Pelos corredores da exportação : a agricultura familiar do Brasil para a África

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Coelho, Vanessa Pfeifer
Orientador(a): Anjos, José Carlos Gomes dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/131643
Resumo: A presente tese constitui-se em uma análise dos corredores da exportação das políticas públicas brasileiras relacionadas à agricultura familiar para países africanos. Compreendida no âmbito das relações Sul-Sul, essa exportação, iniciada na última década, mobiliza tanto ideias de justiça social quanto de aumento da produtividade agrícola. Os corredores da exportação para a África nos levam a percorrer, igualmente, a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (REAF) no Mercosul, considerada um espaço fundamental para as investidas internacionais brasileiras vinculadas à agricultura familiar. Entre as iniciativas do Brasil na área da agricultura familiar que ganharam impulso para a travessia do Atlântico a partir do Diálogo Brasil-África (2010), está o Programa Mais Alimentos, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, cujas negociações de exportação foram acompanhadas. Na África, direcionamos a pesquisa para o Zimbábue, um país que experimentou uma reforma agrária radical, com ampla redistribuição fundiária e reversão do padrão racial anterior de acesso à terra, concentrado por uma minoria branca. Esse contexto amplifica as potencialidades de justiça social e de impulso da atividade produtiva dos programas brasileiros exportados, em configurações que podem reforçar ambas ou uma delas. O empreendimento de pesquisa aqui desenvolvido situa-se nas zonas de encontro estabelecidas nas situações de internacionalização, o que nos conduz a percorrer tanto os espaços de cena quanto os bastidores dos processos em andamento. Os espaços internacionais são tomados em relação com os espaços nacionais. Ao percorrer os corredores da exportação, buscamos reconstituir os espaços e as possibilidades de enunciação emergentes. Para tanto, utilizamos uma estratégia de pesquisa próxima da etnografia multilocalizada. A proposta é deixar-se conduzir, usar a mobilidade e perseguir as articulações. Aproximar-se de uma abordagem pragmática, onde buscamos as dinâmicas de estabelecimento de relações, não nos impede de mobilizar elementos de uma análise crítica, como a articulação com a ideia de colonialismo interno. Ainda nesta perspectiva, é estabelecida a possibilidade de diálogo com o que chamamos de situação neocolonial. As zonas de encontro, configuradas pelos corredores da exportação, nos remetem tanto a situações de aproximação do Brasil com os países africanos, quanto ao espaço interno brasileiro. A agricultura familiar exercita, dentro das fronteiras do Brasil e em jogo com o cenário internacional, distanciamentos e aproximações em relação a outras categorias e povos. Pela África, a manutenção de categorias como os camponeses e pequenos produtores em situações de encontro com a agricultura familiar nos diz sobre distinções entre estas. As discussões que possibilitam uma leitura do caráter neocolonial das ações brasileiras no continente africano estão próximas. Pelos caminhos externos da agricultura familiar, já potencializados em outros espaços internacionais, como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a dinâmica interna brasileira é um alerta. Nas zonas de encontro, brasileiras e estabelecidas com outros países, a agricultura familiar exibe seu potencial de exercitar o obscurecimento de outras categorias.
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Entre as iniciativas do Brasil na área da agricultura familiar que ganharam impulso para a travessia do Atlântico a partir do Diálogo Brasil-África (2010), está o Programa Mais Alimentos, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, cujas negociações de exportação foram acompanhadas. Na África, direcionamos a pesquisa para o Zimbábue, um país que experimentou uma reforma agrária radical, com ampla redistribuição fundiária e reversão do padrão racial anterior de acesso à terra, concentrado por uma minoria branca. Esse contexto amplifica as potencialidades de justiça social e de impulso da atividade produtiva dos programas brasileiros exportados, em configurações que podem reforçar ambas ou uma delas. O empreendimento de pesquisa aqui desenvolvido situa-se nas zonas de encontro estabelecidas nas situações de internacionalização, o que nos conduz a percorrer tanto os espaços de cena quanto os bastidores dos processos em andamento. Os espaços internacionais são tomados em relação com os espaços nacionais. Ao percorrer os corredores da exportação, buscamos reconstituir os espaços e as possibilidades de enunciação emergentes. Para tanto, utilizamos uma estratégia de pesquisa próxima da etnografia multilocalizada. A proposta é deixar-se conduzir, usar a mobilidade e perseguir as articulações. Aproximar-se de uma abordagem pragmática, onde buscamos as dinâmicas de estabelecimento de relações, não nos impede de mobilizar elementos de uma análise crítica, como a articulação com a ideia de colonialismo interno. Ainda nesta perspectiva, é estabelecida a possibilidade de diálogo com o que chamamos de situação neocolonial. As zonas de encontro, configuradas pelos corredores da exportação, nos remetem tanto a situações de aproximação do Brasil com os países africanos, quanto ao espaço interno brasileiro. A agricultura familiar exercita, dentro das fronteiras do Brasil e em jogo com o cenário internacional, distanciamentos e aproximações em relação a outras categorias e povos. Pela África, a manutenção de categorias como os camponeses e pequenos produtores em situações de encontro com a agricultura familiar nos diz sobre distinções entre estas. As discussões que possibilitam uma leitura do caráter neocolonial das ações brasileiras no continente africano estão próximas. Pelos caminhos externos da agricultura familiar, já potencializados em outros espaços internacionais, como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a dinâmica interna brasileira é um alerta. Nas zonas de encontro, brasileiras e estabelecidas com outros países, a agricultura familiar exibe seu potencial de exercitar o obscurecimento de outras categorias.This thesis presents an analysis of the corridors of exportation of Brazilian public policies in relation to family farming in African countries. This exportation initiated in the last decade and conceived within South-South relations, puts into motion ideas about social justice as well as increased agricultural production. In the same way, these corridors of exportation lead us to the Specialized Meeting on Family Farming in the Mercosul (REAF), which is considered a fundamental space for Brazilian foreign investments in family farming. The More Food Programme (Programa Mais Alimentos), associated with the Ministry of Agrarian Development, is one initiative undertaken by Brazil in the area of family farming which gained enough momentum to cross the Atlantic after the Diálogo Brasil-África meeting in 2010. The subsequent export negotiations of these initiatives have been accompanied in this study. In Africa, our research we have been focused on Zimbabwe, a country which has experienced a radical land reform, including widespread land redistribution and a reversal of previous racebased standards through which a concentrated, white minority accessed land. Their context amplifies the potentials of social justice and of the momentum towards an increase in agricultural production through exported Brazilian programmes. Within the design both categories of potential can be reinforced. The research carried out is situated in meeting zones established in situations of internationalization, which in turn takes us to the centre stage of developing processes as well as behind the scenes. International spaces are considered in relation with national spaces. Upon tracing these corridors of exportation, we seek to reconstruct spaces together with possible emerging enunciations. To this end, we use a research strategy similar to multi-sited ethnography. Our proposal is to let ourselves be guided, to use mobility and search for links. Adopting a pragmatic approach, through which we seek out the dynamics of relationship building, does not impede us from implementing elements of critical analysis, such as the contemplation of linkage in connection with the idea of internal colonialism. Within this perspective, the possibility of dialogue with what we call a neocolonial situation is established. These meeting zones, configured by the corridors of exportation, bring us face to face with the approximation of Brazil to African countries and also with Brazilian internal spaces. Within Brazilian borders and beyond them, family farming prompts distancing and approximations between categories and peoples. In Africa, maintaining categories such as peasants and small-scale farmers in situations in which they encounter family farmers, serves to highlight the differences between them. Furthermore, the discussions that make it possible to interpret the neocolonial character of Brazilian actions on the African continent are close. Passing through the external pathways of family farming, and strengthened in other international spaces like the Food and Agricultural Organization of the United Nations (FAO), the internal Brazilian dynamic is a warning. In these meeting zones, Brazilian and foreign, family farming exhibits its potential to throw shadows over other categories.application/pdfporSociologia ruralSociologia da agriculturaAgricultura familiarNeocolonialismoBrasilÁfricaZimbábueFamily farmingMore food international programmeREAFNeocolonialismPelos corredores da exportação : a agricultura familiar do Brasil para a Áfricainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em SociologiaPorto Alegre, BR-RS2015doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000979179.pdf000979179.pdfTexto completoapplication/pdf1611019http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/131643/1/000979179.pdf2d3c65eb7cb65bfae892966136061a0aMD51TEXT000979179.pdf.txt000979179.pdf.txtExtracted Texttext/plain587879http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/131643/2/000979179.pdf.txte276fa89c6f72653f288152bd4a59504MD52THUMBNAIL000979179.pdf.jpg000979179.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1063http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/131643/3/000979179.pdf.jpgcebcf1262f6d8a52652fce46460fd906MD5310183/1316432018-10-25 10:05:02.409oai:www.lume.ufrgs.br:10183/131643Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-25T13:05:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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