Cada doma é um livro: a relação entre humanos e cavalos no pampa sul-rio-grandense

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Lima, Daniel Vaz
Orientador(a): Rieth, Flávia Maria Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Departamento: Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpel.edu.br/handle/ri/2827
Resumo: Esta dissertação consiste numa etnografia sobre a relação entre humanos e animais no pampa sul-rio-grandense tendo como referência a interação estabelecida entre os domadores e os cavalos na doma. Essa relação constrói a própria técnica, as lides pastoris e o modo de vida. O domador é o artífice que possui a habilidade das técnicas de ensinar cavalos para atividades relacionadas aos trabalhos que envolvem a pecuária extensiva. É um saber/fazer constituído de diferentes momentos nos quais se acionam a utilização de determinados artefatos, estabelecendo uma interação em que o cavalo aprende formas de comunicação com o humano. Estes conjuntos de técnicas se classificam de acordo com a graduação da violência empreendida para domar o cavalo, embora, de acordo com os interlocutores, cada domador tem suas escolhas técnicas que são acionadas a partir da relação estabelecida com o cavalo. Para os domadores, o “cavalo é igual ao homem, tem temperamento”, em que uns são mansos, outros são “velhacos”, ou seja, rebeldes e outros são “baldosos”, caracterizados como animais traiçoeiros. Além disso, no processo de doma são levados em consideração os diferentes graus de assimilação dos ensinamentos de cada cavalo sendo a aprendizagem é um processo continuo em que precisa estar sempre praticando o animal para este “não perder a doma”, ou seja, esquecer o que aprendeu. Por conseguinte, no processo é estabelecido uma interação entre humanos e não humanos em que o domador ensina o cavalo, e este, por sua vez, o ensina na habilidade da execução das técnicas, fazendo-o experienciar diferentes maneiras de praticar tal saber/fazer. Assim, o trabalho etnográfico estabelece uma discussão sobre a aprendizagem tanto dos domadores quanto dos cavalos que se dá por meio de uma continua incorporação de habilidades constituídas na experiência e na vivencia do habitar o mundo das lidas pastoris e da vida.