O São Paulo Agrário na era da globalização

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Cubas, Tiago Egídio Avanço [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/150182
Resumo: A tese é um exercício em Geografia Crítica baseada na Cartografia Geohistórica Crítica (CGhC). Propomos trabalhar a cartografia temática em escala maior de análise que nos faz possível um rebatimento crítico com os sujeitos sociais nos trabalhos de campo. A partir disso o São Paulo Agrário, em Cubas (2012), é o objeto de nossas reflexões embasado na CGhC, onde compreendemos o estado de São Paulo a partir do movimento multiescalar Mundo-Brasil-São Paulo na fase do capitalismo neoliberal global. A globalização neoliberal atinge a América Latina, e por assim dizer o Brasil, em busca de abrir os mercados, aumentar a oferta de matérias-primas (tais como soja e cana e seus derivados) e liberar o acesso a terra para garantir o controle das classes hegemônicas, também por meio dos think tanks globais. Isso pode ser visto no estado de São Paulo oferecendo oportunidade de compreender essas dinâmicas. David Harvey fala do processo de acumulação via espoliação como a violência das classes hegemônicas contra os sujeitos sociais do campo numa ordem mundial de controle territorial, isso coloca em evidência a disputa territorial paradigmática entre classes sociais, os rentistas (um híbrido de latifundiários e capitalistas) e os camponeses no século XXI. Por isso, inspirado nos estudos de Karl Marx vislumbramos a questão central referente ao problema agrário brasileiro, a apropriação e uso do território evidenciando o conflito entre a terra como valor de troca (terra de negócio/especulação) versus a terra como valor de uso (terra de trabalho). A disputa territorial será examinada nesta tese de modo a explicitar o lugar do agronegócio e do campesinato na produção real dos principais cultivos, da geração de empregos e valor dessa produção, tendo em vista a crise do paradigma do agronegócio e a sua superação na proposição do paradigma agroecológico. A acumulação via espoliação no Brasil forjou um “povo sem-terra” que de modo destacado organizou-se, depois de 1984, em torno do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) na luta pela terra. Com as conquistas de terras e a evolução do debate sobre reforma agrária esse movimento aderiu a bandeira da agroecologia como paradigma tecnológico camponês. Nesse contexto, em São Paulo, juntou-se a uma cooperativa de SAFs (Sistemas Agroflorestais) em Barra do Turvo, a CooperaFloresta, onde começaram uma experiência de produção de alimentos agroecológicos que a partir de 2013 espacializou-se em uma rede de agroecologia agroflorestal por São Paulo e pelo Paraná. No estado de São Paulo a experiência cristalizada aconteceu no PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustável) Mario Lago, localizado no município de Ribeirão Preto, esta experiência é então um “espinho no pé” do agronegócio. A questão emblemática que envolve a formação desse assentamento do MST na “Capital do Agronegócio” e a experiência agroecológica agroflorestal são mais que a exceção, mas a intensificação da questão agrária espacializada ali. A partir dessa experiência agroecológica a tese oferece uma reflexão sobre o problema fundamental ainda hoje: reforma agrária e soberania alimentar para superação do capitalismo rentista. Nesse interím, será indispensável expor a experiência dos camponeses agrofloresteiros no estado de São Paulo, compreendendo os movimentos camponeses rebeldes na qualidade de protagonistas de novas bases para o uso da terra no Brasil e uma qualificação em novos elementos para debater a reforma agrária redistributiva.
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