Das canoas às voadeiras: identidade cultural, turismo e desenvolvimento local nacomunidade do Bonete de Ilhabela SP, Brasil

• Ano de defesa: 2015
• Autor(a) principal: Denise Scotolo
• Orientador(a): Alexandre Panosso Netto
• Banca de defesa: Madalena Pedroso Aulicino, Mario Carlos Beni
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade de São Paulo
• Programa de Pós-Graduação: Estudos Culturais
• País: BR
• Link de acesso: https://doi.org/10.11606/D.100.2015.tde-05082015-095735

O presente trabalho pesquisou, a partir da perspectiva dos Estudos Culturais, as representações sociais que emergem dos discursos dos sujeitos pertencentes à comunidade do Bonete, localizada no município de Ilhabela, no litoral norte do Estado de São Paulo, Brasil, sobre as relações existentes entre identidade cultural, turismo e desenvolvimento local. A fundamentação teórica foi construída a partir da revisão de literatura sobre os seguintes construtos: estudos culturais, cultura, identidade cultural, tradição, representação social, desenvolvimento local, participação, governança e turismo de base comunitária. A pesquisa de campo, de caráter qualitativo, se valeu de entrevistas semiestruturadas com sujeitos pertencentes a três grupos: a) proprietários de empreendimentos turísticos; b) pessoas que ocupam posições-chave; c) moradores em geral. Considerando o processo subjetivo que caracteriza o reconhecimento identitário segundo as memórias, afirmações histórico-culturais, ações e relações estabelecidas no grupo social, utilizou-se a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo como meio de suscitar as representações sociais existentes nessa comunidade. Também foram feitas observações não participantes que contribuíram para uma discussão sobre aspectos da realidade local que puderam ser notados durante o recorte de tempo desta pesquisa. As representações sociais do Bonete sobre as três temáticas centrais deste trabalho permitiram o entendimento de algumas das necessidades, motivações e expectativas dessa comunidade sobre suas condições de vida e sobre o futuro de seu território. Os sujeitos que ali vivem reconhecem que muitos aspectos de sua cultura tradicional têm sido abandonados e que as atividades turísticas representam o principal fator de crescimento econômico local. Ainda que tenham tido alguma aproximação com o turismo de base comunitária, ainda não foram implantadas formas de gestão comunitária das atividades turísticas na comunidade. Observouse uma forte identificação desses boneteiros com seu território; entretanto, eles reconhecem a pouca participação individual e coletiva nas questões que dizem respeito ao desenvolvimento de sua comunidade. Conclui-se que, para que haja desenvolvimento local endógeno e emancipatório no Bonete, é necessário que os sujeitos que ali vivem se organizem em torno de um projeto comum que valorize sua identidade e suas características culturais e naturais e que, ainda, fomentem projetos que consideram a vocação turística do Bonete e as capacidades, habilidades e competências humanas ali existentes