EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA SOBRE OS SINTOMAS, HABILIDADES COGNITIVAS E COGNIÇÃO SOCIAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: Ensaio clínico cruzado, controlado, randomizado e duplo cego

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Oliveira, Patricia
• Orientador(a): Muszkat, Mauro
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
• Palavras-chave em Português: Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua; Transtorno do Espectro Autista; Cognição Social; Funções Executivas; Comportamento
• Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/xmlui/handle/11600/62955

Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por déficits na comunicação, interação social, padrões restritos e repetitivos de comportamentos e interesses. Apresenta alterações funcionais em diversas estruturas cerebrais causando prejuízos significativos na vida dos indivíduos. Portanto, faz-se necessário ampliar as pesquisas nas áreas de tratamento que se apresentam promissoras, tais como a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC). Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo comparar os efeitos neuromodulatórios da ETCC anódica aplicada sobre o córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo (CPFDL) com efeitos da estimulação placebo nos sintomas, comportamento, funcionamento global, cognição social, linguagem e funções executivas de crianças e adolescentes com TEA. Trata-se de um ensaio clínico cruzado, controlado, randomizado e duplo cego, do qual participaram 23 crianças e adolescentes na faixa etária de 6 a 12 anos com diagnóstico de TEA. O protocolo de intervenção foi formado por dois períodos de tratamento compostos por dez sessões de ETCC anódica sobre o CPFDL esquerdo (ativa ou placebo) com intensidade de 1mA, por 20 minutos cada sessão, associadas a atividades de reconhecimento de emoções e resolução de situações problemas. Por se tratar de um estudo cruzado, foi respeitado um período de 3 meses entre as intervenções (washout). O estudo envolve avaliações pré-intervenção, pós-intervenção e um follow-up de 3 meses após cada etapa, a fim de verificar se os efeitos se mantêm a longo prazo. Para avaliação dos sintomas, foram utilizadas as escalas Childhood Autism Rating Scale (CARS), Autism Behavior Checklist (ABC) e Autism Treatment Evaluation Checklist (ATEC). Os problemas de comportamento foram avaliados com o Child Behavior Checklist (CBCL), a cognição social com o NEPSY-II, a linguagem oral com o Teste Infantil de Nomeação (TIN) e as funções executivas com o Five Digit Test (FDT). Para verificar se existiam diferenças entre os tempos de avaliação e entre os tipos de intervenção (ativo vs placebo) foram conduzidas análises intragrupo e intergrupo. O método utilizado foi o Generalized Equations Estimating (GEE) e o teste de Wilcoxon. Na ABC, a análise intergrupo demonstrou que, em comparação com o momento placebo, a ETCC ativa ocasionou redução estatisticamente significante dos problemas relacionados a estímulos sensoriais na avaliação de follow-up. Por outro lado, ao contrário do que era esperado, na ATEC, a comparação intergrupos demonstrou diferença significante no domínio “sociabilidade” na avaliação de follow-up com menores médias para o grupo placebo. Tanto na ABC quanto na ATEC, notaram-se reduções significantes em diversos subdomínios nos dois grupos, indicando efeito de tempo entre as avaliações. Ainda, o teste de Wilcoxon evidenciou redução significante na gravidade dos sintomas em doze dos quinze domínios mensurados pela CARS, assim como melhora no funcionamento global após todas as etapas de estimulação. Nas demais medidas avaliadas, encontrou-se apenas efeito do tempo, mas não do tipo de estimulação. Até onde se sabe, esse foi o primeiro ensaio clínico que investigou os efeitos da ETCC sobre habilidades cognitivas e sociais na população pediátrica com TEA, sendo assim, são necessários mais estudos para avaliar a eficácia da técnica nesse público.