Mina de Cobre de Camaquã, Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1973
Autor(a) principal: Jorge Silva Bettencourt
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Geoquímica e Geotectônica
Departamento: Não Informado pela instituição
País: BR
Link de acesso: https://doi.org/10.11606/T.44.2015.tde-06072015-100922
Resumo: A Mina de cobre de Camaquã, no Estado do Rio Grande do Sul, é constituída por duas zonas principais, denominadas, Mina S. Luiz e Mina Uruguai, além dos setores subsidiários conhecidos por Zonas Intermediária, Potreiros, Oscarino, Feliciano e Cêrro das Tunas. Pequenos filões, de menor importância também são assinalados (Fig. 3). O setor S. Luiz se compõe da mina propriamente dita e de vários filões isolados, conhecidos como, São Júlio, Barnabé e Esperança. Sem considerar os filões isolados, abrange uma faixa de aproximadamente 700 metros de comprimento, com largura variável, de 20 metros na extremidade SE e 110 metros no extremo NW. Seus filões mais importantes, modernamente foram designados como Principal ou S. Luiz, Capa e Lapa. Na Mina Uruguai, sempre se considerou a existência de duas zonas independentes, quais sejam, Zona Uruguai e Zona Piritas, separadas pela Falha Piritas. Os veios ocorrem numa área com extensão de 650 metros de larguras de 270 metros na Zona Piritas e 180 metros na Zona Uruguai. Os veios mais importantes são: Filão Piritas, na Zona Piritas; filões, Lapa, Sðbre Lapa, Capa e Sôbre Capa na Zona Uruguai. Os trabalhos de lavra e pesquisa, efetuados nos últimos 30 anos, permitiram verificar a existência de um sistema de veios, muito mais numerosos do que acima indicado. A Zona Intermediária, situada entre as minas S. Luiz e Uruguai, dista 300 metros da Zona Piritas e 200 metros da extremidade SE da Mina S. Luiz. Ao contrário das duas minas anteriores, esta zona se caracteriza por densos fraturamentos subsidiários a falhas principais. A Zona Potreiros dá continuidade aos veios isolados da Mina S. Luiz; estende-se por cerca de 700 metros, com largura aproximada de 200 metros. Nesta faixa ocorrem inúmeros veios, predominantemente constituídos por minerais de ganga. Os setores Cêrro das Tunas e Feliciano possuem vários filões contínuos, além de afloramentos isolados, cujos comprimentos variam de poucos até 120 metros; podem ser considerados como prolongamentos das falhas mineralizadas da Zona Piritas. Todos os setores da Jazida de Camaquã foram pesquisados em diversas épocas, por trincheiras superficiais e por galerias, trabalhos de sondagem e desenvolvimento subterrâneo. Os setores Oscarino, Feliciano, Cêrro das Tunas e Potreiros a despeito dos intensos trabalhos de pesquisa efetuados, apresentam inexpressiva reserva de minério. Em contrapartida, as Minas S. Luiz, Uruguai e Zona Intermediária mostram-se possuidoras das maiores reservas de minério de cobre no distrito sendo responsáveis por toda a produção da jazida de Camaquã. As rochas mais abundantes no distrito, pertencem aos Grupos Bom Jardim e Camaquã, respectivamente de idades pré-cambriana e paleozóica inferior, além de diques de diabásio de idade mesozóica e sedimentos recentes (Fig. 2 ). As unidades sedimentares possuem uma espessura local provavelmente de vários quilômetros e recobrem o embasamento pré-cambriano. O complexo sedimentar, representado pelos grupos acima discriminados, é constituido de arenitos, ritmitos, grauvacas e conglomerados, além de intrusivas e extrusivas andesíticas. o Grupo Bom Jardim, contendo as rochas mais antigas do distrito, é recoberto em discordância angular pelos sedimentos do Grupo Camaquã. Em âmbito Iocal, as rochas do Grupo Bom Jardim são mais importantes uma vez que constituem as encaixantes da mineralização cuprífera. Emergem no núcleo de um anticlinal formado por rochas do Grupo Camaquã, determinando uma estrutura homoclinal, cujas camadas possuem direção NE e mergulho médio em torno de 35º. O dique de diabásio mais importante na área corta o sistema de veios da Mina S. Luiz, seccionando-a em duas zonas; dados geocronológicos apontam uma idade correspondente ao Cretáceo Médio Inferior. Metamorfismo termal, tanto dos sulfetos quanto das rochas encaixantes, é observado nos contatos deste corpo. As feições estruturais dominantes no distrito, são representadas por grandes falhamentos trancorrentes com direção NE, e falhas normais, tracionais e subsidiárias, com direção NW, todas de idade pré-cambriana. Estas últimas são transversais ou oblíquas à direção média das camadas e à estrutura homoclinal do Grupo Bom Jardim e assumem extrema importância pelo fato de estarem associadas à mineralização no distrito. Falhamentos pós-mineralização também foram assinaldos, cortando as estruturas acima apontadas. A distribuição dos depósitos filonares é restrita a arenitos, ritmitos e conglomerados dos Membros Mangueirão e Vargas que são unidades da Formação Arroio dos Nobres do Grupo Bom Jardim (Fig. 3 ). Verificou-se que, em geral, a mineralização econômica é principalmente localizada nos conglomerados e arenitos conglomeráticos; entretanto, mineralizações de porte foram constatadas em arenito, a grande profundidade, com condicionamento tectônico discutido no capítulo X. Os depósitos filonares se formaram por preenchimento e substituição ao longo de planos de falhas normais e estruturas penadas associadas; há também mineralização disseminada nas paredes e nos espaços entre os planos de falhas. A possança dos filões varia de poucos centímetros a um máximo de 4 metros, nas zonas de enriquecimento. A persistência dos principais corpos de minérios em profundidade é notória, até pelo menos 330 metros na vertical, não havendo evidências, de que o limite inferior de mineralização tenha sido atingido em qualquer localidade. De um modo geral, os filões principais das minas Uruguai e S. Luiz tem mergulhos para SW e NE, respectivamente, sendo possível prever os caimentos dos corpos mineralizados, em função das estruturas e e estratigrafia. Os tipos de alteração das encaixantes identificados no distrito são: silicificação, caolinização e sericitização, que acompanham, com maisfrequência a mineralização primária. Digna de nota, é a cloritização intensa, desenvolvida na Mina Uruguai, particularmente na Zona Piritas. Representa uma alteração tardia, superimposta à alteração primitiva e acompanha a mineralização hematítica. De maneira geral, a sequência paragenética indica a existência de pelo menos, quatro fases de deposição. As soluções mineralizantes sofreram modificações físico-químicas marcantes, durante a evolução do depósito sendo função dos eventos magmático-tectônicos coevos. A paragenese primária é simples, sendo os principais sulfetos e óxidos: pirita, calcopirita, bornita, hematita e calcosita. Zonamento vertical hipógeno, em veios, foi observado, especialmente na Mina S. Luiz onde a lavra já atingiu o nível 700 pés. Notou-se que a calcopirita e pirita aumentam em profundidade, predominando nos níveis 600 e 700 pés. Na Mina Uruguai, mesmo no nível 500 pés, há sempre mistura intensa de minerais hipógenos e supérgenos. Ligeiro zonamento lateral primário foi notado na Zona Piritas da Mina Uruguai, onde predomina mineralização a hematita. A Jazida de Camaquã apresenta todas as características de depósitos hidrotermais mesotermais. A julgar pelos dados geoquímicos obtidos, as soluções hidrotermais sulfuretadas são consideradas derivadas de uma fonte magmática profunda. Os condutos primários seriam, provavelmente, as grandes falhas de direção NE, que atingiriam o embasamento cristalino. Devido ao ambiente tectônico propício da Zona da Mina, as soluções seriam canalizadas, secundariamente, para as falhas NW, com espaços abertos adequados å deposição de sulfetos, óxidos e minerais de ganga. As rochas encaixantes teriam um papel relevante no fornecimento dos elementos necessários à formação de grande parte dos minerais de minério e ganga. Lixiviação e enriquecimento supérgeno são bem desenvolvidos no distrito, com formação de calcosita e bornita como minerais principais. A fixação precisa dos limites da zona enriquecida é problemática, devido às dificuldades em discriminar a natureza hipógena e supérgena da calcosita e bornita, bem como pela oxidação intensa, efetuada em realces antigos e galerias dos níveis inferiores, por águas percolantes.
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As rochas mais abundantes no distrito, pertencem aos Grupos Bom Jardim e Camaquã, respectivamente de idades pré-cambriana e paleozóica inferior, além de diques de diabásio de idade mesozóica e sedimentos recentes (Fig. 2 ). As unidades sedimentares possuem uma espessura local provavelmente de vários quilômetros e recobrem o embasamento pré-cambriano. O complexo sedimentar, representado pelos grupos acima discriminados, é constituido de arenitos, ritmitos, grauvacas e conglomerados, além de intrusivas e extrusivas andesíticas. o Grupo Bom Jardim, contendo as rochas mais antigas do distrito, é recoberto em discordância angular pelos sedimentos do Grupo Camaquã. Em âmbito Iocal, as rochas do Grupo Bom Jardim são mais importantes uma vez que constituem as encaixantes da mineralização cuprífera. Emergem no núcleo de um anticlinal formado por rochas do Grupo Camaquã, determinando uma estrutura homoclinal, cujas camadas possuem direção NE e mergulho médio em torno de 35º. O dique de diabásio mais importante na área corta o sistema de veios da Mina S. Luiz, seccionando-a em duas zonas; dados geocronológicos apontam uma idade correspondente ao Cretáceo Médio Inferior. Metamorfismo termal, tanto dos sulfetos quanto das rochas encaixantes, é observado nos contatos deste corpo. As feições estruturais dominantes no distrito, são representadas por grandes falhamentos trancorrentes com direção NE, e falhas normais, tracionais e subsidiárias, com direção NW, todas de idade pré-cambriana. Estas últimas são transversais ou oblíquas à direção média das camadas e à estrutura homoclinal do Grupo Bom Jardim e assumem extrema importância pelo fato de estarem associadas à mineralização no distrito. Falhamentos pós-mineralização também foram assinaldos, cortando as estruturas acima apontadas. 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O dique de diabásio mais importante na área corta o sistema de veios da Mina S. Luiz, seccionando-a em duas zonas; dados geocronológicos apontam uma idade correspondente ao Cretáceo Médio Inferior. Metamorfismo termal, tanto dos sulfetos quanto das rochas encaixantes, é observado nos contatos deste corpo. As feições estruturais dominantes no distrito, são representadas por grandes falhamentos trancorrentes com direção NE, e falhas normais, tracionais e subsidiárias, com direção NW, todas de idade pré-cambriana. Estas últimas são transversais ou oblíquas à direção média das camadas e à estrutura homoclinal do Grupo Bom Jardim e assumem extrema importância pelo fato de estarem associadas à mineralização no distrito. Falhamentos pós-mineralização também foram assinaldos, cortando as estruturas acima apontadas. A distribuição dos depósitos filonares é restrita a arenitos, ritmitos e conglomerados dos Membros Mangueirão e Vargas que são unidades da Formação Arroio dos Nobres do Grupo Bom Jardim (Fig. 3 ). Verificou-se que, em geral, a mineralização econômica é principalmente localizada nos conglomerados e arenitos conglomeráticos; entretanto, mineralizações de porte foram constatadas em arenito, a grande profundidade, com condicionamento tectônico discutido no capítulo X. Os depósitos filonares se formaram por preenchimento e substituição ao longo de planos de falhas normais e estruturas penadas associadas; há também mineralização disseminada nas paredes e nos espaços entre os planos de falhas. A possança dos filões varia de poucos centímetros a um máximo de 4 metros, nas zonas de enriquecimento. A persistência dos principais corpos de minérios em profundidade é notória, até pelo menos 330 metros na vertical, não havendo evidências, de que o limite inferior de mineralização tenha sido atingido em qualquer localidade. De um modo geral, os filões principais das minas Uruguai e S. Luiz tem mergulhos para SW e NE, respectivamente, sendo possível prever os caimentos dos corpos mineralizados, em função das estruturas e e estratigrafia. Os tipos de alteração das encaixantes identificados no distrito são: silicificação, caolinização e sericitização, que acompanham, com maisfrequência a mineralização primária. Digna de nota, é a cloritização intensa, desenvolvida na Mina Uruguai, particularmente na Zona Piritas. Representa uma alteração tardia, superimposta à alteração primitiva e acompanha a mineralização hematítica. De maneira geral, a sequência paragenética indica a existência de pelo menos, quatro fases de deposição. 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