Das verdades na mídia jornalística sobre o aborto e a vida vinculadas à clandestinidade, violência sexual, drogadição, anencefalia e biotecnologias : o governo do viver/morrer

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Witt, Neila Seliane Pereira
Orientador(a): Souza, Nádia Geisa Silveira de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/70764
Resumo: Numa sociedade voltada ao fazer viver, em que se busca a longevidade e a saúde, a crescente prevenção de riscos à saúde e ao viver coloca em ação estratégias de governo para “vitalidade”. Tais estratégias propõem-se a estimular e intensificar a “vontade” de saúde/vida/felicidade; a observação, o acompanhamento, a medicalização e o controle do corpo/saúde da mulher grávida; a promoção da saúde e da vida/morte dos não-nascidos; e o uso das tecnologias biomédicas, por exemplo. Essas questões, articuladas à temática do aborto, moveram-me a investigar as “verdades” direcionadas ao “governo" dos corpos e da vida da mulher grávida e de seu “filho”. Considerar as maneiras pelas quais a subjetividade vem se tornando objeto de certas estratégias e procedimentos de governo e também o lugar de destaque da mídia enquanto instância que integra os processos constitutivos de nossas subjetividades ao veicular “verdades” torna relevante a análise das reportagens que tratam sobre o aborto. Tomei como corpus de análise as reportagens dos jornais Zero Hora (ZH), de Porto Alegre/RS, e Folha de São Paulo, de São Paulo/SP, publicadas ao longo dos anos de 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012. A partir das vertentes pós-estruturalistas dos Estudos Culturais, da noção de governamento para Michel Foucault e de vitalidade para Nikolas Rose, busquei conhecer as estratégias biopolíticas voltadas ao governo das condutas e investigar como elas operavam, a fim de compreender e dar visibilidade aos diversos níveis de atuação do biopoder. Para isso, problematizei: algumas transformações que vêm ocorrendo nas formas como se lida e fala de práticas ligadas ao aborto e à vida/morte; as implicações dessas noções no governo dos corpos para a vitalidade e na produção e determinação de “verdades” que constituem as subjetividades e éticas em relação ao aborto e ao viver/morrer; por fim, a possibilidade de relacionar essas formas de governo à eugenia. As análises levaram-me a pensar, entre outras coisas, que, nessa relação de governo entrecruzada por discursos de mercado, consumo, prevenção de riscos e promoção de vida/saúde, se ajustam e afirmam as construções, limitações e transformações de sujeito, julgamentos morais, estigmas e desigualdades sociais. Além disso, tratar do aborto significa lidar com uma “arena de significações” na qual estão em luta diversas instâncias – religiosas, políticas, médicas, legislativas, morais, mercadológicas e midiáticas.
id URGS_4279f2b12c0eaa45b56b15474500fe38
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/70764
network_acronym_str URGS
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
repository_id_str
spelling Witt, Neila Seliane PereiraSouza, Nádia Geisa Silveira de2013-04-30T01:46:11Z2012http://hdl.handle.net/10183/70764000878589Numa sociedade voltada ao fazer viver, em que se busca a longevidade e a saúde, a crescente prevenção de riscos à saúde e ao viver coloca em ação estratégias de governo para “vitalidade”. Tais estratégias propõem-se a estimular e intensificar a “vontade” de saúde/vida/felicidade; a observação, o acompanhamento, a medicalização e o controle do corpo/saúde da mulher grávida; a promoção da saúde e da vida/morte dos não-nascidos; e o uso das tecnologias biomédicas, por exemplo. Essas questões, articuladas à temática do aborto, moveram-me a investigar as “verdades” direcionadas ao “governo" dos corpos e da vida da mulher grávida e de seu “filho”. Considerar as maneiras pelas quais a subjetividade vem se tornando objeto de certas estratégias e procedimentos de governo e também o lugar de destaque da mídia enquanto instância que integra os processos constitutivos de nossas subjetividades ao veicular “verdades” torna relevante a análise das reportagens que tratam sobre o aborto. Tomei como corpus de análise as reportagens dos jornais Zero Hora (ZH), de Porto Alegre/RS, e Folha de São Paulo, de São Paulo/SP, publicadas ao longo dos anos de 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012. A partir das vertentes pós-estruturalistas dos Estudos Culturais, da noção de governamento para Michel Foucault e de vitalidade para Nikolas Rose, busquei conhecer as estratégias biopolíticas voltadas ao governo das condutas e investigar como elas operavam, a fim de compreender e dar visibilidade aos diversos níveis de atuação do biopoder. Para isso, problematizei: algumas transformações que vêm ocorrendo nas formas como se lida e fala de práticas ligadas ao aborto e à vida/morte; as implicações dessas noções no governo dos corpos para a vitalidade e na produção e determinação de “verdades” que constituem as subjetividades e éticas em relação ao aborto e ao viver/morrer; por fim, a possibilidade de relacionar essas formas de governo à eugenia. As análises levaram-me a pensar, entre outras coisas, que, nessa relação de governo entrecruzada por discursos de mercado, consumo, prevenção de riscos e promoção de vida/saúde, se ajustam e afirmam as construções, limitações e transformações de sujeito, julgamentos morais, estigmas e desigualdades sociais. Além disso, tratar do aborto significa lidar com uma “arena de significações” na qual estão em luta diversas instâncias – religiosas, políticas, médicas, legislativas, morais, mercadológicas e midiáticas.In a society concerned with making live, which seeks for longevity and health, the growing prevention of risks to health and living triggers government strategies for ‘vitality’. Such strategies aim at stimulating and intensifying, for instance, a ‘desire’ for health/life/happiness; the observation, follow-up, medicalization and control of pregnant women’s body/health; the promotion of health and life/death of the unborn; and the use of biomedical technologies. Such issues, articulated with abortion, have caused me to investigate the ‘truths’ directed to the ‘government’ of pregnant women’s body and life as well as their ‘children’s’. The analysis of reports dealing with abortion are important if we consider the ways through which subjectivity has become an object of certain government strategies and procedures, besides having a remarkable place in the media, which integrates processes that constitute our subjectivities by spreading ‘truths’. The corpus of analysis of this study consists of reports taken from two newspapers: Zero Hora, from Porto Alegre/RS, and Folha de São Paulo, from São Paulo/SP. The reports analyzed were published in the years of 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 and 2012. From post-structuralist lines of the Cultural Studies, Michel Foucault’s notion of government, and Nikolas Rose’s conception of vitality, I have both attempted to know the bio-political strategies intended to govern conducts, and investigated how they operated, in order to understand and bring visibility to the several levels of the bio-power action. I have problematized some changes that have occurred in the ways one deals with and talk about practices associated with abortion and life/death; the implications of such notions for both the government of bodies seeking for vitality and the production and determination of ‘truths’ that constitute subjectivities and ethics related to abortion and living/dying; finally, the possibility of relating such forms of government to eugenics. Among other things, the analyses have enabled me to think that subject constructions, limitations and transformations, moral judgments, stigmas and social inequalities have been adjusted and affirmed in this government relationship, intertwined with discourses of market, consumption, risk prevention and life/health promotion. Besides, addressing abortion means dealing with an ‘arena of significations’ in which several spaces are competing – religion, politics, medicine, law, moral, market and media.application/pdfporAbortoSaúdeMídiaGovernoAnálise do discursoAbortionHealthGovernmentPrint mediaEducationDas verdades na mídia jornalística sobre o aborto e a vida vinculadas à clandestinidade, violência sexual, drogadição, anencefalia e biotecnologias : o governo do viver/morrerinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Ciências Básicas da SaúdePrograma de Pós-Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e SaúdePorto Alegre, BR-RS2012doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000878589.pdf000878589.pdfTexto completoapplication/pdf3411995http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/70764/1/000878589.pdf4e10de3ec2f4acd8cbdc0627e931f46fMD51TEXT000878589.pdf.txt000878589.pdf.txtExtracted Texttext/plain587697http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/70764/2/000878589.pdf.txtd881f43be6de1a1a7e712daea248f796MD52THUMBNAIL000878589.pdf.jpg000878589.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1168http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/70764/3/000878589.pdf.jpg8d25e69352afca7b08c9e6ca240335fcMD5310183/707642022-08-15 04:39:53.674022oai:www.lume.ufrgs.br:10183/70764Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-08-15T07:39:53Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Das verdades na mídia jornalística sobre o aborto e a vida vinculadas à clandestinidade, violência sexual, drogadição, anencefalia e biotecnologias : o governo do viver/morrer
title Das verdades na mídia jornalística sobre o aborto e a vida vinculadas à clandestinidade, violência sexual, drogadição, anencefalia e biotecnologias : o governo do viver/morrer
spellingShingle Das verdades na mídia jornalística sobre o aborto e a vida vinculadas à clandestinidade, violência sexual, drogadição, anencefalia e biotecnologias : o governo do viver/morrer
Witt, Neila Seliane Pereira
Aborto
Saúde
Mídia
Governo
Análise do discurso
Abortion
Health
Government
Print media
Education
title_short Das verdades na mídia jornalística sobre o aborto e a vida vinculadas à clandestinidade, violência sexual, drogadição, anencefalia e biotecnologias : o governo do viver/morrer
title_full Das verdades na mídia jornalística sobre o aborto e a vida vinculadas à clandestinidade, violência sexual, drogadição, anencefalia e biotecnologias : o governo do viver/morrer
title_fullStr Das verdades na mídia jornalística sobre o aborto e a vida vinculadas à clandestinidade, violência sexual, drogadição, anencefalia e biotecnologias : o governo do viver/morrer
title_full_unstemmed Das verdades na mídia jornalística sobre o aborto e a vida vinculadas à clandestinidade, violência sexual, drogadição, anencefalia e biotecnologias : o governo do viver/morrer
title_sort Das verdades na mídia jornalística sobre o aborto e a vida vinculadas à clandestinidade, violência sexual, drogadição, anencefalia e biotecnologias : o governo do viver/morrer
author Witt, Neila Seliane Pereira
author_facet Witt, Neila Seliane Pereira
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Witt, Neila Seliane Pereira
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Souza, Nádia Geisa Silveira de
contributor_str_mv Souza, Nádia Geisa Silveira de
dc.subject.por.fl_str_mv Aborto
Saúde
Mídia
Governo
Análise do discurso
topic Aborto
Saúde
Mídia
Governo
Análise do discurso
Abortion
Health
Government
Print media
Education
dc.subject.eng.fl_str_mv Abortion
Health
Government
Print media
Education
description Numa sociedade voltada ao fazer viver, em que se busca a longevidade e a saúde, a crescente prevenção de riscos à saúde e ao viver coloca em ação estratégias de governo para “vitalidade”. Tais estratégias propõem-se a estimular e intensificar a “vontade” de saúde/vida/felicidade; a observação, o acompanhamento, a medicalização e o controle do corpo/saúde da mulher grávida; a promoção da saúde e da vida/morte dos não-nascidos; e o uso das tecnologias biomédicas, por exemplo. Essas questões, articuladas à temática do aborto, moveram-me a investigar as “verdades” direcionadas ao “governo" dos corpos e da vida da mulher grávida e de seu “filho”. Considerar as maneiras pelas quais a subjetividade vem se tornando objeto de certas estratégias e procedimentos de governo e também o lugar de destaque da mídia enquanto instância que integra os processos constitutivos de nossas subjetividades ao veicular “verdades” torna relevante a análise das reportagens que tratam sobre o aborto. Tomei como corpus de análise as reportagens dos jornais Zero Hora (ZH), de Porto Alegre/RS, e Folha de São Paulo, de São Paulo/SP, publicadas ao longo dos anos de 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012. A partir das vertentes pós-estruturalistas dos Estudos Culturais, da noção de governamento para Michel Foucault e de vitalidade para Nikolas Rose, busquei conhecer as estratégias biopolíticas voltadas ao governo das condutas e investigar como elas operavam, a fim de compreender e dar visibilidade aos diversos níveis de atuação do biopoder. Para isso, problematizei: algumas transformações que vêm ocorrendo nas formas como se lida e fala de práticas ligadas ao aborto e à vida/morte; as implicações dessas noções no governo dos corpos para a vitalidade e na produção e determinação de “verdades” que constituem as subjetividades e éticas em relação ao aborto e ao viver/morrer; por fim, a possibilidade de relacionar essas formas de governo à eugenia. As análises levaram-me a pensar, entre outras coisas, que, nessa relação de governo entrecruzada por discursos de mercado, consumo, prevenção de riscos e promoção de vida/saúde, se ajustam e afirmam as construções, limitações e transformações de sujeito, julgamentos morais, estigmas e desigualdades sociais. Além disso, tratar do aborto significa lidar com uma “arena de significações” na qual estão em luta diversas instâncias – religiosas, políticas, médicas, legislativas, morais, mercadológicas e midiáticas.
publishDate 2012
dc.date.issued.fl_str_mv 2012
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2013-04-30T01:46:11Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/70764
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 000878589
url http://hdl.handle.net/10183/70764
identifier_str_mv 000878589
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/70764/1/000878589.pdf
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/70764/2/000878589.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/70764/3/000878589.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv 4e10de3ec2f4acd8cbdc0627e931f46f
d881f43be6de1a1a7e712daea248f796
8d25e69352afca7b08c9e6ca240335fc
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv lume@ufrgs.br||lume@ufrgs.br
_version_ 1797064992147636224