Eles eram pobres, então os ricos é que estavam tomando da pobreza... Aí eles prenderam a pobreza : biopolítica, colonialidade e estado de exceção no oeste maranhense sob a ditadura civil-militar
Ano de defesa: | 2022 |
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Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
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Link de acesso: | http://hdl.handle.net/10183/257325 |
Resumo: | O vale do Rio Pindaré, no oeste maranhense, região pertencente à Amazônia Legal, até a década de 1970 era habitada por indígenas, quilombolas e posseiros(as) de outras regiões do próprio estado, bem como do Ceará e do Piauí, que cultivavam arroz e produtos de subsistência. Sob a ditadura civil-militar, especialmente na década de 1970, as terras do Pindaré foram vendidas a empresas, principalmente do Sudeste. Mediante leis de exceção, da grilagem, da biopolítica e da colonialidade, tais terras foram apropriadas privadamente e seus/suas antigos(as) habitantes, de maioria não branca, torturados(as), presos(as) e expulsos(as). Esta tese tem como objetivo analisar como esse acontecimento foi possível, quais estratégias de uma guerra de raças foram articuladas, como se deram as resistências de posseiros(as) a ela. A partir, principalmente, de documentos do DOPS-MA e do padre Victor Asselin (CPT), além das memórias de Manoel da Conceição, buscamos compreender os mecanismos de garantia do monopólio branco da terra e do crime, bem como as ações diretas e quotidianas daqueles(as) considerados(as) expropriáveis. Estratégias racistas, como a invisibilidade de tais povos, o tornar a vida invivível a ponto de não ter outra saída para além do trabalho alienado, o pacto da branquitude na grilagem das terras, a propriedade privada, entre outras, foram acionadas. E assim, alternativas de formas de vida baseadas na coletividade, na reciprocidade e no entendimento do comum, só não desapareceram por tornarem política, a vida mesma. |
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Souza, Karina Borges Diaz Nery deAnjos, José Carlos Gomes dosVargas, Mariluci Cardoso de2023-04-20T03:22:24Z2022http://hdl.handle.net/10183/257325001166391O vale do Rio Pindaré, no oeste maranhense, região pertencente à Amazônia Legal, até a década de 1970 era habitada por indígenas, quilombolas e posseiros(as) de outras regiões do próprio estado, bem como do Ceará e do Piauí, que cultivavam arroz e produtos de subsistência. Sob a ditadura civil-militar, especialmente na década de 1970, as terras do Pindaré foram vendidas a empresas, principalmente do Sudeste. Mediante leis de exceção, da grilagem, da biopolítica e da colonialidade, tais terras foram apropriadas privadamente e seus/suas antigos(as) habitantes, de maioria não branca, torturados(as), presos(as) e expulsos(as). Esta tese tem como objetivo analisar como esse acontecimento foi possível, quais estratégias de uma guerra de raças foram articuladas, como se deram as resistências de posseiros(as) a ela. A partir, principalmente, de documentos do DOPS-MA e do padre Victor Asselin (CPT), além das memórias de Manoel da Conceição, buscamos compreender os mecanismos de garantia do monopólio branco da terra e do crime, bem como as ações diretas e quotidianas daqueles(as) considerados(as) expropriáveis. Estratégias racistas, como a invisibilidade de tais povos, o tornar a vida invivível a ponto de não ter outra saída para além do trabalho alienado, o pacto da branquitude na grilagem das terras, a propriedade privada, entre outras, foram acionadas. E assim, alternativas de formas de vida baseadas na coletividade, na reciprocidade e no entendimento do comum, só não desapareceram por tornarem política, a vida mesma.The Pindaré River valley, in western Maranhão, a region belonging to the Legal Amazon, until the 1970s was inhabited by indigenous people, quilombolas and squaters from other regions of the state itself, as well as Ceará and Piauí. Under the civil-military dictatorship, especially in the 1970s, land in Pindaré was sold to companies, mainly to Southeast. Under the laws of exception, land grabbing, biopolitics and coloniality, these lands were privately appropriated and their former inhabitants, mostly non-white, were tortured, imprisoned and expelled. This thesis aims to analyze how this event was possible, what strategies of a race war were articulated, how the squaters resisted it. Based mainly on documents from the DOPS-MA and Father Victor Asselin (CPT), in addition to the memories of Manoel da Conceição, we seek to understand the mechanisms for guarantee of the white monopoly of land and crime, as well as the direct and daily actions of those considered to be expropriable. Racist strategies, such as the invisibility of such peoples, making life unliveable to the point of having no other way out than alienated labor, the pact of whiteness in the land grabbing, private property, among others, were triggered. And so, alternatives of life forms based on collectivity, reciprocity and understanding of the common, have not disappeared only because they become political, life itself.application/pdfporPolíticaDitaduraTerritorialidadeMaranhãoCivil-military dictatorshipLand conflictsColonialityException stateBiopoliticsEles eram pobres, então os ricos é que estavam tomando da pobreza... Aí eles prenderam a pobreza : biopolítica, colonialidade e estado de exceção no oeste maranhense sob a ditadura civil-militarinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Ciências EconômicasPrograma de Pós-Graduação em Desenvolvimento RuralPorto Alegre, BR-RS2022doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001166391.pdf.txt001166391.pdf.txtExtracted Texttext/plain631807http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/257325/2/001166391.pdf.txt2cf7e3f54502caaf8d5938a961f6aec8MD52ORIGINAL001166391.pdfTexto completoapplication/pdf2192264http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/257325/1/001166391.pdf9de32dfaefe5cfec5ccea9845412813aMD5110183/2573252023-04-21 03:23:58.54885oai:www.lume.ufrgs.br:10183/257325Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-04-21T06:23:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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