Meninos traídos: abuso sexual e constituição da masculinidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Andre Assis Breder de Oliveira
Orientador(a): Cassandra Pereira Franca
Banca de defesa: Elisa Maria de Ulhoa Cintra, Paulo Cesar de Carvalho Ribeiro
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-AQKHT6
Resumo: As vicissitudes da relação pai-filho e do traumático enquanto ataque sexual serão contempladas nessa dissertação que visa abrir um debate acerca da violação sexual de meninos perpetrada por homens que, perante eles, são referenciais identificatórios. Buscando apresentar uma escuta psicanalítica do impacto da traição sobre a identidade masculina nessas relações afetivas que deveriam ser éticas e estáveis, acompanhamos os movimentos defensivos presentes em depoimentos e casos clínicos da literatura em que se é possível observar a desautorização da significância do próprio acontecimento traumático e seus desdobramentos, como estados dissociativos e a identificação com o agressor enquanto alternativa viável para se conservar elementos da identificação masculina. O cenário desse estudo está emoldurado pela falta de lugar na cultura para o homem-vítima, e pela qualidadefundamentalmente defensiva da masculinidade. Seguindo as propostas de S. Bleichmar, constatamos o embaraço da face caótica do traumático em relação à constituição da masculinidade uma vez que este processo é marcado pelo paradoxo fundamental em que o menino precisa incorporar o pênis paterno para revestir de potência e legitimar sua posição sexuada. Assim, a qualidade espinhosa da relação entre abuso sexual e identidade masculina suplantaria a problemática em torno da orientação sexual ao impor uma transitividade que reaviva os fantasmas homossexuais que ameaçam o núcleo identitário e atormentam os meninos traídos com a possibilidade de que, fora do rígido enquadre viril da masculinidade, eles, de fato, não podem ser homens.
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