A teia da vida: violência interpessoal nas Minas setecentistas.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1998
Autor(a) principal: Celia Nonata da Silva
Orientador(a): Carla Maria Junho Anastasia
Banca de defesa: Enio Jose da Costa Brito, Adriana Romeiro
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/VCSA-6HLL42
Resumo: Nosso estudo tem por objetivo analisar a manifestação da violência interpessoal nas Minas Setecentista, ressaltando, primeiramente a necessidade de se entender o que é a violência interpessoal, levando em conta as investigações documentais e as atuais análises sobre violência nas várias disciplinas das ciências humanas. Acreditamos que o conceito de violência interpessoal está intimamente relacionado com a eterna busca de ser e pertencer dos seres humanos em sociedade, cujo fundamento (ontológico) concentra-se na busca material como suporte para a aquisição de distinção e de poder pessoal. Assim, a Introdução tem como objetivo uma breve revisão da literatura teórica sobre a violência e da historiografia brasileira sobre o tema. Cabe ressaltar que são poucos os trabalhos sobre o estudo proposto. O primeiro capítulo examina o uso da violência dos homens de patente e dos potentados na busca por poder pessoal e prestígio. O desejo de autonomia de mando dos servidores da administração de El Rei na Capitania das Minas gerava uma violência exacerbada e sem limites, contrastando em grande medida com a atuação eficaz da justiça defendida por muitos historiadores. Essa violência cotidiana na sociedade mineira revelava um jogo de poder, sustentado pelo desafio constante entre os atores. Percebe-se, pois, um jogo, uma trama estruturante do próprio desenvolvimento das Minas Setecentista. O segundo capítulo enfoca a atuação dos padres, freis e demais membros da Igreja na comunidade Setecentista mineira, e seus comportamentos cotidianos violentos que contrastavam com as ordens do Rei e da própria Igreja. Assim como os homens de patente, os eclesiásticos buscavam, através de favoritismos e clientelismos e do uso da violência, manter também um certo poder de mando, enfrentando, na maioria das vezes, os outros administradores de El Rei. Pelo fato de se estar analisando apenas o envolvimento de padres com o poder e o uso da pulsão agressiva para objetivar esses fins, não se levou em conta os abusos eclesiásticos concernentes à moral social e os pecados da carne. O terceiro capítulo, Nossos inimigos analisa a violência cotidiana dos escravos e negros libertos dentro do próprio jogo de desafios em que se encontravam os homens de mando. Ou seja, inseridos no quadro da violência dos brancos, as turbulências negras tinham um caráter próprio que era o de ocupar um espaço nesses territórios de mando, conquistados à base de força e violência. O quarto capítulo examina os lugares de desordem e da violência gratuita. As ruas e as tavernas são palcos de intrigantes mortes e violências, e por isso mesmo vigiadas constantemente por meio de leis que proibiam o uso de bebidas e estabeleciam horários de funcionamento para as vendas já que eram lugares onde havia uma maior probabilidade de crimes, roubos e desordens. No que se refere às fontes utilizadas para o desenvolvimento do trabalho, a documentação investigada não ficou restrita aos processos crimes, pois, o que se pretendeu analisar foi a manifestação da violência interpessoal enquanto um código simbólico e um ritual internalizados num contexto específico, não seu grau de incidência na sociedade colonial mineira. Nessa medida, no desenvolvimento de nosso trabalho utilizamo-nos dos acervos documentais da Capitania das Minas reservados no Arquivo Público Mineiro, tais como os códices da Secretaria de Governo, os documentos em caixa e a documentação avulsa relativas à região estudada. 
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