Mudanças climáticas e agricultura no Brasil: impactos econômicos regionais e por cultivo familiar e patronal

• Ano de defesa: 2020
• Autor(a) principal: Tarik Marques do Prado Tanure
• Orientador(a): Edson Paulo Domingues
• Banca de defesa: André Luis Squarize Chagas, Weslem Rodrigues Faria, Gilvan Ramalho Guedes, Bernardo Campolina
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Economia
• Departamento: FACE - FACULDADE DE CIENCIAS ECONOMICAS
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Mudanças Climáticas; Agricultura Familiar; Produtividade Agrícola; Equilíbrio Geral Computável
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/33870

O fenômeno das mudanças climáticas afeta uma variedade de aspectos, vai do ecossistêmico e biológico ao socioeconômico, envolve transformações graduais ao longo de um extenso horizonte temporal, causa externalidades e amplia incertezas. A produtividade agrícola, apesar de ser determinada, em grande medida, por fatores produtivos, é extremamente sensível às alterações de temperatura e precipitação, e portanto, vulnerável aos efeitos do fenômeno climático. Esta tese analisa os impactos futuros das mudanças climáticas sobre a produtividade agrícola dos cultivos vinculados à agricultura familiar e patronal no Brasil, e seus potenciais efeitos econômicos. A hipótese que norteia o estudo é a de que as mudanças climáticas trarão impactos sobre a produtividade agrícola ao longo do século XXI e posto este novo cenário, as culturas ligadas à agricultura familiar estarão mais vulneráveis a estes efeitos, tanto pela menor capacidade financeira, técnica e informacional, quanto pelo menor foco de políticas de planejamento e pesquisas de adaptação climática, que tendem a se concentrar sobre as culturas vinculadas ao agronegócio. Ademais, dada a heterogeneidade da agricultura brasileira e dos impactos das mudanças climáticas sobre o território, impõem-se a necessidade de verificar tais efeitos, diferenciando as diversas culturas e o tipo de produtor. Neste sentido, estimou-se os impactos das alterações climáticas sobre a produtividade agrícola dos agricultores familiares e patronais, utilizando-se dos cenários RCP 4.5 e RCP 8.5 de projeção de aquecimento global do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), produzidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), para os períodos de 2021/2050 e 2051/2080. As variações de produtividade agrícola foram utilizadas como insumo no modelo de Equilíbrio Geral Computável (EGC) desenvolvido nesta tese para projetar os impactos econômicos decorrentes das alterações de produtividade. O modelo denominado Agriculture Regional Model - AGRO-BR, apresenta configuração regional composta pelas 27 Unidades da Federação e 42 setores agrícolas, desagregados em familiar e patronal. Os resultados obtidos indicam que a produtividade agrícola dos agricultores familiares é mais sensível às mudanças climáticas. Os cultivos de mandioca, milho e feijão, típicos da agricultura familiar, seriam em média, impactados com perda de produtividade. Os cultivos patronais de Cana de Açúcar e Soja seriam impactados com ganho de produtividade nas principais regiões produtoras. Em termos de impactos econômicos, as regiões Norte e Nordeste seriam negativamente afetadas, Centro-Oeste e Sudeste sofreriam impactos moderados, ao passo que a região Sul seria majoritariamente beneficiada. Apesar das projeções para maioria das Unidades da Federação serem negativas, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul apresentariam crescimento econômico, amenizando os impactos negativos sobre o PIB nacional, que apresentaria pequena retração nos dois cenários. Os resultados indicam, ainda, que o fenômeno poderia contribuir para o aumento das disparidades intrarregionais e para a deterioração das condições de segurança alimentar no Brasil, posto que afetaria de maneira negativa as regiões menos desenvolvidas e os cultivos relevantes para os agricultores familiares.