Experiências escolares de jovens-mães da periferia de Ijuí-RS
Ano de defesa: | 2012 |
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Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
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Departamento: |
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País: |
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/1835 |
Resumo: | Falar da gravidez na adolescência implica olhar este acontecimento de um modo particular: talvez não se trate nem de subversão nem de desejo. Talvez se possa pensar como um pedido de socorro e/ou amparo ao parceiro, idealização de um futuro melhor por meio do filho. Esta Dissertação discute a gravidez na juventude a partir das experiências escolares de jovens-mães da periferia, ancorada na seguinte pergunta: Essas jovens-mães abandonam a escola ou a escola as abandona? A investigação delineou-se a partir do estudo de campo com inspiração etnográfica e composição narrativa de histórias de vida. A pesquisa foi desenvolvida em duas escolas públicas da periferia de Ijuí-RS. Nas escolas localizei três jovens-mães ou ainda gestantes, que protagonizam as histórias que aqui serão apresentadas. Elas são jovens da periferia, mães do seu primeiro filho, moram atualmente com seus companheiros, geralmente alocadas à casa dos pais ou da sogra, e têm idades entre 15 e 17 anos. Nenhuma delas tem renda ou trabalha fora, e dependem da renda do companheiro para sobreviver. Para melhor compreender e analisar as trajetórias escolares das jovens-mães, problematizo acerca da escolarização no Brasil e do seu caráter público, estabelecendo reflexões sobre algumas políticas públicas de educação brasileiras, uma vez que o eixo escolarização é centralidade nesta Dissertação. Do movimento de análise visualiza-se que as histórias familiares das jovens refletem processos de escolarização precários, cheios de dificuldades. Se levar em conta a escolaridade das avós, mães e pais das jovens, percebe-se que nenhum deles completou o Ensino Fundamental, sendo a 6a. série o maior grau de escolaridade das mães e pais e, das avós, a 2a série do Ensino Fundamental. Então, nota-se que as jovens tiveram acesso a um grau maior de escolarização quando comparadas com seus familiares. As narrativas das jovens revelam que as três, em algum momento da gestação, deixaram de frequentar a escola em função da gravidez, e uma delas não retornou após o nascimento do filho; uma concluiu o Ensino Fundamental e a terceira voltou para a escola e frequenta cursos profissionalizantes. É possível visualizar-se, também, as novas reconfigurações familiares estabelecidas pelas jovens quando do acontecimento da gravidez, uma vez que passam a morar com o companheiro, assumindo um papel social de mulher e mãe –, conferido pela gravidez -, dentro desse novo núcleo familiar. Com isso, parece que as jovens dão continuidade à reprodução da pobreza econômica e social em que suas famílias já estavam inseridas. Destaca-se, ainda, que as jovens fazem o uso dos seus corpos como se estes fossem seu capital, ou seja, a capacidade de seduzir, gestar e parir, é uma forma de ganharem visibilidade na família e no seu grupo social. Esta visibilidade social de ser mãe colabora para a inscrição das identidades biológica colada à identidade materna. Quanto à escola, parece que ela é vista como um “não lugar” de barrigas, pois a gravidez de uma jovem aluna aponta para certo estranhamento, mesmo que in-visível, entre a gestante e a escola. A pesquisa evidenciou que nenhuma das escolas possui um projeto para o ano letivo que trabalhe com as questões da sexualidade, da gravidez, mas o que acontecem são ações isoladas dentro de uma ou outra disciplina. Além disso, pode-se perceber que quando as jovens deixam de frequentar a escola, esta tenta, de várias formas, trazê-las novamente para as aulas. Apesar de deixarem de frequentar a escola quando se descobrem grávidas, as jovens alimentam o sonho de, um dia retomar os estudos, para conseguir um bom emprego e poder dar uma vida melhor aos filhos, como elas mesmas afirmam. |
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Falar da gravidez na adolescência implica olhar este acontecimento de um modo particular: talvez não se trate nem de subversão nem de desejo. Talvez se possa pensar como um pedido de socorro e/ou amparo ao parceiro, idealização de um futuro melhor por meio do filho. Esta Dissertação discute a gravidez na juventude a partir das experiências escolares de jovens-mães da periferia, ancorada na seguinte pergunta: Essas jovens-mães abandonam a escola ou a escola as abandona? A investigação delineou-se a partir do estudo de campo com inspiração etnográfica e composição narrativa de histórias de vida. A pesquisa foi desenvolvida em duas escolas públicas da periferia de Ijuí-RS. Nas escolas localizei três jovens-mães ou ainda gestantes, que protagonizam as histórias que aqui serão apresentadas. Elas são jovens da periferia, mães do seu primeiro filho, moram atualmente com seus companheiros, geralmente alocadas à casa dos pais ou da sogra, e têm idades entre 15 e 17 anos. Nenhuma delas tem renda ou trabalha fora, e dependem da renda do companheiro para sobreviver. Para melhor compreender e analisar as trajetórias escolares das jovens-mães, problematizo acerca da escolarização no Brasil e do seu caráter público, estabelecendo reflexões sobre algumas políticas públicas de educação brasileiras, uma vez que o eixo escolarização é centralidade nesta Dissertação. Do movimento de análise visualiza-se que as histórias familiares das jovens refletem processos de escolarização precários, cheios de dificuldades. Se levar em conta a escolaridade das avós, mães e pais das jovens, percebe-se que nenhum deles completou o Ensino Fundamental, sendo a 6a. série o maior grau de escolaridade das mães e pais e, das avós, a 2a série do Ensino Fundamental. Então, nota-se que as jovens tiveram acesso a um grau maior de escolarização quando comparadas com seus familiares. As narrativas das jovens revelam que as três, em algum momento da gestação, deixaram de frequentar a escola em função da gravidez, e uma delas não retornou após o nascimento do filho; uma concluiu o Ensino Fundamental e a terceira voltou para a escola e frequenta cursos profissionalizantes. É possível visualizar-se, também, as novas reconfigurações familiares estabelecidas pelas jovens quando do acontecimento da gravidez, uma vez que passam a morar com o companheiro, assumindo um papel social de mulher e mãe –, conferido pela gravidez -, dentro desse novo núcleo familiar. Com isso, parece que as jovens dão continuidade à reprodução da pobreza econômica e social em que suas famílias já estavam inseridas. Destaca-se, ainda, que as jovens fazem o uso dos seus corpos como se estes fossem seu capital, ou seja, a capacidade de seduzir, gestar e parir, é uma forma de ganharem visibilidade na família e no seu grupo social. Esta visibilidade social de ser mãe colabora para a inscrição das identidades biológica colada à identidade materna. Quanto à escola, parece que ela é vista como um “não lugar” de barrigas, pois a gravidez de uma jovem aluna aponta para certo estranhamento, mesmo que in-visível, entre a gestante e a escola. A pesquisa evidenciou que nenhuma das escolas possui um projeto para o ano letivo que trabalhe com as questões da sexualidade, da gravidez, mas o que acontecem são ações isoladas dentro de uma ou outra disciplina. Além disso, pode-se perceber que quando as jovens deixam de frequentar a escola, esta tenta, de várias formas, trazê-las novamente para as aulas. Apesar de deixarem de frequentar a escola quando se descobrem grávidas, as jovens alimentam o sonho de, um dia retomar os estudos, para conseguir um bom emprego e poder dar uma vida melhor aos filhos, como elas mesmas afirmam. |
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