Inserção das práticas integrativas e complementares na atenção primária à saúde

• Ano de defesa: 2020
• Autor(a) principal: Fogaça, Lissandra Zanovelo
• Orientador(a): Schveitzer, Mariana Cabral [UNIFESP]
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
• Palavras-chave em Português: Práticas integrativas e complementares em saúde; Terapias complementares; Atenção primária à saúde; Qualidade da assistência à saúde; Qualidade do cuidado em saúde
• Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/60111; https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=9462287

Introdução: As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), assim denominadas no Brasil, constituem um modelo vitalista, holístico, centrado na pessoa e suas individualidades pois considera que crenças e saberes culturais são indissociáveis do processo de cuidado em saúde. Recente conquista foi a inserção das PICS na Atenção Primária à Saúde (APS) no Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, contribuindo para possibilidade de desenvolver-se prática generalista e promotora de saúde. Considerou-se que uma descrição da inserção das PICS nos serviços da APS e das atividades realizadas por profissionais que atuam com PICS, devessem ser apreciadas segundo o referencial teórico de Donabedian, pois demonstra que o serviço de saúde deva ser sustentado por três dimensões: Estrutura, Processo e Resultado. Objetivo: Analisar a inserção das PICS em unidades de saúde da APS da região de saúde sudeste do município de São Paulo a partir da estrutura, processo e resultado. Método: A pesquisa foi de campo do tipo transversal, descritiva e de natureza qualitativa. Para coleta dos dados primários foram realizadas entrevistas semi – estruturadas por meio de três questões norteadoras com nove profissionais de saúde, do sexo feminino, com idades entre 32 e 63 anos, que ofertam alguma das 29 PICS e que vivenciam o fenômeno em cinco unidades da APS da região de saúde Sudeste do município de São Paulo; observação da prática profissional e informações sobre o serviço obtidas por fotos/imagens. Os dados secundários foram obtidos pelos últimos dados das 5 unidades sobre PICS do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ AB) e pelo Sistema de Informação Ambulatorial do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS) tabulados pelo TabnetWin. A estratégia utilizada para análise de dados foi categorização dos discursos dos profissionais, segundo Janesick, utilizando software MAXQDA; assimilação da observação da unidade; da prática profissional; “leitura” das fotos das unidades da APS e apreciação dos dados sobre PICS obtidos pelo PMAQ e SIA/SUS. Para organização e apresentação dos dados foi considerado: a estrutura, o processo e o resultado. Resultados: Em relação aos dados obtidos sobre o serviço verificou-se que: Auriculoterapia é a PIC mais ofertada, estando presente nas cinco unidades, Acupuntura; Homeopatia; Yoga e Qi Gong são ofertadas em apenas uma unidade. Os pacientes que mais utilizam as PICS são idosos e mulheres e a enfermidade mais trabalhada são as doenças crônicas, principalmente, as10 osteomusculares e mentais. Em relação à Estrutura foi identificado carência de espaço físico adequado para oferta de PICS; insuficiência de recursos humanos (RH) para oferta de PICS; insumos para oferta de Acupuntura, Homeopatia e Auriculoterapia, mas não para as práticas corporais. Relacionado ao Processo, o acesso dos usuários às PICS acontece de diversas formas; há dificuldades na articulação de temas sobre PICS e gestão; identificou-se apropriada capacitação profissional em PICS pelo gestor e carência de registro dos atendimentos em PICS. Relacionado ao Resultado verificou-se que o desenvolvimento do cuidado em PICS preconiza e incentiva modo ampliado de atenção à saúde; as PICS qualificam o cuidado pois: contribuem para resolutividade; instiga resultados subjetivos; fortalecem vínculo e adesão dos usuários aos profissionais e à unidade. Conclusão: Muitas unidades ainda necessitam de espaço físico para oferta de PICS, há que se melhorar o acesso físico às unidades; e uniformizar forma de acesso dos usuários às PICS. Ademais, é preciso uma coerência entre a oferta de insumos/equipamentos das PICS; ampliar a capacitação de profissionais em PICS e priorizar e padronizar registros de atendimentos ambulatoriais em PICS. Apesar das dificuldades, as PICS incentivam o cuidado centrado na pessoa e fortalecem e qualificam o cuidado na APS. Essa pesquisa identificou necessidade de construção de modelo efetivo e homogêneo de oferta de PICS a fim de potencializar políticas nacionais e a oferta de PICS no município de São Paulo.