Desejo em vertigem: do neoliberalismo à transferência na clínica psicanalítica

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Ribeiro, Bruno Castro
• Orientador(a): Paravidini, João Luiz Leitão
• Banca de defesa: Neves, Anamaria Silva , Kyrillos Neto, Fuad , Rocha, Tiago Humberto Rodrigues , Gomide, Ana Paula de Ávila
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Uberlândia
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Psicologia
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Psicanálise; desejo; neoliberalismo; contemporaneidade
• Área do conhecimento CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA; CNPQ::CIENCIAS HUMANAS
• Link de acesso: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/34754; http://doi.org/10.14393/ufu.di.2022.5310

Essa pesquisa teve como fundamento dois fatores primordiais que mobilizaram a transferência de trabalho: o vislumbre sobre o contemporâneo e os casos clínicos. A tessitura metodológica desse trabalho, amparada no método psicanalítico, visou a instrumentalização da transferência do pesquisador para com o seu objeto de estudo. A princípio, o caminho dissertativo conduziu a preocupações concernentes ao aumento do número de suicídios no Brasil, em que buscava investigar a atualidade e as marcas que o capital impõe às subjetividades. Correlatamente, o suicídio fora tomado como resposta à tirania do grade Outro neoliberal. Além disso, a premência do neoliberalismo e o discurso do capitalista deram sustentação para uma hipótese clínica que versasse sobre a condução do desejo dos sujeitos subjetivados segundo a minimização das perdas e maximização dos ganhos. Foram utilizados autores das ciências sociais e da filosofia, entrementes e principalmente, Bauman, Debord, Jameson, Byung-Chul Han, Dardot e Laval. Procurei fundamentar a noção de grande Outro no contemporâneo através de autores como Lebrun, Melman, Quintela e Dufour. Nessa dinâmica de estruturação do conceito de Outro no contemporâneo, foi utilizada a noção de grande Outro gozador, fundado no discurso do capitalista, portanto, um Outro que nega a falha e faz operar na máxima positividade. Para estruturar a noção de desejo, retornou-se à Freud e à continuidade da teorização psicanalítica do desejo através de Lacan, seguindo a radicalidade negativa do desejo. Frente ao problema do desejo no contemporâneo, o trabalho de Maria Rita Kehl auxiliou a complementar a discussão envolta do desejo do depressivo e sua condição de recuo ou demissão. Além disso, essa pesquisa foi amparada com dois casos clínicos atendidos na Clínica de Psicologia da UFU. Foram utilizadas anotações pós atendimentos, bem como relatos referentes às dificuldades dos casos e às angústias disparadas no decorrer dos atendimentos. Ao entrar em contato com os casos clínicos, o decurso da transferência fez ressaltar uma hipótese que pudesse abordar a morte do desejo ou o desejo de morte enquanto instauração da falta no mecanismo de competição, consumo e desempenho na estruturação do sujeito neoliberal. Mediante a uma parcela de angústia que beirava o insuportável, vivida no campo transferencial, foi operada a formulação de um conceito teórico-clínico: o desejo em vertigem, caracterizado pelo tremeluzir do enodamento desejante. Desse modo, demonstrou-se que, embora o desejo se faça perceber, mesmo que ali se reconheça o enodamento desejante, ele apresenta-se a duras custas, sob a exigência imperativa de nada poder perder.15