Colonialidade, desenvolvimento e resistência subalterna : a instalação de projetos de infraestrutura de grande escala em São José do Norte

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Freitas, Gabriella Rocha de
Orientador(a): Radomsky, Guilherme Francisco Waterloo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/197049
Resumo: O presente trabalho insere-se no debate crítico sobre o desenvolvimento, tomando-se como referência as contribuições do Grupo Modernidade/Colonialidade e do pós-desenvolvimento. Busca-se compreender de que forma o discurso da modernidade/colonialidade influencia as concepções de desenvolvimento de agricultores familiares e pescadores artesanais de São José do Norte. Foram realizadas 43 entrevistas semiestruturadas com mediadores sociais, juntamente com observação participante e pesquisa secundária. Pertencente à Metade Sul do Rio Grande do Sul, região historicamente conhecida como a parte atrasada e subdesenvolvida do estado, a economia nortense baseia-se na pesca artesanal, na agricultura familiar e, mais recentemente, no reflorestamento de pinus. A existência de carências nas áreas de educação, saúde e saneamento básico favorece o discurso de que o município é atrasado e carente de um desenvolvimento baseado nas noções de progresso e crescimento econômico. Isso fez com que os moradores se tornassem receptivos à instalação de projetos de infraestrutura de grande escala. Inserido no contexto de expansão do Polo Naval do Rio Grande, São José do Norte recebeu a instalação do Estaleiro do Brasil (EBR). Se, num primeiro momento, a vinda do estaleiro foi acompanhada de um grande entusiasmo, logo após o início do funcionamento do empreendimento esse entusiasmo cedeu lugar à frustração, uma vez que as promessas de desenvolvimento não se concretizaram. Apesar do conhecimento dos impactos negativos causados por grandes empreendimentos, o desejo pelo desenvolvimento manteve-se existente. Atualmente, encontra-se em licenciamento ambiental o Projeto Retiro, da Rio Grande Mineração e o Complexo Eólico Ventos do Atlântico – empreendimento que apresenta um conflito locacional com a mineração. Apesar do forte desejo pelo desenvolvimento e pela vinda de empreendimentos externos que possam fomentá-lo, os atores do meio rural têm se mobilizado contrariamente ao projeto minerário. A possibilidade de instalação de um empreendimento de mineração demonstra que não estão dispostos a tudo em nome do desenvolvimento. Na rejeição ao Projeto Retiro ocorre o tensionamento com pressupostos da modernidade, tais como a busca incessante pelo crescimento econômico e a exploração de recursos naturais finitos. Dessa forma, trazemos à tona experiências outras que são invisibilizadas pela modernidade.
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A existência de carências nas áreas de educação, saúde e saneamento básico favorece o discurso de que o município é atrasado e carente de um desenvolvimento baseado nas noções de progresso e crescimento econômico. Isso fez com que os moradores se tornassem receptivos à instalação de projetos de infraestrutura de grande escala. Inserido no contexto de expansão do Polo Naval do Rio Grande, São José do Norte recebeu a instalação do Estaleiro do Brasil (EBR). Se, num primeiro momento, a vinda do estaleiro foi acompanhada de um grande entusiasmo, logo após o início do funcionamento do empreendimento esse entusiasmo cedeu lugar à frustração, uma vez que as promessas de desenvolvimento não se concretizaram. Apesar do conhecimento dos impactos negativos causados por grandes empreendimentos, o desejo pelo desenvolvimento manteve-se existente. Atualmente, encontra-se em licenciamento ambiental o Projeto Retiro, da Rio Grande Mineração e o Complexo Eólico Ventos do Atlântico – empreendimento que apresenta um conflito locacional com a mineração. Apesar do forte desejo pelo desenvolvimento e pela vinda de empreendimentos externos que possam fomentá-lo, os atores do meio rural têm se mobilizado contrariamente ao projeto minerário. A possibilidade de instalação de um empreendimento de mineração demonstra que não estão dispostos a tudo em nome do desenvolvimento. Na rejeição ao Projeto Retiro ocorre o tensionamento com pressupostos da modernidade, tais como a busca incessante pelo crescimento econômico e a exploração de recursos naturais finitos. Dessa forma, trazemos à tona experiências outras que são invisibilizadas pela modernidade.El presente trabajo se enmarca en el debate crítico sobre el desarrollo, tomando como referencia las contribuciones del Grupo Modernidad/Colonialidad y del posdesarrollo. Se busca comprender de qué forma el discurso de la modernidad/colonialidad influye en los conceptos de desarrollo de agricultores familiares y pescadores artesanales de São José do Norte. Fueron realizados 43 entrevistas semiestructuradas con mediadores sociales, junto a la observación participante e investigación secundaria. Perteneciente a la Mitad Sur de Rio Grande do Sul, región históricamente conocida como la parte atrasada y subdesarrollada del estado, la economía nortense se basa en la pesca artesanal, en la agricultura familiar y, más recientemente, en la reforestación de pinos. La existencia de carencias en las áreas de educación, salud y saneamiento básico favorece el discurso de que el municipio es atrasado y carente de un desarrollo basado en las nociones del progreso y crecimiento económico. Eso hizo que los habitantes se volviesen receptivos a las instalaciones de proyectos de infraestructura a gran escala. Ubicado en el contexto de expansión del Polo Naval del Rio Grande, São José do Norte recibió la instalación del Astillero de Brasil (EBR por las siglas en portugués). Si, en un primer momento, la llegada del astillero fue acompañada de un gran entusiasmo, después del inicio del funcionamiento del emprendimiento, ese entusiasmo cedió lugar a la frustración, una vez que las promesas de desarrollo no se concretizaron. A pesar del conocimiento de los impactos negativos causados por grandes emprendimientos, el deseo por el desarrollo se mantuvo existente. Actualmente, se encuentra en licenciamiento ambiental el Proyecto Retiro, de la Rio Grande Mineração, y el Complejo Eólico Vientos del Atlántico – emprendimiento que presenta un conflicto locacional con la minería. A pesar del fuerte deseo por el desarrollo y por la llega de emprendimientos externos que puedan fomentarlo, los actores del medio rural se han movilizado contrariamente al proyecto minero. La posibilidad de instalación de un emprendimiento de minería demuestra que no están dispuestos a todo en nombre del desarrollo. En el rechazo al Proyeto Retiro ocurre el tensionamiento con presupuestos de la modernidad, tales como la búsqueda incesante por el crecimiento económico y la exploración de recursos naturales finitos. De esta forma, traemos a tono, otras experiencias que son invisibilizadas por la modernidad.application/pdfporColonialidadeDesenvolvimentoInfraestruturaAgricultura familiarPescaResistência socialSociologiaSão José do Norte (RS)ColonialidadModernidadDesarrolloInfraestructuraResistencia SubalternaColonialidade, desenvolvimento e resistência subalterna : a instalação de projetos de infraestrutura de grande escala em São José do Norteinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em SociologiaPorto Alegre, BR-RS2019doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001095700.pdf.txt001095700.pdf.txtExtracted Texttext/plain577142http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/197049/2/001095700.pdf.txt839fea542d40bcfe4c097746d439a736MD52ORIGINAL001095700.pdfTexto completoapplication/pdf8415287http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/197049/1/001095700.pdf81eebf38a7b85850e3ef0fbe4616df3eMD5110183/1970492019-07-25 02:31:34.457563oai:www.lume.ufrgs.br:10183/197049Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-07-25T05:31:34Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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