A Grande Política como proposta de superação do niilismo em Nietzsche

• Ano de defesa: 2011
• Autor(a) principal: Vilas Bôas, João Paulo Simões
• Orientador(a): Duarte, André de Macedo
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal do Paraná; Curitiba
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Grande política; Niilismo; Crítica da modernidade; Décadence; Cultivo; Great politics; Nihilism; Critique of modernity; Cultivation
• Área do conhecimento CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIA
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/11612/483

Este trabalho tem por objetivo desenvolver uma hipótese interpretativa sobre a grande política na filosofia de Friedrich Nietzsche, considerando o sentido deste conceito à luz do diagnóstico realizado pelo filósofo acerca do fenômeno global de desvalorização dos valores — o niilismo —, entendido como o evento por excelência que caracteriza a condição da modernidade ocidental. Inicialmente, procuramos estabelecer um diálogo com a interpretação de Keith Ansell-Pearson — que entende que a grande política seria uma proposta para o estabelecimento de um regime de governo aristocrático de cunho radicalmente aquiavelista. O objetivo de tal diálogo crítico é responder a esta leitura e a outras interpretações que compreendem a grande política nos moldes de uma proposta política tradicional. Num segundo momento, após uma breve discussão na qual nos posicionamos quanto aos critérios de leitura que irão orientar nosso trabalho, iniciamos a análise das passagens nas quais esta expressão ocorre, buscando destacar os dois sentidos com os quais o filósofo a emprega. Tanto em referência à política militarista e nacionalista do Reich alemão, como para significar sua própria proposta de cultivo de um novo tipo de homem de exceção. inda no segundo capítulo, com vistas a esclarecer o contexto a partir do qual emerge a preocupação do pensador com a grande política e sua respectiva crítica às práticas políticas do seu tempo, apresentamos o desenvolvimento das reflexões que integram seu diagnóstico sobre a condição da modernidade ocidental, como estando fundamentalmente marcada pelos fenômenos do niilismo e da décadence. Por fim, no terceiro e último capítulo, buscamos explicitar a grande política em seu segundo sentido, isto é, como proposta de cultivo de uma casta de homens espiritualmente destacados. Para tanto, consideramos esta expressão em seu aspecto morfológico, destacando as ressignificações operadas pelo filósofo com os termos “grande” e “política” e, em seguida, discorremos sobre as principais posturas espirituais que integram este exercício de cultivo e autolegislação: a valorização do conflito como ocasião para o fortalecim nto espiritual e o estabelecimento de uma hierarquia entre os homens segundo seus diferentes graus de forças psíquicas, por meio do pathos da distância, a partir do quê acreditamos ser possível concluir que este fortalecimento e cultivo seriam precisamente os meios propostos pelo filósofo para fazer frente ao problema do niilismo, não no sentido de evitar este evento, mas de buscar sua superação.