Villa-Lobos, Antônio Carlos Jobim e Edu Lobo: trilhas de uma moderna brasilidade musical

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Carlos Ernest Dias
Orientador(a): Flavio Terrigno Barbeitas
Banca de defesa: Martha Tupinambá de Ulhôa, Carlos Gonçalves Machado Neto, Astreia Soares Batista, Luiz Henrique Assis Garcia
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/AAGS-APCNK6
Resumo: A pesquisa parte do pressuposto que o modernismo musical constitui-se num amplo leque de possibilidades para uma análise interdisciplinar sobre a cultura musical brasileira no século XX e sobre a atual situação dos estudos musicais e musicológicos no país. Para isso, os estudos percorrem trilhas abertas por Heitor Villa-Lobos com a série de Serestas compostas na década de 1920, as quais são continuadas por Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes a partir da década de 1950, e seguidas por Edu Lobo e Chico Buarque da década de 1960 em diante. Postula-se que essas canções se relacionam com um tipo de cultura poética e musical criada e praticada por integrantes de uma classe intermediária típica da configuração social brasileira, intelectualizada, mas não acadêmica, popular, mas não folclórica, cuja tradição parece ter sido iniciada com a modinha no século XVIII tanto no Brasil quanto em Portugal. Entendemos que por este percurso se desenvolve um tipo de composição poético-musical de alto nível, caracterizada, entre outros aspectos, por uma sofisticação coloquial. Propomos relacionar os compositores, os poetas e suas canções através da ideia de estrutura de sentimento desenvolvida pelo crítico e pensador da cultura Raymond Williams, a qual se caracteriza por uma ideia de consciência afetiva e por uma continuidade viva e inter-relacionada entre criadores e suas criações. Depois de localizar muitas relações pessoais e artísticas entre os compositores e poetas, entendemos que por essa estrutura seja possível identificar uma consciência afetiva entre eles, que se desdobra numa consciência crítica sobre o país e sobre os destinos de sua música. Por outra trilha, dialogando com musicólogos e intelectuais do Brasil e do exterior, a pesquisa contorna algumas construções históricas que se tornaram canônicas na história cultural do movimento e que, apesar de questionadas por alguns intelectuais, ainda parecem permanecer vivas, devido ao que se considera, em comum com esses intelectuais, como uma desatualização teórica e conceitual da Musicologia brasileira em relação a outros campos de conhecimento das ciências sociais. Percorrendo esta via, o trabalho se propõe a analisar o modernismo a partir da ideia de uma moderna brasilidade musical, contornando a ideia de nacionalismo e suas derivações ideológicas que vieram a ser apropriadas por um regime populista e autoritário de governo durante a década de 1930 e parte da década de 1940. Entre estas derivações está a construção de um nacionalismo-folclorista baseado numa determinada concepção de povo e de nação, que se desdobrou numa busca de um caráter nacional supostamente único e hegemônico, e que passou a ser amplamente questionado no contexto das modernidades tardias, debate que adquiriu proeminência tanto na cena erudita quanto na cena popular. Nesse sentido, a pesquisa propõe um revisionismo cultural do modernismo musical brasileiro em seus aspectos estéticos e ideológicos, valendo-se de uma abordagem interdisciplinar entre a Música, a Literatura, a História Cultural, a Sociologia, a Antropologia e os Estudos Culturais.
id UFMG_f41d49a2d0bea7f83279fbcf01eef6d3
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/AAGS-APCNK6
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Flavio Terrigno BarbeitasMartha Tupinambá de UlhôaCarlos Gonçalves Machado NetoAstreia Soares BatistaLuiz Henrique Assis GarciaCarlos Ernest Dias2019-08-10T03:36:43Z2019-08-10T03:36:43Z2017-06-06http://hdl.handle.net/1843/AAGS-APCNK6A pesquisa parte do pressuposto que o modernismo musical constitui-se num amplo leque de possibilidades para uma análise interdisciplinar sobre a cultura musical brasileira no século XX e sobre a atual situação dos estudos musicais e musicológicos no país. Para isso, os estudos percorrem trilhas abertas por Heitor Villa-Lobos com a série de Serestas compostas na década de 1920, as quais são continuadas por Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes a partir da década de 1950, e seguidas por Edu Lobo e Chico Buarque da década de 1960 em diante. Postula-se que essas canções se relacionam com um tipo de cultura poética e musical criada e praticada por integrantes de uma classe intermediária típica da configuração social brasileira, intelectualizada, mas não acadêmica, popular, mas não folclórica, cuja tradição parece ter sido iniciada com a modinha no século XVIII tanto no Brasil quanto em Portugal. Entendemos que por este percurso se desenvolve um tipo de composição poético-musical de alto nível, caracterizada, entre outros aspectos, por uma sofisticação coloquial. Propomos relacionar os compositores, os poetas e suas canções através da ideia de estrutura de sentimento desenvolvida pelo crítico e pensador da cultura Raymond Williams, a qual se caracteriza por uma ideia de consciência afetiva e por uma continuidade viva e inter-relacionada entre criadores e suas criações. Depois de localizar muitas relações pessoais e artísticas entre os compositores e poetas, entendemos que por essa estrutura seja possível identificar uma consciência afetiva entre eles, que se desdobra numa consciência crítica sobre o país e sobre os destinos de sua música. Por outra trilha, dialogando com musicólogos e intelectuais do Brasil e do exterior, a pesquisa contorna algumas construções históricas que se tornaram canônicas na história cultural do movimento e que, apesar de questionadas por alguns intelectuais, ainda parecem permanecer vivas, devido ao que se considera, em comum com esses intelectuais, como uma desatualização teórica e conceitual da Musicologia brasileira em relação a outros campos de conhecimento das ciências sociais. Percorrendo esta via, o trabalho se propõe a analisar o modernismo a partir da ideia de uma moderna brasilidade musical, contornando a ideia de nacionalismo e suas derivações ideológicas que vieram a ser apropriadas por um regime populista e autoritário de governo durante a década de 1930 e parte da década de 1940. Entre estas derivações está a construção de um nacionalismo-folclorista baseado numa determinada concepção de povo e de nação, que se desdobrou numa busca de um caráter nacional supostamente único e hegemônico, e que passou a ser amplamente questionado no contexto das modernidades tardias, debate que adquiriu proeminência tanto na cena erudita quanto na cena popular. Nesse sentido, a pesquisa propõe um revisionismo cultural do modernismo musical brasileiro em seus aspectos estéticos e ideológicos, valendo-se de uma abordagem interdisciplinar entre a Música, a Literatura, a História Cultural, a Sociologia, a Antropologia e os Estudos Culturais.The research starts from the assumption that musical modernism constitutes a wide range of possibilities for an interdisciplinary analysis on Brazilian musical culture in the twentieth century and on the current situation of musical and musicological studies in the country. For this, the studies run trails open by Heitor Villa-Lobos with the Serestas composed in the 1920s, which are continued by Antonio Carlos Jobim and Vinicius de Moraes from the 1950s and them by Edu Lobo and Chico Buarque from the 1960s onwards. It is postulated that these songs are related to a type of poetic and musical culture created and practiced by members of an intermediate class typical of the Brazilian social configuration, intellectualized, but not academic, popular, but not folkloric, whose tradition seems to have begun with the Modinha in the eighteenth century in both Brazil and Portugal. We believe that by this route develops a kind of poetic-musical composition high-level characterized, among other things, for the "conversational sophistication." We propose relate composers, poets and their songs through the idea of feeling framework developed by the British sociologist Raymond Williams, which is characterized by a sense of emotional awareness and a living continuity and interrelated between creators and their creations. After finding many personal and artistic relationships between composers and poets, we understand that by this structure is possible to identify an affective awareness among them, which unfolds a critical awareness of the country and about the fates of their music. On the other track, talking with musicologists and intellectuals in Brazil and abroad, research circumvents some historical buildings that have become canonical in the cultural history of the movement and that even though questioned by some intellectuals, still seem to remain r alive because of what It is considered, in common with those intellectuals, as a theoretical and conceptual downgrade of Brazilian Musicology in relation to other fields of social science knowledge. Stepping this route, the work aims to analyze modernism from the idea of a modern "Brazilianness" musical, around the idea of nationalism and its ideological derivations that came to be appropriated by a populist and authoritarian regime of government during the late 1930 and part of the 1940s Among these leads, is the construction of a nationalism-folklorist based on a certain conception of "people" and "nation", which was deployed in a search for a "national character" supposedly unique and hegemonic, and now being widely questioned in the context of late modernity, debate gained prominence u both classical scene as the popular scene. In this sense, research proposes a revisionism cultural of Brazilian musical modernism ideology and in its aesthetic aspect, making use of an interdisciplinary approach between Music, Literature, Cultural History, Sociology, Anthropology and Cultural Studies.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGModernismo (Música) MusicaNacionalismo na música BrasilCulturaMusicologiaCulturaMúsicaModernismoBrasilidadeMusicologiaVilla-Lobos, Antônio Carlos Jobim e Edu Lobo: trilhas de uma moderna brasilidade musicalinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALcarlos_ernest_tese_final_capa_dura.pdfapplication/pdf29479719https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/AAGS-APCNK6/1/carlos_ernest_tese_final_capa_dura.pdfb46e999eff59f332fbeefce1bb055d18MD51TEXTcarlos_ernest_tese_final_capa_dura.pdf.txtcarlos_ernest_tese_final_capa_dura.pdf.txtExtracted texttext/plain684212https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/AAGS-APCNK6/2/carlos_ernest_tese_final_capa_dura.pdf.txt533cab2a095b58a1e86b3eaab266d48fMD521843/AAGS-APCNK62019-11-14 05:35:06.23oai:repositorio.ufmg.br:1843/AAGS-APCNK6Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T08:35:06Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Villa-Lobos, Antônio Carlos Jobim e Edu Lobo: trilhas de uma moderna brasilidade musical
title Villa-Lobos, Antônio Carlos Jobim e Edu Lobo: trilhas de uma moderna brasilidade musical
spellingShingle Villa-Lobos, Antônio Carlos Jobim e Edu Lobo: trilhas de uma moderna brasilidade musical
Carlos Ernest Dias
Cultura
Música
Modernismo
Brasilidade
Musicologia
Modernismo (Música) 
Musica
Nacionalismo na música Brasil
Cultura
Musicologia
title_short Villa-Lobos, Antônio Carlos Jobim e Edu Lobo: trilhas de uma moderna brasilidade musical
title_full Villa-Lobos, Antônio Carlos Jobim e Edu Lobo: trilhas de uma moderna brasilidade musical
title_fullStr Villa-Lobos, Antônio Carlos Jobim e Edu Lobo: trilhas de uma moderna brasilidade musical
title_full_unstemmed Villa-Lobos, Antônio Carlos Jobim e Edu Lobo: trilhas de uma moderna brasilidade musical
title_sort Villa-Lobos, Antônio Carlos Jobim e Edu Lobo: trilhas de uma moderna brasilidade musical
author Carlos Ernest Dias
author_facet Carlos Ernest Dias
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Flavio Terrigno Barbeitas
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Martha Tupinambá de Ulhôa
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Carlos Gonçalves Machado Neto
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Astreia Soares Batista
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Luiz Henrique Assis Garcia
dc.contributor.author.fl_str_mv Carlos Ernest Dias
contributor_str_mv Flavio Terrigno Barbeitas
Martha Tupinambá de Ulhôa
Carlos Gonçalves Machado Neto
Astreia Soares Batista
Luiz Henrique Assis Garcia
dc.subject.por.fl_str_mv Cultura
Música
Modernismo
Brasilidade
Musicologia
topic Cultura
Música
Modernismo
Brasilidade
Musicologia
Modernismo (Música) 
Musica
Nacionalismo na música Brasil
Cultura
Musicologia
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Modernismo (Música) 
Musica
Nacionalismo na música Brasil
Cultura
Musicologia
description A pesquisa parte do pressuposto que o modernismo musical constitui-se num amplo leque de possibilidades para uma análise interdisciplinar sobre a cultura musical brasileira no século XX e sobre a atual situação dos estudos musicais e musicológicos no país. Para isso, os estudos percorrem trilhas abertas por Heitor Villa-Lobos com a série de Serestas compostas na década de 1920, as quais são continuadas por Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes a partir da década de 1950, e seguidas por Edu Lobo e Chico Buarque da década de 1960 em diante. Postula-se que essas canções se relacionam com um tipo de cultura poética e musical criada e praticada por integrantes de uma classe intermediária típica da configuração social brasileira, intelectualizada, mas não acadêmica, popular, mas não folclórica, cuja tradição parece ter sido iniciada com a modinha no século XVIII tanto no Brasil quanto em Portugal. Entendemos que por este percurso se desenvolve um tipo de composição poético-musical de alto nível, caracterizada, entre outros aspectos, por uma sofisticação coloquial. Propomos relacionar os compositores, os poetas e suas canções através da ideia de estrutura de sentimento desenvolvida pelo crítico e pensador da cultura Raymond Williams, a qual se caracteriza por uma ideia de consciência afetiva e por uma continuidade viva e inter-relacionada entre criadores e suas criações. Depois de localizar muitas relações pessoais e artísticas entre os compositores e poetas, entendemos que por essa estrutura seja possível identificar uma consciência afetiva entre eles, que se desdobra numa consciência crítica sobre o país e sobre os destinos de sua música. Por outra trilha, dialogando com musicólogos e intelectuais do Brasil e do exterior, a pesquisa contorna algumas construções históricas que se tornaram canônicas na história cultural do movimento e que, apesar de questionadas por alguns intelectuais, ainda parecem permanecer vivas, devido ao que se considera, em comum com esses intelectuais, como uma desatualização teórica e conceitual da Musicologia brasileira em relação a outros campos de conhecimento das ciências sociais. Percorrendo esta via, o trabalho se propõe a analisar o modernismo a partir da ideia de uma moderna brasilidade musical, contornando a ideia de nacionalismo e suas derivações ideológicas que vieram a ser apropriadas por um regime populista e autoritário de governo durante a década de 1930 e parte da década de 1940. Entre estas derivações está a construção de um nacionalismo-folclorista baseado numa determinada concepção de povo e de nação, que se desdobrou numa busca de um caráter nacional supostamente único e hegemônico, e que passou a ser amplamente questionado no contexto das modernidades tardias, debate que adquiriu proeminência tanto na cena erudita quanto na cena popular. Nesse sentido, a pesquisa propõe um revisionismo cultural do modernismo musical brasileiro em seus aspectos estéticos e ideológicos, valendo-se de uma abordagem interdisciplinar entre a Música, a Literatura, a História Cultural, a Sociologia, a Antropologia e os Estudos Culturais.
publishDate 2017
dc.date.issued.fl_str_mv 2017-06-06
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-10T03:36:43Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-10T03:36:43Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/AAGS-APCNK6
url http://hdl.handle.net/1843/AAGS-APCNK6
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/AAGS-APCNK6/1/carlos_ernest_tese_final_capa_dura.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/AAGS-APCNK6/2/carlos_ernest_tese_final_capa_dura.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv b46e999eff59f332fbeefce1bb055d18
533cab2a095b58a1e86b3eaab266d48f
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1793890985685549056