Ecologia populacional de Taygetis ypthima Hübner, [1821] (NYMPHALIDAE)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Pedrotti, Vanessa Schaeffer
Orientador(a): Romanowski, Helena Piccoli
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/210275
Resumo: Taygetis ypthima é uma borboleta frugívora normalmente encontrada em ambientes preservados de mata fechada, com distribuição concentrada nos estratos mais baixos das florestas. Alguns indivíduos de espécies de Taygetis podem viver vários meses, sugerindo a existência de estruturas populacionais complexas. Estudos populacionais são importantes por ajudar a responder quais fatores podem estar influenciando a variação em uma população, entretanto, estes estudos são escassos na região Neotropical. O objetivo deste trabalho foi determinar a estrutura e a dinâmica de uma população de adultos de T. ypthima ao longo de um ano. Amostragens foram realizadas em uma população em área de Floresta Ombrófila Mista, no sul do Brasil. Os adultos foram amostrados através de três técnicas: armadilhas atrativas, rede entomológica e registro fotográfico. Em um total de 24 ocasiões amostrais, foram capturados 273 indivíduos, sendo 137 machos e 136 fêmeas. Ambos os sexos apresentaram variações de abundância ao longo do ano e os maiores picos populacionais foram observados no inverno (jul-ago), o oposto do padrão entre as populações de borboletas de regiões subtropicais. A razão sexual média foi 1:1, também contrastando com o encontrado em campo para a maioria das populações de borboletas. A estruturação etária foi heterogênea ao longo do ano, com predominância de adultos intermediários (80%) em agosto, velhos (60%) em novembro e jovens (90%) em dezembro. O tamanho médio da asa foi maior nas fêmeas (38,08mm ± 0,50) do que nos machos (34,87mm ± 0,39). Quatro fêmeas e um macho apresentaram longevidade superior a 200 dias, o registro maior atingindo extraordinários 247 dias de vida adulta. Estes indivíduos mais longevos apresentaram tamanho superior (36,02, o macho e 39,03 ± 0,42, as fêmeas) às médias da população. Interações entre machos territoriais e patrulhadores de T. ypthima foram registradas em 15 ocasiões, sempre próximos a bambuzais. Os dados de estrutura da população unidos aos dados de comportamento da espécie serviram como base para o estudo da dinâmica desta população. Para a dinâmica de T. ypthima, testou-se a hipótese de que a espécie apresenta maior pico nos períodos em que as temperaturas são mais baixas. Testamos ainda se havia diferença na probabilidade de sobrevivência entre os sexos e se tamanho teria associação positiva com a sobrevivência de T. ypthima. Utilizamos o modelo de tempo reverso de Pradel e testamos o efeito de variáveis sobre as estimativas de interesse. Calculamos a média ponderada, em virtude da incerteza na escolha entre dois modelos. A probabilidade de sobrevivência foi mais alta para as fêmeas e pode estar associada às agressivas disputas físicas dos machos. Os machos tiveram maior probabilidade de recaptura possivelmente também relacionada ao seu comportamento territorial. Foi possível observar tendência de aumento nas taxas de sobrevivência da espécie em relação direta com o tamanho corporal, mas a associação não atingiu significância. As maiores taxas de crescimento estimadas para os machos foram observadas sempre que as temperaturas médias estavam mais baixas; entretanto, esta relação apenas beirou a significância. Neste estudo foi possível registrar a atividade de indivíduos adultos durante todas as estações ano, inclusive com registro de maior abundância de T. ypthima nos meses de inverno. O fato de a espécie viver mais de sete meses na fase adulta e ser capaz de enfrentar variações das temperaturas ao longo das estações evidencia adaptação fisiológica e/ou comportamental da espécie a estas condições severas. Os picos da população nos meses de inverno e a tendência de crescimento da população sob diminuição das temperaturas indicam que a espécie ocupa um nicho temporal diferenciado em relação a outras borboletas da região.
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Em um total de 24 ocasiões amostrais, foram capturados 273 indivíduos, sendo 137 machos e 136 fêmeas. Ambos os sexos apresentaram variações de abundância ao longo do ano e os maiores picos populacionais foram observados no inverno (jul-ago), o oposto do padrão entre as populações de borboletas de regiões subtropicais. A razão sexual média foi 1:1, também contrastando com o encontrado em campo para a maioria das populações de borboletas. A estruturação etária foi heterogênea ao longo do ano, com predominância de adultos intermediários (80%) em agosto, velhos (60%) em novembro e jovens (90%) em dezembro. O tamanho médio da asa foi maior nas fêmeas (38,08mm ± 0,50) do que nos machos (34,87mm ± 0,39). Quatro fêmeas e um macho apresentaram longevidade superior a 200 dias, o registro maior atingindo extraordinários 247 dias de vida adulta. Estes indivíduos mais longevos apresentaram tamanho superior (36,02, o macho e 39,03 ± 0,42, as fêmeas) às médias da população. 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Os machos tiveram maior probabilidade de recaptura possivelmente também relacionada ao seu comportamento territorial. Foi possível observar tendência de aumento nas taxas de sobrevivência da espécie em relação direta com o tamanho corporal, mas a associação não atingiu significância. As maiores taxas de crescimento estimadas para os machos foram observadas sempre que as temperaturas médias estavam mais baixas; entretanto, esta relação apenas beirou a significância. Neste estudo foi possível registrar a atividade de indivíduos adultos durante todas as estações ano, inclusive com registro de maior abundância de T. ypthima nos meses de inverno. O fato de a espécie viver mais de sete meses na fase adulta e ser capaz de enfrentar variações das temperaturas ao longo das estações evidencia adaptação fisiológica e/ou comportamental da espécie a estas condições severas. 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