A história da educação de mulheres pobres nas instituições escolares noturnas primárias de Uberlândia/MG (1933-1959): espaço de luta e resistência pela escolarização
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Resumo: | O presente estudo tem como tema a história da educação de mulheres pobres nas instituições escolares noturnas primárias de Uberlândia/MG. O recorte temporal inicia-se em 1933, ano em que foi localizada a primeira instituição escolar noturna para o sexo feminino no município, e termina em 1959, ano do último registro de instituição noturna primária encontrada nos documentos pesquisados no arquivo público de Uberlândia. Para o desenvolvimento deste trabalho, foi realizada fundamentação em pressupostos da Nova História Cultural, pois esse campo ampliou as possibilidades de pesquisas em geral, ao indicar temas e fontes antes não explorados. Neste estudo, foi levantada a seguinte tese: diante de uma sociedade uberlandense que almejava a modernização e o progresso econômico, mas permanecia conservadora em seus costumes, as mulheres pobres, em sua maioria trabalhadoras, conseguiram no espaço social, por intermédio das escolas noturnas primária, serem resistentes com os seus horários de escolarização e, acima de tudo, construir táticas de resistência, que foram alterando o espaço escolar, estabelecendo, assim, uma “reapropriação” desse local, que ao final do período de pesquisa se torna um espaço comum para homens e mulheres. Os objetivos desta pesquisa foram: mapear e analisar as características das instituições de ensino primário noturno que recebiam mulheres no período proposto; caracterizar e analisar o perfil das alunas atendidas nas escolas noturnas primárias encontradas; avaliar as condições de trabalho das docentes nos grupos escolares noturnos; e pesquisar a resistência de mulheres trabalhadoras para obterem a escolarização em Uberlândia. Além da pesquisa bibliográfica, foram usados como fonte os seguintes documentos: atas de reuniões escolares, livros de matrículas, livros de ponto de professores, livros de frequência diária dos alunos, fotografias, e os jornais veiculados no período: A Tribuna, Correio de Uberlândia e O Repórter. Todos os materiais foram pesquisados no Arquivo Público de Uberlândia. Ao fazer o histórico das instituições escolares que ofereciam o ensino noturno para mulheres no município do período de 1933 a 1959, foram localizadas sete instituições: Escola Noturna Municipal para o Sexo Feminino, Escola Noturna Municipal Benedito Valadares, Escola Municipal Modelo Governador Valadares, Escola Municipal Padre Anchieta, Grupo Escolar Noturno Felisberto Carrejo, Grupo Escolar Noturno Governador Valadares e a Escola Noturna para Alfabetização de Adultos da Cerâmica “Eldorado”, na zona rural do município. Na cidade de Uberlândia, com seu lema “Ordem, Progresso e Modernização”, as mulheres matriculadas em escolas noturnas não se encaixavam no padrão de “rainha do lar” e não eram reconhecidas como trabalhadoras. Eram “invisíveis”, sendo lembradas através de publicações preconceituosas e por motivos negativos. Não existia incentivo para que frequentassem as aulas noturnas e ainda havia vários obstáculos impostos pelas classes dominantes, principalmente sobre aquelas que atuavam em atividades domésticas. Os horários das escolas noturnas eram rígidos, motivo ignorado pelas patroas que controlavam e vigiavam o horário de trabalho das empregadas. Apesar de tal fato, foi observado que resistiram a todas as adversidades em prol da escolarização. |
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2019-04-16T21:40:45Z2019-04-16T21:40:45Z2019-02-20SILVA, Carla Cristina Jacinto da. A história da educação de mulheres pobres nas instituições escolares noturnas primárias de Uberlândia/MG (1933-1959): Espaço de luta e resistência pela escolarização. 2019. 188 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2019. DOI http://dx.doi.org/10.14393/ufu.te.2019.917https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/24892http://dx.doi.org/10.14393/ufu.te.2019.917O presente estudo tem como tema a história da educação de mulheres pobres nas instituições escolares noturnas primárias de Uberlândia/MG. O recorte temporal inicia-se em 1933, ano em que foi localizada a primeira instituição escolar noturna para o sexo feminino no município, e termina em 1959, ano do último registro de instituição noturna primária encontrada nos documentos pesquisados no arquivo público de Uberlândia. Para o desenvolvimento deste trabalho, foi realizada fundamentação em pressupostos da Nova História Cultural, pois esse campo ampliou as possibilidades de pesquisas em geral, ao indicar temas e fontes antes não explorados. Neste estudo, foi levantada a seguinte tese: diante de uma sociedade uberlandense que almejava a modernização e o progresso econômico, mas permanecia conservadora em seus costumes, as mulheres pobres, em sua maioria trabalhadoras, conseguiram no espaço social, por intermédio das escolas noturnas primária, serem resistentes com os seus horários de escolarização e, acima de tudo, construir táticas de resistência, que foram alterando o espaço escolar, estabelecendo, assim, uma “reapropriação” desse local, que ao final do período de pesquisa se torna um espaço comum para homens e mulheres. Os objetivos desta pesquisa foram: mapear e analisar as características das instituições de ensino primário noturno que recebiam mulheres no período proposto; caracterizar e analisar o perfil das alunas atendidas nas escolas noturnas primárias encontradas; avaliar as condições de trabalho das docentes nos grupos escolares noturnos; e pesquisar a resistência de mulheres trabalhadoras para obterem a escolarização em Uberlândia. Além da pesquisa bibliográfica, foram usados como fonte os seguintes documentos: atas de reuniões escolares, livros de matrículas, livros de ponto de professores, livros de frequência diária dos alunos, fotografias, e os jornais veiculados no período: A Tribuna, Correio de Uberlândia e O Repórter. Todos os materiais foram pesquisados no Arquivo Público de Uberlândia. Ao fazer o histórico das instituições escolares que ofereciam o ensino noturno para mulheres no município do período de 1933 a 1959, foram localizadas sete instituições: Escola Noturna Municipal para o Sexo Feminino, Escola Noturna Municipal Benedito Valadares, Escola Municipal Modelo Governador Valadares, Escola Municipal Padre Anchieta, Grupo Escolar Noturno Felisberto Carrejo, Grupo Escolar Noturno Governador Valadares e a Escola Noturna para Alfabetização de Adultos da Cerâmica “Eldorado”, na zona rural do município. Na cidade de Uberlândia, com seu lema “Ordem, Progresso e Modernização”, as mulheres matriculadas em escolas noturnas não se encaixavam no padrão de “rainha do lar” e não eram reconhecidas como trabalhadoras. Eram “invisíveis”, sendo lembradas através de publicações preconceituosas e por motivos negativos. Não existia incentivo para que frequentassem as aulas noturnas e ainda havia vários obstáculos impostos pelas classes dominantes, principalmente sobre aquelas que atuavam em atividades domésticas. Os horários das escolas noturnas eram rígidos, motivo ignorado pelas patroas que controlavam e vigiavam o horário de trabalho das empregadas. Apesar de tal fato, foi observado que resistiram a todas as adversidades em prol da escolarização.This study approaches the education history of poor women attending evening classes in primary educational institutions in the city of Uberlândia/MG, Brazil. The time frame begins in 1933, when we located the first evening school for women in the city, and ends in 1959, and ends in 1959, the year of the last record of primary night institution found in the documents surveyed in the public archive of Uberlândia. To develop this work, we based on the assumptions of the New Cultural History, because this field has expanded the possibilities of research and indicated themes and sources not previously researched. In this study, we considered the following thesis: before a Uberlandian society that aimed at modernization and economic progress, but remained conservative in its customs, poor women, mostly workers, succeeded in the social space through primary evening schools, resisting with their school schedules and, above all, building resistance tactics which changed the school environment, establishing a “re-appropriation” of that space. At the end of the period analyzed, education became a common space for both men and women. The main objectives of the research were to map and analyze the characteristics of evening primary educational institutions that received women in the period analyzed; to characterize and analyze the profile of students at the evening primary schools investigated; to investigate the working conditions of teachers in evening schools; to search the resistance of female workers to study in Uberlândia. In addition to the literature research, we consulted documents such as school meeting minutes, enrollment books, teachers’ time tracking records, students’ daily attendance books, pictures and newspapers from the time analyzed: A Tribuna, Correio de Uberlândia, and O Repórter. All materials were researched in the Public Archives of Uberlândia. While tracking the history of educational institutions that offered evening classes for women between 1933 and 1959, we identified seven institutions: Escola Noturna Municipal para o Sexo Feminino, Escola Noturna Municipal Benedito Valadares, Escola Municipal Modelo Governador Valadares, Escola Municipal Padre Anchieta, Grupo Escolar Noturno Felisberto Carrejo, Grupo Escolar Noturno Governador Valadares, and Escola Noturna para Alfabetização de Adultos da Cerâmica “Eldorado” in the rural area. In the city of Uberlândia, with its motto “Order, Progress and Modernization”, women enrolled in evening schools did not fit the pattern of “queen of the home” and were not recognized as workers. They were "invisible", being remembered through biased publications and for negative reasons. There was no incentive to attend evening classes and there were many obstacles imposed by the ruling classes, especially for women in domestic activities. Evening schools’ schedules were rigid and ignored by mistresses who controlled and watched the working hours of their employees. Despite this fact, we observed that women resisted all odds in favor of their schooling.CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoTese (Doutorado)porUniversidade Federal de UberlândiaPrograma de Pós-graduação em EducaçãoBrasilCNPQ::CIENCIAS HUMANAS::EDUCACAO::FUNDAMENTOS DA EDUCACAO::HISTORIA DA EDUCACAOHistória da educaçãoHistory of educationEducação de mulheresWomen's EducationEscolas noturnas primárias de Uberlândia/MGPrimary evening schools of Uberlândia/MGEducaçãoEducação - HistóriaEducação femininaEscolas noturnas - Uberlândia (MG)A história da educação de mulheres pobres nas instituições escolares noturnas primárias de Uberlândia/MG (1933-1959): espaço de luta e resistência pela escolarizaçãoThe history of education of poor women attending primary evening schools in Uberlândia/MG, Brazil (1933-1959): a place of struggle and resistance for educationinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisSouza, Sauloéber Tarsio dehttp://lattes.cnpq.br/8937954864858691Ribeiro, Betânia de Oliveira LaterzaLima, Sandra Cristina Fagundes dePinheiro, Maria de LourdesNogueira, Vera Lúciahttp://lattes.cnpq.br/8092105220807983Silva, Carla Cristina Jacinto da188publicado no crossref antes da rotina xmlinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFUinstname:Universidade Federal de Uberlândia (UFU)instacron:UFUORIGINALHistóriaEducaçãoMulheres.pdfHistóriaEducaçãoMulheres.pdfTeseapplication/pdf27790242https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/24892/3/Hist%c3%b3riaEduca%c3%a7%c3%a3oMulheres.pdf8d0356ae877909836935d5cc04b08006MD53LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81792https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/24892/4/license.txt48ded82ce41b8d2426af12aed6b3cbf3MD54TEXTHistóriaEducaçãoMulheres.pdf.txtHistóriaEducaçãoMulheres.pdf.txtExtracted texttext/plain452078https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/24892/5/Hist%c3%b3riaEduca%c3%a7%c3%a3oMulheres.pdf.txta90e0a9511cc5de760fc82cf708385a5MD55THUMBNAILHistóriaEducaçãoMulheres.pdf.jpgHistóriaEducaçãoMulheres.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1172https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/24892/6/Hist%c3%b3riaEduca%c3%a7%c3%a3oMulheres.pdf.jpg677712adc0077069e6d95aa4d764c12fMD56123456789/248922021-10-26 11:41:49.696oai:repositorio.ufu.br:123456789/24892w4kgbmVjZXNzw6FyaW8gY29uY29yZGFyIGNvbSBhIGxpY2Vuw6dhIGRlIGRpc3RyaWJ1acOnw6NvIG7Do28tZXhjbHVzaXZhLCBhbnRlcyBxdWUgbyBkb2N1bWVudG8gcG9zc2EgYXBhcmVjZXIgbm8gUmVwb3NpdMOzcmlvLiBQb3IgZmF2b3IsIGxlaWEgYSBsaWNlbsOnYSBhdGVudGFtZW50ZS4gQ2FzbyBuZWNlc3NpdGUgZGUgYWxndW0gZXNjbGFyZWNpbWVudG8gZW50cmUgZW0gY29udGF0byBhdHJhdsOpcyBkbyBlLW1haWwgIHJlcG9zaXRvcmlvQHVmdS5ici4KCkxJQ0VOw4dBIERFIERJU1RSSUJVScOHw4NPIE7Dg08tRVhDTFVTSVZBCgpBbyBhc3NpbmFyIGUgZW50cmVnYXIgZXN0YSBsaWNlbsOnYSwgby9hIFNyLi9TcmEuIChhdXRvciBvdSBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IpOgoKYSkgQ29uY2VkZSDDoCBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBVYmVybMOibmRpYSBvIGRpcmVpdG8gbsOjby1leGNsdXNpdm8gZGUgcmVwcm9kdXppciwgY29udmVydGVyIChjb21vIGRlZmluaWRvIGFiYWl4byksIGNvbXVuaWNhciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgKGluY2x1aW5kbyBvIHJlc3Vtby9hYnN0cmFjdCkgZW0gZm9ybWF0byBkaWdpdGFsIG91IGltcHJlc3NvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpby4KCmIpIERlY2xhcmEgcXVlIG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlIMOpIHNldSB0cmFiYWxobyBvcmlnaW5hbCwgZSBxdWUgZGV0w6ltIG8gZGlyZWl0byBkZSBjb25jZWRlciBvcyBkaXJlaXRvcyBjb250aWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYS4gRGVjbGFyYSB0YW1iw6ltIHF1ZSBhIGVudHJlZ2EgZG8gZG9jdW1lbnRvIG7Do28gaW5mcmluZ2UsIHRhbnRvIHF1YW50byBsaGUgw6kgcG9zc8OtdmVsIHNhYmVyLCBvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBxdWFscXVlciBvdXRyYSBwZXNzb2Egb3UgZW50aWRhZGUuCgpjKSBTZSBvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZSBjb250w6ltIG1hdGVyaWFsIGRvIHF1YWwgbsOjbyBkZXTDqW0gb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IsIGRlY2xhcmEgcXVlIG9idGV2ZSBhdXRvcml6YcOnw6NvIGRvIGRldGVudG9yIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvciBwYXJhIGNvbmNlZGVyIMOgIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIFViZXJsw6JuZGlhIG9zIGRpcmVpdG9zIHJlcXVlcmlkb3MgcG9yIGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgY3Vqb3MgZGlyZWl0b3Mgc8OjbyBkZSB0ZXJjZWlyb3MgZXN0w6EgY2xhcmFtZW50ZSBpZGVudGlmaWNhZG8gZSByZWNvbmhlY2lkbyBubyB0ZXh0byBvdSBjb250ZcO6ZG8gZG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlLgoKU2UgbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgw6kgYmFzZWFkbyBlbSB0cmFiYWxobyBmaW5hbmNpYWRvIG91IGFwb2lhZG8gcG9yIG91dHJhIGluc3RpdHVpw6fDo28gcXVlIG7Do28gYSBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBVYmVybMOibmRpYSwgZGVjbGFyYSBxdWUgY3VtcHJpdSBxdWFpc3F1ZXIgb2JyaWdhw6fDtWVzIGV4aWdpZGFzIHBlbG8gcmVzcGVjdGl2byBjb250cmF0byBvdSBhY29yZG8uCgpBIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIFViZXJsw6JuZGlhIGlkZW50aWZpY2Fyw6EgY2xhcmFtZW50ZSBvKHMpIHNldShzKSBub21lKHMpIGNvbW8gbyhzKSBhdXRvcihlcykgb3UgZGV0ZW50b3IgKGVzKSBkb3MgZGlyZWl0b3MgZG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlLCBlIG7Do28gZmFyw6EgcXVhbHF1ZXIgYWx0ZXJhw6fDo28sIHBhcmEgYWzDqW0gZGFzIHBlcm1pdGlkYXMgcG9yIGVzdGEgbGljZW7Dp2EuCg==Repositório InstitucionalONGhttp://repositorio.ufu.br/oai/requestdiinf@dirbi.ufu.bropendoar:2021-10-26T14:41:49Repositório Institucional da UFU - Universidade Federal de Uberlândia (UFU)false |
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