Roteiros sexuais de transexuais e travestis e seus modos de envolvimento sexual-afetivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Rafael Alves Galli
Orientador(a): Manoel Antonio dos Santos
Banca de defesa: Maria Alves de Toledo Bruns, Anna Paula Uziel
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: BR
Link de acesso: https://doi.org/10.11606/D.59.2013.tde-05082013-151002
Resumo: As diversas facetas da sexualidade estão se tornando cada vez mais visíveis na sociedade atual e duas categorias que começam a ganhar espaço e visibilidade na contemporaneidade são as das transexuais e das travestis. Transexuais são pessoas que não se identificam com seus genitais biológicos (e suas atribuições socioculturais) podendo, às vezes, utilizar da cirurgia de transgenitalização para construir suas expressões de gêneros em consonância com seu bem estar biopsicossocial e político; enquanto travestis são pessoas que se identificam com as imagens e estilos de gêneros (masculinos e femininos) contrários ao seu sexo biológico (machos e fêmeas), que desejam e se apropriam de indumentárias e adereços dessas estéticas; realizam com frequência a transformação de seus corpos por meio da ingestão de hormônios e/ou da aplicação de silicone industrial, assim como, pelas cirurgias de correção estética e de implante de próteses, o que lhes permitem se situar dentro de uma condição agradável de bem estar biopsicossocial. Diversos estudos têm sido realizados, tendo essas pessoas como alvo. No entanto, são poucos os que focalizam as necessidades, desejos e fantasias das mesmas no que tange à esfera sexual. Este estudo tem como objetivo conhecer a vida sexual de travestis e transexuais, dando ênfase às suas práticas e roteiros sexuais. A pesquisa tem enfoque metodológico qualitativo e utiliza a teoria dos roteiros sexuais de Gagnon como referencial teórico. Os dados foram colhidos mediante a aplicação de entrevistas individuais semiestruturadas. Foram entrevistadas 15 pessoas, de 19 a 58 anos, entre travestis, transexuais que já realizaram a cirurgia de redesignação sexual e transexuais que não a realizaram. As entrevistas aconteceram em situação face a face e foram audiogravadas. Também foi utilizado o diário de campo para anotações do pesquisador. Posteriormente, essas foram transcritas integral e literalmente, constituindo o corpus da pesquisa. Os achados foram sistematizados, de modo a capturar os modos de organização da vida sexual, os tipos de práticas e os roteiros sexuais, além dos desejos, fantasias, ações e relações que as circunscrevem. Pode-se notar a incorporação de diversos discursos pertencentes à cultura ocidental, em especial a cultura brasileira, sendo os quatro principais: o discurso do gênero, o do amor romântico, o médicocientífico e o erótico. Alguns dos aspectos desses discursos são incorporados fielmente aos roteiros, enquanto outros sofrem improvisações de cada colaboradora. Esses discursos são usados para legitimar a condição feminina de cada uma delas, assim como, para construir suas visões do sexo e de mundo. No nível interpessoal, foram caracterizadas relações unilaterais em diversos níveis e o elemento de sedução como constituinte dos roteiros das colaboradoras profissionais do sexo. As práticas de penetração (sexo vaginal e anal) foram as mais enfatizadas nos discursos, seguidas do sexo oral em detrimento de beijos e carícias, que apesar de pouco referidos, foram mencionados como de extrema importância. Acredita-se que este estudo poderá trazer contribuições relevantes para a compreensão das singularidades da vida sexual de transexuais e travestis, assim como para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde focalizadas nas questões sexuais dessas pessoas.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis Roteiros sexuais de transexuais e travestis e seus modos de envolvimento sexual-afetivo Sexual scripts of transsexuals and transvestites and their ways of affective-sexual involvement 2013-06-07Manoel Antonio dos SantosMaria Alves de Toledo BrunsAnna Paula UzielRafael Alves GalliUniversidade de São PauloPsicologiaUSPBR Práticas sexuais Roteiros sexuais Scripts sexuais sexual practices sexual scripts Transexual Transsexual Travesti Travesti As diversas facetas da sexualidade estão se tornando cada vez mais visíveis na sociedade atual e duas categorias que começam a ganhar espaço e visibilidade na contemporaneidade são as das transexuais e das travestis. Transexuais são pessoas que não se identificam com seus genitais biológicos (e suas atribuições socioculturais) podendo, às vezes, utilizar da cirurgia de transgenitalização para construir suas expressões de gêneros em consonância com seu bem estar biopsicossocial e político; enquanto travestis são pessoas que se identificam com as imagens e estilos de gêneros (masculinos e femininos) contrários ao seu sexo biológico (machos e fêmeas), que desejam e se apropriam de indumentárias e adereços dessas estéticas; realizam com frequência a transformação de seus corpos por meio da ingestão de hormônios e/ou da aplicação de silicone industrial, assim como, pelas cirurgias de correção estética e de implante de próteses, o que lhes permitem se situar dentro de uma condição agradável de bem estar biopsicossocial. Diversos estudos têm sido realizados, tendo essas pessoas como alvo. No entanto, são poucos os que focalizam as necessidades, desejos e fantasias das mesmas no que tange à esfera sexual. Este estudo tem como objetivo conhecer a vida sexual de travestis e transexuais, dando ênfase às suas práticas e roteiros sexuais. A pesquisa tem enfoque metodológico qualitativo e utiliza a teoria dos roteiros sexuais de Gagnon como referencial teórico. Os dados foram colhidos mediante a aplicação de entrevistas individuais semiestruturadas. Foram entrevistadas 15 pessoas, de 19 a 58 anos, entre travestis, transexuais que já realizaram a cirurgia de redesignação sexual e transexuais que não a realizaram. As entrevistas aconteceram em situação face a face e foram audiogravadas. Também foi utilizado o diário de campo para anotações do pesquisador. Posteriormente, essas foram transcritas integral e literalmente, constituindo o corpus da pesquisa. Os achados foram sistematizados, de modo a capturar os modos de organização da vida sexual, os tipos de práticas e os roteiros sexuais, além dos desejos, fantasias, ações e relações que as circunscrevem. Pode-se notar a incorporação de diversos discursos pertencentes à cultura ocidental, em especial a cultura brasileira, sendo os quatro principais: o discurso do gênero, o do amor romântico, o médicocientífico e o erótico. Alguns dos aspectos desses discursos são incorporados fielmente aos roteiros, enquanto outros sofrem improvisações de cada colaboradora. Esses discursos são usados para legitimar a condição feminina de cada uma delas, assim como, para construir suas visões do sexo e de mundo. No nível interpessoal, foram caracterizadas relações unilaterais em diversos níveis e o elemento de sedução como constituinte dos roteiros das colaboradoras profissionais do sexo. As práticas de penetração (sexo vaginal e anal) foram as mais enfatizadas nos discursos, seguidas do sexo oral em detrimento de beijos e carícias, que apesar de pouco referidos, foram mencionados como de extrema importância. Acredita-se que este estudo poderá trazer contribuições relevantes para a compreensão das singularidades da vida sexual de transexuais e travestis, assim como para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde focalizadas nas questões sexuais dessas pessoas. The many facets of sexuality are becoming more visible in society today and two categories that are gaining visibility in contemporary space are transsexuals and travestis. Transsexuals are people who do not identify with their biological genitalia (and their sociocultural assignments) and can, sometimes, use the reassignment surgery to build their expressions of gender in line with their biopsychosocial and political welfare; while travestis are people who identify with the images and styles of genders (masculine and feminine) contrary to their biological sex (male and female), who wish and appropriate costumes and props of such aesthetic; who perform often transformations on their bodies through ingestion of hormones and/or the application of industrial silicone, as well as by cosmetic surgery and prostheses implants, which allow them to be located within a pleasant welfare biopsychosocial condition. Several studies have been conducted with these people as their target. However, there are few that focus on the needs, desires and fantasies of this people regarding the sexual sphere. This study aims to know the sex lives of travestis and transsexuals, emphasizing their sexual practices and sexual scripts. The research has a qualitative methodological approach and uses the Gagnons theory of sexual scripts. Data were collected through the application of semistructured interviews. We interviewed 15 people, with ages between 19 and 58 years old, between travestis, transsexuals who already underwent sex reassignment surgery and transsexuals who didnt undergo the surgery. The interviews were carried out in face to face situation and were audio recorded. The notes filed of the researcher were also used. Later, the interviews were transcribed in full and literally, constituting the corpus of research. The findings were organized in order to capture the ways of organization of sexual life, the kinds of practices and sexual scripts, as well as desires, fantasies, actions and relations that circumscribe them. It may be noted the incorporation of several speeches belonging to Western culture, especially the Brazilian culture, with the top four being: the gender speech, the romantic love speech, the medical-scientific speech and the erotic speech. Some aspects of these speeches are faithfully embedded into the scripts, while others suffer improvisations of each collaborator. These speeches are used to legitimize the feminine condition of each collaborator, as well as to build their visions of sex and of the world. At the interpersonal level, unilateral relationships were characterized at various levels and the element of seduction as a constituent of the scripts of the sex workers collaborators. Penetration practices (vaginal and anal sex) were more emphasized in speeches, followed by oral sex instead of kisses and caresses, which although rarely reported, were quoted as extremely important. It is believed that this study will bring significant contributions to the understanding of the singularities of the sexual life of transsexuals and travestis, as well as for the development of public health policies focused on sexual issues of these people. https://doi.org/10.11606/D.59.2013.tde-05082013-151002info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:16:22Zoai:teses.usp.br:tde-05082013-151002Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:36Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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