Sociedade em crise: uma leitura de Sueños digitales (2000) e El delirio de turing (2003)

• Ano de defesa: 2019
• Autor(a) principal: Eulálio Marques Borges
• Orientador(a): Graciela Ines Ravetti de Gomez
• Banca de defesa: Romulo Monte Alto, Juan Pablo Chiappara Cabrera
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Palavras-chave em Português: crise; ficção científica; paranoia; violência
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/LETR-BB6QHH

Considerando os poucos estudos feitos, pela crítica literária especializada, sobre Sueños Digitales (2000) e El delirio de Turing (2003), do boliviano Edmundo Paz Soldán, a presente dissertação analisa, concomitantemente, os romances referidos a fim de evidenciar a ideia de Río Fugitivo, onde se desenrolam os acontecimentos de ambas as narrativas, enquanto uma sociedade em crise e com personagens em crise. Para tanto, parte-se das aproximações e distanciamentos com a ficção científica contemporânea que as duas tramas realizam no intuito de evidenciar essa cidade imaginária no valor de um lugar caótico, estratificado, por vezes em conflito armado e povoado por sujeitos que estabelecem complexas relações com as tecnologias às quais têm acesso, como a fotografia e a internet. Muitos desses indivíduos, vistos aqui na condição de reflexos desse ambiente problemático, acabam por desenvolver diferentes mentalidades paranoicas, agressivas ou não, sendo elas marcadas pela mania de perseguição, pela megalomania e até mesmo pelas alucinações auditivas e visuais, entre outras características. Essa imagem de topos em crise com habitantes em crise se potencializa ao observarmos algumas expressões da violência, naturalizada e espetacularizada, que figuram nesses enredos, para além da questão do poder, desejado por alguns dos personagens criados por Paz Soldán. Todos esses tópicos, aparentemente desconexos, se entrecruzam a partir de histórias que jogam com a ficção científica, em especial com o cyberpunk, e o policial, mais precisamente com a ideia de ficción paranoica, encontrando, ademais, ecos na contemporaneidade, suscitando reflexões e discussões atinentes aos dias de hoje e mostrando-nos como a literatura pode ser, também, uma maneira de ler, interpretar e, quem sabe, enfrentar o mundo em que vivemos.