Vissungo: o cantar banto nas Américas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Andrea Albuquerque Adour da Camara
Orientador(a): Rogerio Cunha de Campos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-99PHFQ
Resumo: A proposta deste trabalho é a investigação de quatro documentos, buscando distinguir a riqueza dos elementos musicais relacionados à presença da cultura banto no Brasil e nos Estados Unidos, resentificada pelos africanos escravizados e trazidos para as Américas, e seus descendentes. Para tanto, foram selecionados dois documentos brasileiros: O Negro e o Garimpo em Minas Gerais, de Aires da Mata Machado Filho, publicado em 1943, e as gravações realizadas em Minas Gerais, no ano de 1944, por Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, então professor da Escola Nacional de Música, em colaboração com omusicólogo Alan Lomax, do America Folklife Center da Library of Congress. Selecionamos, igualmente, dois documentos estadunidenses: Slave Songs of The United States: The Classic 1867 anthology, cantos compilados por William Francis Allen et alii, eas gravações de cantos da região sul dos Estados Unidos realizadas por Alan Lomax para a Library of Congress, a partir de 1933, registradas no CD Negro Work Songs and Calls. O que estes documentos possuem em comum é o fato de serem os primeiros registros escritos e fonográficos das músicas de raiz africana nas Américas. A publicação de Aires da Mata Machado Filho traz os cantos que ele coletou em forma de notação musical, no ano de 1928, na região de São João da Chapada e Quartel de Indaiá, no município Diamantina, em Minas Gerais. Segundo ele, esses cantos, chamados Vissungos, eramentoados em língua benguela. Por sua vez, a palavra vissungo, de origem banto, traduzse, etimologicamente, como cantar. Os fonogramas, registrados em 1944 por Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, deste mesmo campo, auxiliam na percepção e na compreensão dos limites de qualquer modelo de registro musical, quando comparados com a produção do cantor desta cultura. Esta limitação também é percebida na comparação do documento gravado por Alan Lomax com a publicação de William Allen. A mais importante consideração que emerge deste estudo é o fato de que, aqui, o cantar é essência, e, por meio da voz, constitui uma temporalidade em contínuo, que une o passado, o presente e o futuro, pela memória da ancestralidade. Na busca de contornos, os registros não denotam a importância das pausas, ausências, silêncios e tampouco traduzem a voz e seus modos de vigência; elementos que não podem ser negligenciados, pois estabelecem sentido... Como cantar, o Vissungo presentifica as vozes e silêncios; e assim reelabora o passado e projeta-se como educação (ex-ducere), edificando sua tradição nas Américas.
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Selecionamos, igualmente, dois documentos estadunidenses: Slave Songs of The United States: The Classic 1867 anthology, cantos compilados por William Francis Allen et alii, eas gravações de cantos da região sul dos Estados Unidos realizadas por Alan Lomax para a Library of Congress, a partir de 1933, registradas no CD Negro Work Songs and Calls. O que estes documentos possuem em comum é o fato de serem os primeiros registros escritos e fonográficos das músicas de raiz africana nas Américas. A publicação de Aires da Mata Machado Filho traz os cantos que ele coletou em forma de notação musical, no ano de 1928, na região de São João da Chapada e Quartel de Indaiá, no município Diamantina, em Minas Gerais. Segundo ele, esses cantos, chamados Vissungos, eramentoados em língua benguela. Por sua vez, a palavra vissungo, de origem banto, traduzse, etimologicamente, como cantar. 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Como cantar, o Vissungo presentifica as vozes e silêncios; e assim reelabora o passado e projeta-se como educação (ex-ducere), edificando sua tradição nas Américas.This study is an investigation of four different documents, on which we seek to distinguish, both in Brazil and the United States, the richness of musical elements related to a Bantu heritage, presentified by the enslaved Africans brought to the Americas and their descendants. We have therefore selected two Brazilian documents: O Negro e o Garimpo em Minas Gerais, written by Aires da Mata Machado Filho and published in 1943; and the recordings made in Minas Gerais, in 1944, by Luiz HeitorCorrêa de Azevedo, a professor at Escola Nacional de Música, in collaboration with musicologist Alan Lomax from the American Folklife Center at the Library of Congress. We have equally selected two North-American documents: Slave Songs of the United States: The Classic 1867 anthology, compiled by William Francis Allen et al; and therecordings of songs from the South of the United States, made by Alan Lomax for the Library of Congress, beginning in 1933, and compliled at the CD Negro Work Songs and Calls. These documents share the fact of being the first written and phonographic records of chants of African origins in the Americas. The work of Aires da Mata Machado Filho presents the musical notation of the songs collected in the year of 1928, in the regions of São João da Chapada and Quartel do Indaiá, districts of Diamantina, Minas Gerais. According to him, these songs, called vissungos, were chanted in the language of Benguela. The word vissungo itself has Bantu origins, being etymologically translated assinging. The phonograms, recorded in the same field, in 1944, by Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, help us perceive the limitations of models for registering music when in comparison with the production of singers belonging to this culture. These limitations are also seen when comparing the document recorded by Alan Lomax and the work ofWilliam Allen. The most important consideration from this study is that singing is the essence here, and, through the voice, the singers constitute a continuous temporality, uniting the past, present and future by the memory of ancestrality. By searching for contours, the registers neither indicate the importance of pause, absence, silence, nor dothey translate the voice and its ways of use. These are elements that cannot be neglected since they convey sense. As a song, vissungos make voices and silence present, thus rebuilding the past and projecting itself as education (ex-ducere), edificating its tradition in the Americas.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGCanto Influencias africanas EducaçãoMusicaBantoVissungoMúsicaVissungo: o cantar banto nas Américasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALandr_a_albuquerque_adour_da_camara_tese_doutorado_fae_ufmg_2013.pdfapplication/pdf7852915https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-99PHFQ/1/andr_a_albuquerque_adour_da_camara_tese_doutorado_fae_ufmg_2013.pdfe1fd3dc574ee04990f5c203c9ad11d03MD51TEXTandr_a_albuquerque_adour_da_camara_tese_doutorado_fae_ufmg_2013.pdf.txtandr_a_albuquerque_adour_da_camara_tese_doutorado_fae_ufmg_2013.pdf.txtExtracted texttext/plain394437https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-99PHFQ/2/andr_a_albuquerque_adour_da_camara_tese_doutorado_fae_ufmg_2013.pdf.txt358a9762c6b042f1ac9e1762d6ec6df3MD521843/BUBD-99PHFQ2019-11-14 14:27:58.342oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-99PHFQRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T17:27:58Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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