Quando o consentimento falha: controle e resistências nos processos de trabalho de entregadores subordinados por meio de plataformas digitais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Iora, Italo Matheus Leporassi
Orientador(a): Mossi, Thays Wolfarth
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/246498
Resumo: O presente estudo se debruça sobre dos processos de controle e subordinação do trabalho de entregadores subordinados por meio de plataformas digitais, tal como sobre as práticas de resistência desses trabalhadores. Portanto, este trabalho pretende contribuir para a compreensão de como ocorre o controle e a subordinação do trabalho nas empresas plataformas de delivery e quais são as formas de resistência dos entregadores a esses processos. Para tanto, apresentamos o debate teórico acerca da relação do trabalho, das novas tecnologias e dos processos de trabalho em tais plataformas, elementos fundamentais para a compreensão do fenômeno chamado de plataformização do trabalho. Nosso objeto empírico foram os entregadores de plataformas de delivery. Como técnica de coleta de dados realizamos entrevistas semi-estruturadas com entregadores de Porto Alegre e Região Metropolitana, e das cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Goiânia, totalizando dez entrevistas. Dessas entrevistas, quatro delas foram realizadas em fase exploratória. Desses dez trabalhadores, cinco eram representantes de organizações de entregadores. Também foi realizada uma análise documental dos termos de condições de uso de quatro plataformas. Por fim, nos apoiamos em dados secundários disponíveis na literatura, sites de notícias e perfis em redes sociais sobre o tema. Concluímos que o controle e subordinação do trabalho em tais plataformas ocorrem por meio de uma gestão algorítmica, auxiliada pela gerência via consumidores e de um autogerenciamento subordinado dos entregadores. No entanto, esses mecanismos de controle e de gestão não se efetivam sem gerar descontentamentos dos trabalhadores. A partir desse estudo, observamos uma contestação da suposta autonomia e flexibilidade tão alardeada pelas plataformas nessa atividade de trabalho. As empresas plataformas falham em produzir consentimento com seus subordinados e tais conflitos se transformam em processos de resistência. As práticas de resistência se diferenciam em duas formas: práticas explícitas e públicas de contestação do controle sobre o trabalho dessas plataformas, que possuem desdobramentos em formas organizativas, e práticas implícitas e veladas de contestação das condições de trabalho e dos processos de trabalho que ocorrem nas relações cotidiana de trabalho. Por fim, o controle sobre o trabalho é possível pelo emprego de novas tecnologias nos processos de de trabalho, mas de outro lado, os trabalhadores também utilizam a internet e seus dispositivos digitais com a finalidade de resistir a essa subordinação.
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Como técnica de coleta de dados realizamos entrevistas semi-estruturadas com entregadores de Porto Alegre e Região Metropolitana, e das cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Goiânia, totalizando dez entrevistas. Dessas entrevistas, quatro delas foram realizadas em fase exploratória. Desses dez trabalhadores, cinco eram representantes de organizações de entregadores. Também foi realizada uma análise documental dos termos de condições de uso de quatro plataformas. Por fim, nos apoiamos em dados secundários disponíveis na literatura, sites de notícias e perfis em redes sociais sobre o tema. Concluímos que o controle e subordinação do trabalho em tais plataformas ocorrem por meio de uma gestão algorítmica, auxiliada pela gerência via consumidores e de um autogerenciamento subordinado dos entregadores. No entanto, esses mecanismos de controle e de gestão não se efetivam sem gerar descontentamentos dos trabalhadores. A partir desse estudo, observamos uma contestação da suposta autonomia e flexibilidade tão alardeada pelas plataformas nessa atividade de trabalho. As empresas plataformas falham em produzir consentimento com seus subordinados e tais conflitos se transformam em processos de resistência. As práticas de resistência se diferenciam em duas formas: práticas explícitas e públicas de contestação do controle sobre o trabalho dessas plataformas, que possuem desdobramentos em formas organizativas, e práticas implícitas e veladas de contestação das condições de trabalho e dos processos de trabalho que ocorrem nas relações cotidiana de trabalho. Por fim, o controle sobre o trabalho é possível pelo emprego de novas tecnologias nos processos de de trabalho, mas de outro lado, os trabalhadores também utilizam a internet e seus dispositivos digitais com a finalidade de resistir a essa subordinação.The present study focuses on the processes of control and subordination of the work of the work of couriers through digital platforms, as wdelivery people through applications, as well as the resistance practices of these workers.as well as the resistance practices of these workers. Therefore, this work intends to contribute to the understanding of how the control and subordination of work occurs in delivery platforms companies and what are the forms of resistance of delivery people to these processes. To this end, we present the theoretical debate about the relationship between work, new technologies and work processes on such platforms. To this end, we present the theoretical debate about the relationship between work, new technologies and work processes on such platforms. Fundamental elements for understanding the so-called platformization of work phenomenon. Our empirical object was the couriers of platforms of delivery. As a data collection technique, we conducted semi-structured interviews with motoboys from Porto Alegre and the Metropolitan Region, and from the cities of Rio de Janeiro, São Paulo and Goiânia, totaling ten interviews. Of these interviews, four of them were carried out in an exploratory phase. As well as, of these ten workers, five were representatives of couriers organizations. Nevertheless, a documental analysis of the terms and conditions of use of four platforms was carried out.We also rely on secondary data available in the literature, news sites and profiles on social networks on the subject. We conclude that the control and subordination of work on such platforms occurs through an algorithmic management, aided by the management via consumers and a subordinated self-management of the couriers. However, these control and management mechanisms are not effective without generating workers' discontent. From this study, we observe a contestation of the supposed autonomy and flexibility so trumpeted by the platforms in this work activity. Platform companies fail to produce consent with their subordinates and such conflicts turn into processes of resistance. Resistance practices differ in two ways: explicit and public practices of contesting the control over the work of these platforms that have unfolding in organizational forms and implicit and veiled practices of contesting working conditions and work processes that occur in everyday relationships of work. Finally, control over work is possible through the use of new technologies in work processes, but on the other hand, workers also use the internet and their digital devices in order to resist this subordination.application/pdfporTrabalhadoresTrabalhoControleResistênciaTecnologiaSociologiaPlatformizationWorkControlResistanceTechnologyQuando o consentimento falha: controle e resistências nos processos de trabalho de entregadores subordinados por meio de plataformas digitaisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em SociologiaPorto Alegre, BR-RS2022mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001146465.pdf.txt001146465.pdf.txtExtracted Texttext/plain570460http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/246498/2/001146465.pdf.txt20318d266c1f04e72a2fcd76e2548befMD52ORIGINAL001146465.pdfTexto completoapplication/pdf1769058http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/246498/1/001146465.pdfb09706167babd79dc004779379732f5dMD5110183/2464982022-08-11 04:42:40.435619oai:www.lume.ufrgs.br:10183/246498Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-08-11T07:42:40Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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