A toxicomania como paradigma do entorpecimento pulsional e o gozo autista do corpo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Thales Siqueira de Carvalho
Orientador(a): Marcia Maria Rosa Vieira
Banca de defesa: Fabián Abraham Naparstek, Antonio Marcio Ribeiro Teixeira
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-984JFE
Resumo: A toxicomania é uma modalidade de uso de drogas, que se torna um hábito excessivo e desmensurado, do qual o indivíduo usuário apresenta grande dificuldade de abster-se. Nela, os outros e os ideais parecem excluídos da mira do sujeito. No trabalho clínico com pacientes toxicômanos, somos colocados constantemente diante de impasses que comprometem o progresso do tratamento como, por exemplo, a indiferença frente aos riscos de morte, pouquíssima aderência ao tratamento e a prevalência do ato em detrimento às palavras. Para além de tais manifestações, escolhemos, como objeto desta pesquisa, a relação autoerótica do sujeito toxicômano com o corpo, tomando-a como paradigma da estrutura viciante própria da pulsão presente em todos os sujeitos, porém em graus diferentes, e a nosso ver, potencializada pela configuração social contemporânea. Assim, o crescente número de casos de adições compulsivas, não somente a toxicomania, configura, em nossa contemporaneidade, marcada pela permissividade ao gozo desmedido, um paradigma do caráter entorpecente e extasiante próprio da pulsão. Indagamos se há aí um modo de satisfação do corpo fora da marcação simbólica, um gozo do organismo, que exige satisfação na montagem pulsional dos sujeitos, e que nos casos de toxicomania se configuraria como o pivô da intoxicação. Nós o indagamos, tendo em vista que, diante da inoperância de seus recursos psíquicos para lidar com a vida do corpo, corpo esse escapa à morte pelo uso da palavra, o toxicômano se entregaria a um puro autoerotismo sem o uso da fantasia. Tal modo de funcionamento, nos leva à ideia de um autismo generalizado, isto é, posto a todo sujeito, mas que, na toxicomania, encontraria uma prevalência.
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