  Aspectos sociais 
Folclore
Educação
Sexo  Aspectos sociais 
title_short A reprodução interpretativa do obsceno infantil na cultura de pares
title_full A reprodução interpretativa do obsceno infantil na cultura de pares
title_fullStr A reprodução interpretativa do obsceno infantil na cultura de pares
title_full_unstemmed A reprodução interpretativa do obsceno infantil na cultura de pares
title_sort A reprodução interpretativa do obsceno infantil na cultura de pares
author Cibele Noronha de Carvalho
author_facet Cibele Noronha de Carvalho
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Maria Cristina Soares de Gouvea
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv Antonio Augusto Gomes Batista
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Antonio Augusto Gomes Batista
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Manuel José Jacinto Sarmento Pereira
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Ana Lydia Bezerra Santiago
dc.contributor.author.fl_str_mv Cibele Noronha de Carvalho
contributor_str_mv Maria Cristina Soares de Gouvea
Antonio Augusto Gomes Batista
Antonio Augusto Gomes Batista
Manuel José Jacinto Sarmento Pereira
Ana Lydia Bezerra Santiago
dc.subject.por.fl_str_mv Culturas da infância
Folclore
Sexualidade
topic Culturas da infância
Folclore
Sexualidade
Crianças  Aspectos sociais 
Folclore
Educação
Sexo  Aspectos sociais 
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Crianças  Aspectos sociais 
Folclore
Educação
Sexo  Aspectos sociais 
description Esta dissertação pretende investigar o compartilhamento entre crianças de músicas, parlendas, anedotas e brincadeiras tradicionais com informações interditas pelos adultos, sobretudo no que concerne à sexualidade. Trata-se de saber como e por que as crianças reproduzem, criam, interpretam e transmitem, no interior de uma cultura de pares, um conjunto de saberes oriundos de uma reserva simbólica adulta. O trabalho se situa no campo dos estudos da criança e opera com os conceitos de administração simbólica da infância, de Manuel Sarmento; reprodução interpretativa, de Willian Corsaro; e folclore obsceno das crianças, de Claude Gaignebet. Como recursos metodológicos, optou-se pela análise do cotidiano escolar de crianças, acrescida de quatro entrevistas com memórias obscenas infantis deadultos. A observação foi realizada em uma escola que atende famílias provenientes de frações intelectualizadas das classes médias, em geral críticas da educação tradicional, e que comumente se autodenominam alternativas, politizadas ou democráticas. Os entrevistados foram escolhidos entre os membros desse mesmo grupo. Observou-se que tal compartilhamento possui diversas motivações: serve a uma curiosidade sexual infantil, conforme constata Freud, é fonte de prazer ou de alívio do desprazer e assume a forma de uma interação social integrativa ou de instrumento de afirmação da virilidade. Por fim,percebeu-se que os modos e as razões desse compartilhamento atendem relações estruturais entre a infância e a sociedade de forma mais ampla. Ou seja, concluiu-se que o obsceno infantil pode ser compreendido como uma resposta adaptativa das crianças às proibições e prescrições de uma administração simbólica da infância socio-historicamente variável, podendo assumir a forma tradicional e anônima de um folclore, como demonstram as entrevistas ou de uma investigação coletiva entre pares bastante escolarizada, como fez ver aobservação. Por se tratar de um estudo de caso, credor das especificidades do grupo em questão, tais conclusões não poderão ser universalizadas, tampouco esgotam as possibilidades de existência de outros modos e outras razões.
publishDate 2013
dc.date.issued.fl_str_mv 2013-05-02
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-14T06:35:25Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-14T06:35:25Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/BUOS-99JJRF
url http://hdl.handle.net/1843/BUOS-99JJRF
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-99JJRF/1/disserta__o_vers_o_p_s_defesa.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-99JJRF/2/disserta__o_vers_o_p_s_defesa.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 7ed4e32dfed798ea4cccaf60fcb8bd88
348d979b114d9211094bad2f1ba5358a
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1797972998657933312