O voo da coruja entre a luz e a sombra : acerca do saber absoluto e da possibilidade de uma nova figura do espírito

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Miranda, Marloren Lopes
Orientador(a): Pertille, José Pinheiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/186103
Resumo: A filosofia, para Hegel, é o saber conceitual que se pensa e pensa sua época, sendo esse saber resultado do processo de desenvolvimento histórico e cultural do mundo. Nesse sentido, a Fenomenologia do Espírito é a apresentação necessária do movimento de formação do saber que surgiu na época de Hegel, o qual ele denomina de saber absoluto. Esse é o resultado do percurso que culminou na Revolução Francesa, na religião protestante e na filosofia do idealismo transcendental, e a Fenomenologia apresenta esse encadeamento através de suas figuras, isto é, momentos da história, da cultura e da filosofia tomados a partir de sua perspectiva conceitual e conectados de forma a demonstrar as transformações do saber ele mesmo. A partir disso, Hegel denomina o saber absoluto como última figura do espírito, que, como ele aponta no final da obra, também é a nova figura, a filosofia como ciência, e se propõe a desenvolvê-la naquilo que ele chama de Ciência da Lógica. Desse modo, o objetivo desse ou, em outras palavras, se é possível, a partir do próprio sistema hegeliano, considerar o surgimento de novas figuras do espírito depois da figura do saber absoluto ou da filosofia do idealismo absoluto. Para isso, busca-se esclarecer a noção de figura na Fenomenologia, bem como suas condições de possibilidade e aquilo que Hegel utiliza como o seu método científico, a saber, o processo dialético, explicitado na noção de suprassunção (Aufhebung). A fim de esclarecer essas noções de modo mais preciso, recorre-se a noções da Ciência da Lógica e retorna-se à Fenomenologia a partir deles, de modo a compreendê-los de maneira concreta e de salientar os aspectos lógicos já presentes nessa obra. Para isso, procurase demonstrar aqui que a Lógica hegeliana não é apenas uma ciência formal, como a metafísica tradicional usualmente considera, mas também uma ontologia, um estudo de como o ser é. Para Hegel, o ser é o conceito e por isso se pode ter um saber conceitual, como o saber absoluto, acerca da realidade e ele ser um saber efetivo, isto é, um conhecimento das coisas como elas são nelas mesmas, e não apenas como elas aparecem para nós segundo nossas condições de possibilidade da experiência, como tenta mostrar o idealismo transcendental de Kant. Por isso, este trabalho defende que a ontologia hegeliana não é nem um retorno à metafísica tradicional, nem uma radicalização dessa, mas uma apropriação de seus conceitos revistos sob a óptica das novas lentes do saber absoluto, um saber qualitativamente diferente dos saberes anteriores e que, precisamente por isso, permitiria a continuação e atualização desse saber de acordo com novos momentos históricos e culturais.
id URGS_d0a88666574c6094dacef72abd395b16
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/186103
network_acronym_str URGS
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
repository_id_str
spelling Miranda, Marloren LopesPertille, José Pinheiro2018-12-11T02:38:30Z2018http://hdl.handle.net/10183/186103001079532A filosofia, para Hegel, é o saber conceitual que se pensa e pensa sua época, sendo esse saber resultado do processo de desenvolvimento histórico e cultural do mundo. Nesse sentido, a Fenomenologia do Espírito é a apresentação necessária do movimento de formação do saber que surgiu na época de Hegel, o qual ele denomina de saber absoluto. Esse é o resultado do percurso que culminou na Revolução Francesa, na religião protestante e na filosofia do idealismo transcendental, e a Fenomenologia apresenta esse encadeamento através de suas figuras, isto é, momentos da história, da cultura e da filosofia tomados a partir de sua perspectiva conceitual e conectados de forma a demonstrar as transformações do saber ele mesmo. A partir disso, Hegel denomina o saber absoluto como última figura do espírito, que, como ele aponta no final da obra, também é a nova figura, a filosofia como ciência, e se propõe a desenvolvê-la naquilo que ele chama de Ciência da Lógica. Desse modo, o objetivo desse ou, em outras palavras, se é possível, a partir do próprio sistema hegeliano, considerar o surgimento de novas figuras do espírito depois da figura do saber absoluto ou da filosofia do idealismo absoluto. Para isso, busca-se esclarecer a noção de figura na Fenomenologia, bem como suas condições de possibilidade e aquilo que Hegel utiliza como o seu método científico, a saber, o processo dialético, explicitado na noção de suprassunção (Aufhebung). A fim de esclarecer essas noções de modo mais preciso, recorre-se a noções da Ciência da Lógica e retorna-se à Fenomenologia a partir deles, de modo a compreendê-los de maneira concreta e de salientar os aspectos lógicos já presentes nessa obra. Para isso, procurase demonstrar aqui que a Lógica hegeliana não é apenas uma ciência formal, como a metafísica tradicional usualmente considera, mas também uma ontologia, um estudo de como o ser é. Para Hegel, o ser é o conceito e por isso se pode ter um saber conceitual, como o saber absoluto, acerca da realidade e ele ser um saber efetivo, isto é, um conhecimento das coisas como elas são nelas mesmas, e não apenas como elas aparecem para nós segundo nossas condições de possibilidade da experiência, como tenta mostrar o idealismo transcendental de Kant. Por isso, este trabalho defende que a ontologia hegeliana não é nem um retorno à metafísica tradicional, nem uma radicalização dessa, mas uma apropriação de seus conceitos revistos sob a óptica das novas lentes do saber absoluto, um saber qualitativamente diferente dos saberes anteriores e que, precisamente por isso, permitiria a continuação e atualização desse saber de acordo com novos momentos históricos e culturais.For Hegel, philosophy is the conceptual knowing that is thought about and thinks about its time. This knowing derives from the process of historical and cultural development of the world. Thus, the Phenomenology of Spirit is the necessary presentation of the movement of knowledge acquisition that arose in Hegel's time, which he calls absolute knowing. This is the result of the path that climaxed in the French Revolution, in the Protestant religion and in the philosophy of transcendental idealism. The Phenomenology presents this chaining through its figures, that is, moments of history, of culture and of philosophy taken from their conceptual perspective and connected in order to demonstrate the transformations of knowing itself. Based on this, Hegel considers absolute knowing the last figure of spirit, which, as he points out at the end of the work, is also the new figure, philosophy as science, and proposes to develop it in what he calls the Science of Logic. Therefore, this study aims to investigate in what sense one can understand the determination of figure of or, in other words, if it is possible, based on the Hegelian system itself, to consider the emergence of new figures of spirit after the figure of absolute knowing or of the philosophy of absolute idealism. In order to do so, it seeks to clarify the notion of figure in the Phenomenology, as well as its conditions of possibility and what Hegel uses as his scientific method, namely, the dialectical process, explicit in the notion of sublation. In order to more precisely clarify these notions, notions from the Science of Logic are used and a return to the Phenomenology is made based on them, so as to understand them in a concrete way and to emphasize the logical aspects already present in this work. To this end, here we try to demonstrate that the Hegelian Logic is not only a formal science, as traditional metaphysics usually considers it to be, but also an ontology, a study of how the being is. For Hegel, the being is the concept and therefore it is possible to have a conceptual knowing, such as the absolute knowing, about reality, and it can be an actual knowing, that is, a knowledge of things as they are in themselves and not only as they appear to us according to our conditions of possibility of experience, as transcendental idealism attempts to show us. Therefore, this study argues that the Hegelian ontology is neither a return to traditional metaphysics nor a radicalization of this metaphysics, but an appropriation of its concepts revised under the new lenses of absolute knowing, a knowing that is qualitatively different from previous types of knowing and that, precisely for this reason, would allow the continuation and updating of this knowing according to new historical and cultural moments.application/pdfporFilosofiaEpistemologiaMetafísicaAbsolute KnowingHistoryLogic and OntologySublationFigureO voo da coruja entre a luz e a sombra : acerca do saber absoluto e da possibilidade de uma nova figura do espíritoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em FilosofiaPorto Alegre, BR-RS2018doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001079532.pdf.txt001079532.pdf.txtExtracted Texttext/plain22640http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/186103/2/001079532.pdf.txtb58b94a94c865cd943ff3fa4502d82d0MD52ORIGINAL001079532.pdfTexto parcialapplication/pdf838532http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/186103/1/001079532.pdfcd0287e0d444130578d1a2005c011712MD5110183/1861032019-08-01 02:30:28.548689oai:www.lume.ufrgs.br:10183/186103Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-08-01T05:30:28Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv O voo da coruja entre a luz e a sombra : acerca do saber absoluto e da possibilidade de uma nova figura do espírito
title O voo da coruja entre a luz e a sombra : acerca do saber absoluto e da possibilidade de uma nova figura do espírito
spellingShingle O voo da coruja entre a luz e a sombra : acerca do saber absoluto e da possibilidade de uma nova figura do espírito
Miranda, Marloren Lopes
Filosofia
Epistemologia
Metafísica
Absolute Knowing
History
Logic and Ontology
Sublation
Figure
title_short O voo da coruja entre a luz e a sombra : acerca do saber absoluto e da possibilidade de uma nova figura do espírito
title_full O voo da coruja entre a luz e a sombra : acerca do saber absoluto e da possibilidade de uma nova figura do espírito
title_fullStr O voo da coruja entre a luz e a sombra : acerca do saber absoluto e da possibilidade de uma nova figura do espírito
title_full_unstemmed O voo da coruja entre a luz e a sombra : acerca do saber absoluto e da possibilidade de uma nova figura do espírito
title_sort O voo da coruja entre a luz e a sombra : acerca do saber absoluto e da possibilidade de uma nova figura do espírito
author Miranda, Marloren Lopes
author_facet Miranda, Marloren Lopes
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Miranda, Marloren Lopes
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Pertille, José Pinheiro
contributor_str_mv Pertille, José Pinheiro
dc.subject.por.fl_str_mv Filosofia
Epistemologia
Metafísica
topic Filosofia
Epistemologia
Metafísica
Absolute Knowing
History
Logic and Ontology
Sublation
Figure
dc.subject.eng.fl_str_mv Absolute Knowing
History
Logic and Ontology
Sublation
Figure
description A filosofia, para Hegel, é o saber conceitual que se pensa e pensa sua época, sendo esse saber resultado do processo de desenvolvimento histórico e cultural do mundo. Nesse sentido, a Fenomenologia do Espírito é a apresentação necessária do movimento de formação do saber que surgiu na época de Hegel, o qual ele denomina de saber absoluto. Esse é o resultado do percurso que culminou na Revolução Francesa, na religião protestante e na filosofia do idealismo transcendental, e a Fenomenologia apresenta esse encadeamento através de suas figuras, isto é, momentos da história, da cultura e da filosofia tomados a partir de sua perspectiva conceitual e conectados de forma a demonstrar as transformações do saber ele mesmo. A partir disso, Hegel denomina o saber absoluto como última figura do espírito, que, como ele aponta no final da obra, também é a nova figura, a filosofia como ciência, e se propõe a desenvolvê-la naquilo que ele chama de Ciência da Lógica. Desse modo, o objetivo desse ou, em outras palavras, se é possível, a partir do próprio sistema hegeliano, considerar o surgimento de novas figuras do espírito depois da figura do saber absoluto ou da filosofia do idealismo absoluto. Para isso, busca-se esclarecer a noção de figura na Fenomenologia, bem como suas condições de possibilidade e aquilo que Hegel utiliza como o seu método científico, a saber, o processo dialético, explicitado na noção de suprassunção (Aufhebung). A fim de esclarecer essas noções de modo mais preciso, recorre-se a noções da Ciência da Lógica e retorna-se à Fenomenologia a partir deles, de modo a compreendê-los de maneira concreta e de salientar os aspectos lógicos já presentes nessa obra. Para isso, procurase demonstrar aqui que a Lógica hegeliana não é apenas uma ciência formal, como a metafísica tradicional usualmente considera, mas também uma ontologia, um estudo de como o ser é. Para Hegel, o ser é o conceito e por isso se pode ter um saber conceitual, como o saber absoluto, acerca da realidade e ele ser um saber efetivo, isto é, um conhecimento das coisas como elas são nelas mesmas, e não apenas como elas aparecem para nós segundo nossas condições de possibilidade da experiência, como tenta mostrar o idealismo transcendental de Kant. Por isso, este trabalho defende que a ontologia hegeliana não é nem um retorno à metafísica tradicional, nem uma radicalização dessa, mas uma apropriação de seus conceitos revistos sob a óptica das novas lentes do saber absoluto, um saber qualitativamente diferente dos saberes anteriores e que, precisamente por isso, permitiria a continuação e atualização desse saber de acordo com novos momentos históricos e culturais.
publishDate 2018
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2018-12-11T02:38:30Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2018
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/186103
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 001079532
url http://hdl.handle.net/10183/186103
identifier_str_mv 001079532
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/186103/2/001079532.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/186103/1/001079532.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv b58b94a94c865cd943ff3fa4502d82d0
cd0287e0d444130578d1a2005c011712
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv lume@ufrgs.br||lume@ufrgs.br
_version_ 1797065114058227712