Assédio moral no trabalho e seu papel nos transtornos mentais comuns e dor lombar: um estudo com trabalhadores do judiciário federal
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pelotas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia
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Departamento: |
Faculdade de Medicina
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/6722 |
Resumo: | Introdução: Os novos modelos de gestão do trabalho têm impactado os riscos ocupacionais e a saúde de trabalhadores. No serviço público brasileiro, esse fenômeno se consolida com a Reforma do Estado, iniciada na década de 90. Nesse contexto, os riscos psicossociais do trabalho como o estresse e o assédio moral crescem, afetando negativamente a saúde mental e física, e podendo levar ao aumento da ocorrência de transtornos mentais comuns e problemas osteomusculares, como a dor lombar. A maioria dos estudos que avaliam o assédio moral como determinante da saúde provém de países de alta renda, sendo escassos em países de baixa e média renda. Além disso, os mecanismos, confundidores e mediadores da associação entre assédio moral, transtornos mentais e queixas osteomusculares ainda carecem de melhor elucidação. Objetivos: O artigo de revisão sistemática teve como objetivo analisar estudos epidemiológicos que tenham abordado fatores de risco para o assédio moral no trabalho, buscando compreender seus mecanismos e determinação; os outros dois artigos avaliaram a prevalência de transtornos mentais comuns e dor lombar em servidores públicos do Judiciário Federal do município de Porto Alegre, analisando a associação entre assédio moral e os dois desfechos de saúde. Métodos: O primeiro artigo desta tese é uma revisão sistemática sobre fatores de risco para o assédio moral no trabalho, em uma perspectiva epidemiológica. Utilizaram-se os guidelines PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) e MOOSE (Meta-analyses of Observational Studies in Epidemiology) para descrição dos artigos selecionados, que tiveram sua qualidade avaliada pelo Downs and Black checklist. A segunda parte da tese é composta por dois artigos oriundos de um estudo transversal, com coleta de dados por inquérito virtual entre junho e outubro de 2018. O questionário on-line abordou fatores demográficos, socioeconômicos, comportamentais e ocupacionais, enfocando a organização do trabalho, os aspectos psicossociais do trabalho e o assédio moral, além dos desfechos de saúde. Utilizaram-se o Questionário de Atos Negativos revisado (NAQ-r), para avaliação do assédio moral no trabalho, o Self-Report Questionnaire (SRQ-20) para mensuração dos transtornos mentais comuns e o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares para avaliação da dor lombar. A associação entre o assédio moral no trabalho e os desfechos de interesse foi avaliada através de regressão logística, com controle para fatores de confusão, seguindo um modelo conceitual. Estimaram-se as razões de odds e seus respectivos intervalos de confiança, examinando a significância através do teste de heterogeneidade ou, no caso de variáveis contínuas ou com relação linear, pelo teste de tendência linear. Resultados: A Revisão Sistemática abrangeu 51 artigos que avaliaram fatores de risco para o assédio moral, identificando forte associação de variáveis ocupacionais e fatores psicossociais do trabalho com o assédio moral. O sexo feminino esteve associado a um maior risco de assédio moral na maioria dos estudos, assim como diversos fatores ocupacionais. Estilos de liderança, estresse laboral e outros fatores psicossociais que remetem à organização do trabalho estiveram fortemente associados ao assédio moral. Os outros dois artigos analisaram 907 servidores públicos do judiciário federal do município de Porto Alegre, identificando prevalência de Transtorno Mental Comum de 32,8%, de Dor Lombar nos últimos 7 dias de 50,1% e de Dor Lombar Crônica de 19,3%. A prevalência de assédio moral foi de 18,3%, o qual esteve fortemente associado à gestão por metas, ao estresse ocupacional e à baixa segurança psicossocial na instituição. Fatores psicossociais do trabalho estiveram positivamente associados a transtornos mentais comuns e dor lombar. Os modelos multivariáveis demonstraram forte associação do assédio moral no trabalho com TMC e dor lombar, mesmo após controle para diversos fatores de confusão e covariáveis potencialmente mediadoras. Discussão: Por meio da revisão sistemática, evidenciou-se que os estudos epidemiológicos sobre fatores de risco para assédio moral dão suporte ao modelo teórico de Leymann, enfatizando o papel da organização e da gestão trabalho na determinação do assédio, em detrimento de outros fatores individuais como a personalidade. Os resultados do estudo com os servidores públicos do Judiciário Federal corroboraram achados de estudos de países de alta renda, no que tange à associação de assédio moral com os desfechos de saúde mental e dor osteomuscular, ressaltando o assédio moral como importante fator de risco para tais desfechos de saúde. As diferentes formas utilizadas para categorização do assédio moral, assim como os vários modelos estatísticos utilizados, com ajuste para diversos fatores de confusão, incluindo variáveis sociodemográficas, comportamentais e ocupacionais, orientam futuras análises dessas associações, podendo facilitar o entendimento dos mecanismos que levam os trabalhadores ao adoecimento. A prevenção do assédio moral e dos problemas de saúde como os transtornos mentais e a dor lombar demanda mudanças em fatores contextuais da organização do trabalho e da cultura das organizações. |
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2020-12-28T18:49:31Z2020-12-28T18:49:31Z2019FEIJÓ, Fernando Ribas. Assédio Moral no Trabalho e seu Papel nos Transtornos Mentais Comuns e Dor Lombar: um Estudo com Trabalhadores do Judiciário Federal. 2019. 244f. Tese (Doutorado em Epidemiologia) - Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2019.http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/6722Introdução: Os novos modelos de gestão do trabalho têm impactado os riscos ocupacionais e a saúde de trabalhadores. No serviço público brasileiro, esse fenômeno se consolida com a Reforma do Estado, iniciada na década de 90. Nesse contexto, os riscos psicossociais do trabalho como o estresse e o assédio moral crescem, afetando negativamente a saúde mental e física, e podendo levar ao aumento da ocorrência de transtornos mentais comuns e problemas osteomusculares, como a dor lombar. A maioria dos estudos que avaliam o assédio moral como determinante da saúde provém de países de alta renda, sendo escassos em países de baixa e média renda. Além disso, os mecanismos, confundidores e mediadores da associação entre assédio moral, transtornos mentais e queixas osteomusculares ainda carecem de melhor elucidação. Objetivos: O artigo de revisão sistemática teve como objetivo analisar estudos epidemiológicos que tenham abordado fatores de risco para o assédio moral no trabalho, buscando compreender seus mecanismos e determinação; os outros dois artigos avaliaram a prevalência de transtornos mentais comuns e dor lombar em servidores públicos do Judiciário Federal do município de Porto Alegre, analisando a associação entre assédio moral e os dois desfechos de saúde. Métodos: O primeiro artigo desta tese é uma revisão sistemática sobre fatores de risco para o assédio moral no trabalho, em uma perspectiva epidemiológica. Utilizaram-se os guidelines PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) e MOOSE (Meta-analyses of Observational Studies in Epidemiology) para descrição dos artigos selecionados, que tiveram sua qualidade avaliada pelo Downs and Black checklist. A segunda parte da tese é composta por dois artigos oriundos de um estudo transversal, com coleta de dados por inquérito virtual entre junho e outubro de 2018. O questionário on-line abordou fatores demográficos, socioeconômicos, comportamentais e ocupacionais, enfocando a organização do trabalho, os aspectos psicossociais do trabalho e o assédio moral, além dos desfechos de saúde. Utilizaram-se o Questionário de Atos Negativos revisado (NAQ-r), para avaliação do assédio moral no trabalho, o Self-Report Questionnaire (SRQ-20) para mensuração dos transtornos mentais comuns e o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares para avaliação da dor lombar. A associação entre o assédio moral no trabalho e os desfechos de interesse foi avaliada através de regressão logística, com controle para fatores de confusão, seguindo um modelo conceitual. Estimaram-se as razões de odds e seus respectivos intervalos de confiança, examinando a significância através do teste de heterogeneidade ou, no caso de variáveis contínuas ou com relação linear, pelo teste de tendência linear. Resultados: A Revisão Sistemática abrangeu 51 artigos que avaliaram fatores de risco para o assédio moral, identificando forte associação de variáveis ocupacionais e fatores psicossociais do trabalho com o assédio moral. O sexo feminino esteve associado a um maior risco de assédio moral na maioria dos estudos, assim como diversos fatores ocupacionais. Estilos de liderança, estresse laboral e outros fatores psicossociais que remetem à organização do trabalho estiveram fortemente associados ao assédio moral. Os outros dois artigos analisaram 907 servidores públicos do judiciário federal do município de Porto Alegre, identificando prevalência de Transtorno Mental Comum de 32,8%, de Dor Lombar nos últimos 7 dias de 50,1% e de Dor Lombar Crônica de 19,3%. A prevalência de assédio moral foi de 18,3%, o qual esteve fortemente associado à gestão por metas, ao estresse ocupacional e à baixa segurança psicossocial na instituição. Fatores psicossociais do trabalho estiveram positivamente associados a transtornos mentais comuns e dor lombar. Os modelos multivariáveis demonstraram forte associação do assédio moral no trabalho com TMC e dor lombar, mesmo após controle para diversos fatores de confusão e covariáveis potencialmente mediadoras. Discussão: Por meio da revisão sistemática, evidenciou-se que os estudos epidemiológicos sobre fatores de risco para assédio moral dão suporte ao modelo teórico de Leymann, enfatizando o papel da organização e da gestão trabalho na determinação do assédio, em detrimento de outros fatores individuais como a personalidade. Os resultados do estudo com os servidores públicos do Judiciário Federal corroboraram achados de estudos de países de alta renda, no que tange à associação de assédio moral com os desfechos de saúde mental e dor osteomuscular, ressaltando o assédio moral como importante fator de risco para tais desfechos de saúde. As diferentes formas utilizadas para categorização do assédio moral, assim como os vários modelos estatísticos utilizados, com ajuste para diversos fatores de confusão, incluindo variáveis sociodemográficas, comportamentais e ocupacionais, orientam futuras análises dessas associações, podendo facilitar o entendimento dos mecanismos que levam os trabalhadores ao adoecimento. A prevenção do assédio moral e dos problemas de saúde como os transtornos mentais e a dor lombar demanda mudanças em fatores contextuais da organização do trabalho e da cultura das organizações.Introduction: The new models of work management have impacted occupational risks and workers health. In the Brazilian public service, this phenomenon is consolidated with state reform, which started in the 1990s. In this context, psychosocial risk at work, such as stress and bullying, increase, and negatively affect mental and physical health. It may lead to an increase in the occurrence of common mental disorders and musculoskeletal problems such as low back pain. Most studies which evaluate workplace bullying as a determinant of health are from high-income countries, being scarce in low- and middle-income countries. Besides, the mechanisms, confounders and mediators of the association between bullying, mental disorders and musculoskeletal complaints still need further clarification. Objectives: The first paper, a systematic review, aimed to analyse epidemiological studies that have addressed risk factors for workplace bullying, seeking to understand its mechanisms and determination; the other two articles evaluated the prevalence of common mental disorders and low back pain in civil servants of the Federal Judiciary in Porto Alegre, analysing the association between bullying and the health outcomes. Methods: The first paper of the thesis is a systematic review of risk factors for workplace bullying, with focus on epidemiological studies. The PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyzes) and MOOSE (Meta-Analyzes of Observational Studies in Epidemiology) guidelines were used to describe the selected articles, and the quality was evaluated by the Downs and Black checklist. The second part of the thesis consists of two papers related to a cross-sectional study, with data collected by a web survey between June and October 2018. The online questionnaire addressed demographic, socioeconomic, behavioural, and occupational factors, focusing on work organization, psychosocial factors at work and workplace bullying, as well as the health outcomes. The revised Negative Acts Questionnaire (NAQ-r) was used to assess workplace bullying, the Self- Report Questionnaire (SRQ-20) to measure common mental disorders, and the Nordic Questionnaire to evaluate low back pain. The association between workplace bullying and outcomes was analysed using logistic regression, controlling for confounders, according to a conceptual model. Odds ratios and their confidence intervals were estimated. The heterogeneity test, for categorical variables, and the linear trend test, for continuous or variables with a linear relationship, were used. Results: The Systematic Review comprised 51 papers that evaluated risk factors for bullying, identifying a strong association of occupational and psychosocial factors at work with bullying. Females were at higher risk of bullying in most studies, as well as several occupational factors. Leadership styles, work stress, and other psychosocial factors related to the work organization were strongly associated with bullying. The other two papers analysed 907 civil servants from the federal judiciary of the municipality of Porto Alegre, identifying a prevalence of 32.8% of Common Mental Disorder, 50.1% of lastweek Low Back Pain and 19.3% of Chronic Low Back Pain. The prevalence of bullying was 18.3%, which was strongly associated with goal-based management, occupational stress, and low psychosocial safety in the institution. Psychosocial factors at work were positively associated with common mental disorders and low back pain. Multivariate models showed a strong association of bullying at work with CMD and low back pain, even after adjustment for several confounders and covariates, including some mediators. Discussion: The systematic review showed that epidemiological studies on risk factors for workplace bullying support Leymann's theoretical model, emphasizing the role of work organization and management in determining harassment in workplaces, in contrast to individual factors such as personality. The results of the study with judiciary civil servants corroborated findings of research from high-income countries, showing a positive association of workplace bullying with mental health problems and musculoskeletal pain, and highlighting the role of bullying in both outcomes. The different ways used to categorize bullying, as well as the statistical models we used, with adjustment for several sociodemographic, behavioural and occupational confounders, should guide future analyses of these associations and may help to understand mechanisms that lead workers to health outcomes. The prevention of bullying and health problems such as mental disorders and low back pain demands changes in contextual factors of work organization and organizational culture.Sem bolsaporUniversidade Federal de PelotasPrograma de Pós-Graduação em EpidemiologiaUFPelBrasilFaculdade de MedicinaCNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVA::EPIDEMIOLOGIAEpidemiologiaAssédio moralTranstornos mentais comunsDor lombarRiscos psicossociais no trabalhoSaúde do trabalhadorEpidemiologia ocupacionalWorkplace bullyngCommon mental disordersLow back painPsychosocial risks at workOccupational healthOccupational epidemiologyAssédio moral no trabalho e seu papel nos transtornos mentais comuns e dor lombar: um estudo com trabalhadores do judiciário federalWorkplace Bullying and its Role in Common Mental Disorders and Low Back Pain: a Study with Workers from the Federal Judiciary in Brazilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesishttp://lattes.cnpq.br/3989571262942036http://lattes.cnpq.br/0042305180651766Fassa, Anaclaudia GastalFeijó, Fernando Ribasinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFPel - Guaiacainstname:Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)instacron:UFPELTEXTTESE_Fernando_Ribas_Feijo.pdf.txtTESE_Fernando_Ribas_Feijo.pdf.txtExtracted texttext/plain441175http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/bitstream/prefix/6722/6/TESE_Fernando_Ribas_Feijo.pdf.txta3fb1b267ed42fbbca5d2a5411a3375aMD56open accessTHUMBNAILTESE_Fernando_Ribas_Feijo.pdf.jpgTESE_Fernando_Ribas_Feijo.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1267http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/bitstream/prefix/6722/7/TESE_Fernando_Ribas_Feijo.pdf.jpg57f061e257b33bc9ffce153d00dbc420MD57open accessORIGINALTESE_Fernando_Ribas_Feijo.pdfTESE_Fernando_Ribas_Feijo.pdfapplication/pdf2798831http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/bitstream/prefix/6722/1/TESE_Fernando_Ribas_Feijo.pdf43ad74c8709546f01236000031cd9c93MD51open accessCC-LICENSElicense_urllicense_urltext/plain; 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Objetivos: O artigo de revisão sistemática teve como objetivo analisar estudos epidemiológicos que tenham abordado fatores de risco para o assédio moral no trabalho, buscando compreender seus mecanismos e determinação; os outros dois artigos avaliaram a prevalência de transtornos mentais comuns e dor lombar em servidores públicos do Judiciário Federal do município de Porto Alegre, analisando a associação entre assédio moral e os dois desfechos de saúde. Métodos: O primeiro artigo desta tese é uma revisão sistemática sobre fatores de risco para o assédio moral no trabalho, em uma perspectiva epidemiológica. Utilizaram-se os guidelines PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) e MOOSE (Meta-analyses of Observational Studies in Epidemiology) para descrição dos artigos selecionados, que tiveram sua qualidade avaliada pelo Downs and Black checklist. A segunda parte da tese é composta por dois artigos oriundos de um estudo transversal, com coleta de dados por inquérito virtual entre junho e outubro de 2018. O questionário on-line abordou fatores demográficos, socioeconômicos, comportamentais e ocupacionais, enfocando a organização do trabalho, os aspectos psicossociais do trabalho e o assédio moral, além dos desfechos de saúde. Utilizaram-se o Questionário de Atos Negativos revisado (NAQ-r), para avaliação do assédio moral no trabalho, o Self-Report Questionnaire (SRQ-20) para mensuração dos transtornos mentais comuns e o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares para avaliação da dor lombar. A associação entre o assédio moral no trabalho e os desfechos de interesse foi avaliada através de regressão logística, com controle para fatores de confusão, seguindo um modelo conceitual. Estimaram-se as razões de odds e seus respectivos intervalos de confiança, examinando a significância através do teste de heterogeneidade ou, no caso de variáveis contínuas ou com relação linear, pelo teste de tendência linear. Resultados: A Revisão Sistemática abrangeu 51 artigos que avaliaram fatores de risco para o assédio moral, identificando forte associação de variáveis ocupacionais e fatores psicossociais do trabalho com o assédio moral. O sexo feminino esteve associado a um maior risco de assédio moral na maioria dos estudos, assim como diversos fatores ocupacionais. Estilos de liderança, estresse laboral e outros fatores psicossociais que remetem à organização do trabalho estiveram fortemente associados ao assédio moral. Os outros dois artigos analisaram 907 servidores públicos do judiciário federal do município de Porto Alegre, identificando prevalência de Transtorno Mental Comum de 32,8%, de Dor Lombar nos últimos 7 dias de 50,1% e de Dor Lombar Crônica de 19,3%. A prevalência de assédio moral foi de 18,3%, o qual esteve fortemente associado à gestão por metas, ao estresse ocupacional e à baixa segurança psicossocial na instituição. Fatores psicossociais do trabalho estiveram positivamente associados a transtornos mentais comuns e dor lombar. Os modelos multivariáveis demonstraram forte associação do assédio moral no trabalho com TMC e dor lombar, mesmo após controle para diversos fatores de confusão e covariáveis potencialmente mediadoras. Discussão: Por meio da revisão sistemática, evidenciou-se que os estudos epidemiológicos sobre fatores de risco para assédio moral dão suporte ao modelo teórico de Leymann, enfatizando o papel da organização e da gestão trabalho na determinação do assédio, em detrimento de outros fatores individuais como a personalidade. Os resultados do estudo com os servidores públicos do Judiciário Federal corroboraram achados de estudos de países de alta renda, no que tange à associação de assédio moral com os desfechos de saúde mental e dor osteomuscular, ressaltando o assédio moral como importante fator de risco para tais desfechos de saúde. As diferentes formas utilizadas para categorização do assédio moral, assim como os vários modelos estatísticos utilizados, com ajuste para diversos fatores de confusão, incluindo variáveis sociodemográficas, comportamentais e ocupacionais, orientam futuras análises dessas associações, podendo facilitar o entendimento dos mecanismos que levam os trabalhadores ao adoecimento. A prevenção do assédio moral e dos problemas de saúde como os transtornos mentais e a dor lombar demanda mudanças em fatores contextuais da organização do trabalho e da cultura das organizações. |
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FEIJÓ, Fernando Ribas. Assédio Moral no Trabalho e seu Papel nos Transtornos Mentais Comuns e Dor Lombar: um Estudo com Trabalhadores do Judiciário Federal. 2019. 244f. Tese (Doutorado em Epidemiologia) - Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2019. |
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