Sobre o fenômeno do populismo digital no Brasil: medo e poder na economia política do tempo presente

• Ano de defesa: 2023
• Autor(a) principal: Chamma, Letícia Negrão
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
• Palavras-chave em Português: Bolsonaro; Populismo contemporâneo; Medo; Política digital; Democracia burguesa; Contemporary populism; Fear; Digital politics; Bourgeois democracy
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/243447

A eleição de Jair Messias Bolsonaro como presidente da República do Brasil em 2018 representa um marco na história brasileira não apenas pelo uso que foi feito das redes sociais digitais na sua campanha eleitoral, mas também por significar a manifestação do fenômeno do populismo contemporâneo no país. Tendo em vista a ascensão global de novos movimentos da direita no século XXI e a presença da mentalidade populista no Brasil, pretendemos compreender o que é o populismo contemporâneo, a sua essência, a sua gênese histórica e o seu modo de difusão. A investigação do sentido e significado do fenômeno partem da relação entre medo e poder na economia política contemporânea, evidenciando que o populismo contemporâneo é uma expressão política particular do tempo presente: trata-se de um movimento reativo da pequena e média burguesia frente à centralização do capital. Contudo, também é um movimento de massas e, por isso, a análise das manifestações estéticas e discursivas de Bolsonaro no Twitter permite acessar o modo como a mentalidade populista se desenvolve no caso brasileiro. Para isso, foram coletados todos os tweets que, entre os dias 6 de setembro de 2018 e 31 de dezembro de 2022, alcançaram mais de 15 mil retweets, totalizando 304 postagens. O populismo contemporâneo possui a característica de dividir a sociedade entre povo e não povo, amigos e inimigos de modo a anunciar a necessidade de restauração da sociedade permeada de conflitos sociais em direção a uma comunidade autêntica e harmônica. Em nome da liberdade, líderes populistas reivindicam representar a verdadeira democracia, mas ao reproduzirem-se no interior do regime democrático, apresentam tendências autoritárias e desumanizantes. Assim, ao defender uma democracia mais restritiva, acabam por desvelar o caráter tipicamente burguês das democracias contemporâneas.